Por: Humberto Fernandes

Pense na satisfação da gerência do Chicago Blackhawks e na empolgação de seu torcedor ao assistir à vitória da equipe contra o San Jose Sharks na quarta-feira, sobretudo pela atuação espetacular de Marian Hossa.

Era o confronto entre o líder da Divisão Central contra o líder da Divisão do Pacífico e estava em jogo a liderança da Conferência Oeste (se não nos pontos, em que os Sharks tinham uma vantagem maior, no aproveitamento, porque os Blackhawks têm jogos a menos).

E, por que não, uma final (muito) antecipada. Em maio, essas duas equipes podem e devem disputar a série de sete jogos que vai levar uma delas à final da Copa Stanley.

Estavam, de um lado, as sete vitórias consecutivas do Chicago e, do outro, a invencibilidade do San Jose em seu território, o HP Pavillion. Algum "mini-tabu" (minitabu? minittabu?) seria quebrado.

Na estreia de Hossa, apenas no 23.º jogo da temporada, os Blackhawks aplicaram uma goleada por 7-2 que potencializa os seus sonhos e põe em dúvida a força do seu maior adversário.

Ao abrir o relatório dos gols da partida, você pode achar que os dados estão incorretos.

1.º período
Chicago 17:45, Troy Brouwer 7 (shorthanded) (Duncan Keith)

2.º período
Chicago 4:57, Marian Hossa 1 (shorthanded) (Jonathan Toews)
Chicago 5:25, Patrick Sharp 7 (shorthanded) (Niklas Hjalmarsson)

Três gols em desvantagem numérica? Nem no videogame.

Mas aconteceu de verdade, numa noite terrível para a defesa dos Sharks e problemática para o goleiro Evgeni Nabokov.

O primeiro gol de Hossa foi seu cartão de visitas, um resumo de tudo que ele é capaz.

O eslovaco recebeu o disco no centro do gelo. Não foi um passe no "pé", ele teve que se virar. Estava um corpo inteiro à frente do precioso e, segurando o taco apenas com um mão, deu um toque que posicionou a borracha no jeito para prosseguir em sua investida ofensiva solitária. Pode parecer simples, mas eu consigo imaginar dezenas de jogadores que tropeçariam no próprio taco e cairiam de boca no gelo tentando fazer o que ele fez. Diante do gol, Hossa colocou um chute perfeito, inalcançável, que fez Nabokov apenas olhar.

Bem-vindo a Chicago.

O mais bem pago jogador da história dos Blackhawks (US$ 62,8 milhões por 12 anos) é aquele em quem estão depositadas as maiores esperanças de, enfim, vencer a Copa Stanley. E a recíproca é verdadeira, porque Hossa imagina que a equipe competirá pela Copa por um bom tempo, com seu núcleo formidável de jovens jogadores.

O eslovaco foi escalado, a priori, ao lado de Patrick Kane e Jonathan Toews, os dois maiores expoentes ofensivos da equipe. Desnecessário dizer que essa linha é uma arma de destruição em massa.

Hossa é um atacante completo. Não há atributo ou característica deficiente em seu jogo. Até como companheiro de equipe ele é fora de série.

Não há outro jogador na liga que queira tanto a vitória quanto ele, vice-campeão nas duas últimas temporadas, inclusive tendo trocado o Pittsburgh Penguins, onde atuou em 2007-08, pelo Detroit Red Wings, que na temporada seguinte perdeu a Copa para o próprio Pittsburgh. Essa é uma das dez melhores histórias da década.

Sem Hossa, que se recuperava de uma cirurgia no ombro direito, os Hawks venceram 15 de 22 jogos. Com ele, não vão vencer os 60 jogos restantes, mas ganharão o suficiente para cravar o nome do time no Troféu dos Presidentes.

Em algum momento, Hossa retornará a Detroit, desta vez para jogar contra os Red Wings. Ele será vaiado pela torcida, a mesma que foi capaz de vaiar Sergei Fedorov, jogador fundamental na conquista de três Copas Stanley. O torcedor dos Wings precisa se lembrar que Hossa escolheu jogar na equipe, mas não escolheu sair. A gerência priorizou outros jogadores (Johan Franzen, por exemplo) e no final não havia espaço pra ele.

Mas isso é passado, a camisa do Chicago combinou muito bem com Hossa e agora ele vai lutar pela primeira Copa Stanley de sua carreira. Ou pelo terceiro vice-campeonato consecutivo.

Quanto ao San Jose, que nunca havia sofrido três gols em desvantagem numérica em um único jogo, resta esquecer aquela noite e continuar atropelando os adversários com seu ataque fulminante.

Não fosse a total desatenção defensiva, o jogo teria sido mais equilibrado. E ninguém espera que três gols SH e saldo de -4 para Joe Thornton e Dany Heatley caiam duas vezes no mesmo lugar.

Humberto Fernandes comprou "Nunca antes na história deste país", de Marcelo Tas, "O símbolo perdido", de Dan Brown, e "50 maratonas em 50 dias", de Dean Karnazes.

Ezra Shaw/Getty Images
Com Pittsburgh Penguins e Detroit Red Wings não deu. A última chance de Marian Hossa é o Chicago Blackhawks.
(25/11/2009)

Ezra Shaw/Getty Images
Sim, você já viu esta foto. Está na capa da edição. Marián Hossa é a "melhor compra" do ano.
(25/11/2009)

Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-09 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 25 de novembro de 2009.