Por: Alexandre Giesbrecht

Nesta última segunda-feira Dwayne Roloson alcançou uma marca no mínimo curiosa, ao parar 58 chutes durante a vitória de seus Islanders por 4-3 sobre os Maple Leafs, incluindo doze só de Phil Kessel. Já rodado aos 40 anos, ele não deixou transparecer qualquer surpresa pelo feito. "Para mim, é só mais uma noite, mais um jogo", disse ele à agência de notícias Associated Press. "Não importa para mim se foi um chute ou se foram cem chutes, eu tenho de fazer as mesmas coisas, tentar dar ao meu time a chance de vencer."

Kessel, que só não ficou mais frustrado porque depositou um disco atrás de Roloson e deu início à reação que garantiria ao menos um pontinho ao Toronto, não conseguia nem descrever o que pensava do jogo — não que se ele conseguisse fosse algo que poderíamos publicar em uma revista familiar. "Eu sequer me lembro de um jogo como este", afirmou. "Eu não sei nem o que dizer depois de algo assim."

A quantidade de borracha que Roloson viu pela frente na segunda-feira fez muitos lembrar-se de uma atuação ainda mais impressionante de dezoito anos atrás, quando Ron Tugnutt, então defendendo o Quebec Nordiques foi o principal responsável pelo empate — lembra-se do que é um empate? — que os canadenses arrancaram em Boston, diante dos Bruins, por 3-3 em 23 de março de 1991, quando parou setenta chutes. Esse total foi o segundo maior da história em um jogo de temporada regular, superado apenas pelo bombardeio que os mesmos Bruins impuseram a Sam LoPresti, dos então Black Hawks, em 4 de março de 1941: 80 chutes (outros três passaram por ele). Dois anos depois desse jogo LoPresti, que era americano, raridade na NHL daquela época, serviria em um navio mercante na Segunda Guerra Mundial. Esse navio foi torpedeado, e LoPresti passou 42 dias em um barco salva-vidas até ser resgatado.

Assim como Roloson, Tugnutt tentou dar de ombros. "Foi só uma daquelas noites em que eu estava vendo bem o disco", avaliou o goleiro, que enfrentou 44 chutes a mais que Reggie Lemelin, o goleiro dos Bruins naquela noite, ainda na efêmera época em que o grunge era o principal gênero musical da face da terra. "E, quando eu não o vi, eu antevi bem os chutes." Naquela noite só Ray Bourque, o grande ícone recente da história dos Bruins, chutou dezenove vezes a gol. "Eu não conseguia acreditar", lamentou. "No último, eu vi o gol todo, nada além da rede, e pensei: 'De jeito nenhum ele vai pegar este.' Chutei o mais forte que pude, com um cara na frente dele, e ele ainda assim pegou."

Curiosamente, ainda que o total de defesas de Tugnutt em 1991 tivesse sido bem menor, as 58 defesas de Roloson não seriam inéditas por uma margem maior de tempo, pois, menos de um mês antes da atuação do então goleiro dos Nordiques, Mike Richter, dos Rangers, parou 59 em um jogo contra os Canucks em Vancouver. Mas, como tanto Richter como Tugnutt tiveram seus totais em empates, as 58 defesas de Roloson são o maior total para um goleiro vitorioso desde que Mario Lessard parou 65 chutes contra os Kings em 24 de março de 1981.

Ao contrário da totalidade dos outros goleiros, Tugnutt ainda viria a parar exatos setenta chutes outra vez em sua carreira, no dia 4 de maio de 2000, mas naquela oportunidade foi necessário tempo equivalente ao de dois jogos e meio para ele atingir a marca. Foi no histórico jogo das cinco prorrogações entre Penguins, seu time na época, e Flyers, na Mellon Arena, vencido pelo time da Filadélfia por 2-1.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, não recomenda a passagem subterrânea por baixo de uma das duas estações Lapa da CPTM.
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Página publicada em 28 de novembro de 2009.