Por: Marcelo Constantino

O Phoenix Coyotes é a maior surpresa positiva desta temporada. Nós já cantamos essa bola aqui, lá no começo da temporada, mas sob um enfoque diferente. Na época, começo de novembo, parecia tratar-se de um bom momento do time, ainda havia toda uma temporada pela frente. E aqui estamos, já tendo percorrido quase toda a temporada. E onde estão os Coyotes?

No dia em que esta matéria está sendo escrita, na segunda-feira dia 22, os Coytoes lideram a Divisão do Pacífico, com um ponto à frente do badalado San Jose Sharks. São o segundo colocado da Conferência Oeste, mas com a mesma pontuação do líder, o Chicago Blackhawks. Não perdem há nove jogos. É um dos times que menos sofreram gols na temporada. Somente o Washington Capitals, provável vencedor do Troféu dos Presidentes, tem mais vitórias e pontos que eles. Ou seja, o time demoliu toda aquela expectativa de que o bom começo era mero fogo de palha.

Então aquele time que aparecia nas manchetes em função de problemas gerenciais, falência, eventual troca de cidade e saída de Wayne Gretzky do comando técnico, aquele time que ninguém dava nada no começo da temporada, aquele time que era dado como candidato à escolha número 1 do próximo recrutamento, enfim, aquele time está agora brigando pela liderança da Conferência Oeste no fim da temporada?

Exatamente. Trata-se de uma das maiores surpresas positivas que eu já vi numa temporada da NHL.

Eis um time cujo grande destaque é a força do conjunto, não há exatamente um jogador ou uma linha que o carregue. A referência do time e líder em pontos é o capitão Shane Doan, mas tente buscá-lo na tabela de líderes em pontos da NHL na temporada. Vai ter de virar a página.

Por outro lado, embora não tenha estrelas nas linhas, o goleiro Ilya Bryzgalov é seguramente o MVP do time na temporada. Bryzgalov já tem seu nome na história da franquia, sendo o goleiro com mais vitórias e mais shutouts numa temporada — ele lidera toda a NHL em shutouts nesta temporada. Ambos os recordes são desta temporada.

Aliás, falando em recordes na história da franquia, seguem outros dois interessantes: maior número de vitórias numa temporada (43) e mais longa sequencia vitoriosa em casa (10 jogos). Os Coyotes lideram a NHL em gols marcados por defensores (38). O jovem Keith Yandle, por exemplo, é o oitavo maior goleador da temporada entre defensores. Meteu mais gols que pesos pesados como Chris Pronger, Nicklas Lidstrom e Sergei Gonchar.

A razão de todo esse sucesso? O gerente Don Maloney e o técnico Dave Tippett – e somente um absurdo estratosférico retira deste o Troféu Jack Adams da temporada. Aplausos de pé para ambos. Para Tippett é desnecessário explicar, mas Maloney tem sua parcela de responsabilidade, ao trazer Adrian Aucoin para esta temporada (com ele os Coyotes tornaram-se um dos times mais difíceis da liga de se fazer gols) e acertar nas trocas recentemente realizadas no dia-limite.

Lembre-se de que o Phoenix foi apontado, aqui e em diversos outros lugares, como um dos grandes vencedores do dia-limite de trocas. Wojtek Wolski foi uma daquelas aquisições que ninguém esperava, e vem correspondendo muito bem às expectativas. Mas repare em Lee Stempniak, que era muito pouco badalado até então. Nos nove jogos em que vestiu a camisa dos Coyotes ele marcou nada menos que nove gols e onze pontos. Mathieu Schneider era (talvez ainda seja) um clássico jogador aposentado que ainda insiste em jogar. Estava largado em Vancouver, mas sua chegada aos Coytoes já provocou algum impacto: 3 assistências em 4 jogos.

Um dos fatores mais temíveis dos Coyotes é que eles geralmente vencem jogos apertados, daqueles com diferença de um gol. Placares apertados são característicos de playoffs. Veja que o time não marca tantos gols assim — mas é um dos que menos sofre. Ou seja, é chato jogar contra os Coyotes.

Fiz um rápido apanhado dos jogos com diferença de um gol do Phoenix até a segunda-feira. Eis os resultados (peço desculpas antecipadas por qualquer erro):
Tempo normal: 10-5
OT: 4-2
SO: 12-5

Vencer em disputa de pênaltis é fator irrelevante quando se trata de playoffs, então pouco importa o ótimo aproveitamento do time (70%) nesse ponto — ainda que lhe seja útil para a colocação final na temporada. Ainda assim, o Phoenix venceu 2/3 dos jogos com diferença de um gol, seja no tempo normal, seja na prorrogação. Belo histórico para quem quer ir longe nos playoffs.

Sim, ir longe nos playoffs. De nada adiantará essa espetacular temporada se o time for bruscamente eliminado na fase inicial. E time que briga pela liderança de uma Conferência na temporada necessariamente é time candidato à Copa Stanley, por mais estranho que isso possa parecer em se tratando desta temporada (em que os cotados geralmente se resumem a Caps, Hawks, Sharks e Pens).

Eu realmente não sei se eles têm cacife para disputar a Copa Stanley. Na verdade, eu diria que não acredito nisso. Por outro lado, quem acreditava vê-los nos playoffs — e mais que isso, entre os líderes da Conferência Oeste — desta temporada?

Eu não duvido mais dos Coyotes.

Marcelo Constantino adora o Aterro do Flamengo, sobretudo aos domingos.

Christian Petersen/Getty Images
Adrian Aucoin comemora o gol de empate contra o Chicago Blackhawks, na semana passada. O Phoenix Coyotes venceu o jogo por 5-4 na disputa de pênaltis.
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Página publicada em 24 de março de 2010.