Por: Alexandre Giesbrecht

Os Flames já brigaram pelo topo de sua divisão nesta temporada. Parece uma época tão distante quanto a última temporada, quando uma queda violenta fez o time despencar da terceira para a quinta posição, o que não seria nenhum desastre se não significasse trocar um confronto com os Blues, onde a vitória era mais provável, por um contra os Blackhawks, que encerrou precocemente a pós-temporada dos calgarianos. O topo foi-se, o time está na terceira posição da divisão e, pior, na nona colocação no Oeste.

Os quatro pontos atrás dos Red Wings tornaram-se uma distância quase intransponível, ainda mais porque o Detroit, livre da plétora de contusões que o assolou durante boa parte da temporada, está em excelente fase. Outra opção seria passar o Avalanche ou os Predators (algo que parece ser questão de tempo para os Wings), que hoje estão seis pontos à frente, mas, faltando apenas nove jogos, mesmo sem ter ninguém ameaçando atrás a tarefa parece hercúlea demais para os Flames. Ironicamente, metade dos times do Leste que hoje estariam classificados têm menos pontos que o time com um dos uniformes mais bacanas desta temporada.

As trocas que o time fez no meio da temporada, quando mandou o improdutivo Olli Jokinen para Nova York e o descontente Dion Phaneuf para Toronto e trouxe o goleiro reserva Vesa Toskala, o defensor acima-da-média Ian White e outros figurantes, no fim das contas não fizeram o time melhorar nem piorar, tanto no gelo como na tabela de classificação. Da mesma maneira, as ausências por contusão de Daymond Langkow — atingido por um disco na nuca enquanto caía de frente, uma das contusões mais bizarras que já vi —, Curtis Glencross e Christopher Higgins podem ser interpretadas ou como não tendo afetado o time ou como tendo-lhe custado alguns preciosos pontos.

A última semana trouxe jogos com emoções similares às de uma montanha russa, desde a partida contra os Wings, um confronto direto que poderia ajudar os Flames a subir, mas acabou deixando-os mais distantes dos playoffs. Em seguida, duas vitórias difíceis sobre Avs e Sharks, com vantagens de três gols de diferença quase desaparecendo em ambos os jogos. Essa adrenalina toda não serviu como lição no domingo, quando o Wild fez prevalecer o mando de gelo e ganhou por 4-3, mas ao menos na última terça-feira os Flames venceram os Ducks por 3-1. Como o Avalanche ganhou dois jogos e os Predators venceram quatro no mesmo período, a situação do Calgary não melhorou muito.

O único confronto direto que resta é entre Flames e Avs, já em abril. A população da metade sul da província de Alberta está com a calculadora em uma mão e o secador na outra. As chances de classificação estão em 15,1%. Para efeito de comparação, os Wings têm 91,8%, os Predators, 95,3%, e os Avs, 97,5%. Não é muito favorável, e deve doer mais se lembrarmos que uma série de nove derrotas seguidas em janeiro — incluindo uma chacoalhada por 9-1 nas mãos dos Sharks — foi decisiva na construção desse cenário. Estamos num ponto em que mesmo uma série de vitórias pode não significar nada se não for longa o bastante. Aliás, mesmo se for longa o bastante pode não significar nada se os times à frente ganharem num ritmo um pouco mais modesto.

Como se ficar fora dos playoffs não bastasse: tudo indica que, se os Flames realmente não se classificarem, serão o pior time fora da pós-temporada, isso sem falar que muito provavelmente terão melhor campanha que metade dos times do Leste que ainda estarão jogando em meados de abril. Isso significa uma posição razoável no recrutamento, especialmente se uma improvável vitória na loteria o faça subir quatro posições. Mas essa escolha hoje pertence aos Coyotes, que a receberam na troca que mando Jokinen para Calgary — os Flames poderiam ter mandado a primeira escolha de 2009, mas optaram por mandar a de 2010, que no fim das contas será mais interessante para os Yotes. Time que, aliás, estará presente na pós-temporada depois de uma longa ausência. E que um dia foram o Winnipeg Jets, um dos maiores rivais dos Flames.

O destino pode mesmo ser cruel..

Alexandre Giesbrecht, publicitário, sentiu-se na redação da Placar dos anos 1980 nesta semana.
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Página publicada em 26 de março de 2010.