Às
vésperas de completar 44 anos de idade, Chris Chelios tornou-se
o jogador mais velho em atividade na NHL desde Gordie Howe, que
chegou aos 52 ao fim da temporada de 1979-80.
De um jogador dessa idade espera-se um papel limitado no elenco,
devido às restrições físicas que a idade naturalmente traz. A
própria gerência do Detroit Red Wings esperava isso ao assinar
com Chelios para esta temporada por um valor bem abaixo dos últimos
contratos dele.
Mas o que se vê atualmente é bem diferente. Chelios tem jogado
regu-larmente na segunda linha defensiva do time, geralmente atuando
por mais de 20 minutos todas as noites. Em vez de ter seu tempo de
jogo cadenciado ou diminuído ao longo da temporada, ele vem jogando
cada vez mais. Depois da crise de Jiri Fisher e seu conseqüente
afastamento do hóquei (por enquanto ainda temporário), Chelios
vem jogando cada vez mais.
A qualidade é a mesma. Tanto que foi convocado mais uma vez para
defender a seleção norte-americana de hóquei nas Olimpíadas deste
ano. Não apenas convocado: ele foi novamente escolhido para ser
o capitão da seleção, pela terceira vez consecutiva em Olimpíadas.
Ao longo de sua carreira atuou em apenas três times na NHL. Foram
seis temporadas completas em Montreal e outras oito em Chicago.
Na nona, em 1999, foi negociado para o Detroit, onde joga até
hoje. Foi uma troca que surpreendeu toda a NHL naquela época,
afinal Detroit e Chicago eram rivais (ainda são, mas o Chicago
só faz cócegas atualmente) ferrenhos, e Chelios era o homem de
frente dos Blackhawks nos freqüentes entreveros com jogadores
dos Red Wings.
Imaginem a surpresa — em Detroit, em Chicado e em toda a
NHL — quando se soube que a gerência dos Hawks ligara para
a dos Wings dizendo: "Chelios está disponível. Ele aceitou desistir
da cláusula que impede sua troca e disse que os Wings são um dos
times em que aceitaria jogar." O gerente dos Wings agiu rápido
e apertou o gatilho. Chelios em Detroit. Era algo como ter um
ícone do Avalanche jogando no Detroit.
Não adiantou muito naquele ano, mas o defensor ainda conquistaria
uma Copa Stanley pelos Wings em 2002. Foi a segunda de sua carreira.
A outra foi conquistada em 1986, pelos Canadiens.
Ele venceu ainda o Troféu Norris como melhor defensor nos anos
de 1989, 1993 e 1996. Foi, aliás, o primeiro defensor norte-americano
a ganhar o prêmio. Chegou a ser cotado para o troféu recentemente,
já na casa dos 40, mas não levou.
Chelios é conhecido por ser um jogador que vai fazer de tudo para
vencer, daqueles que todo atacante odeia ter de jogar contra.
O em-presário dele avisa que é o tipo de jogador que você vai ter
que retirar do hóquei, porque ele não vai sair por conta própria.
É fácil dizer que dificilmente esta não será a última temporada
dele na NHL. Mas isso foi dito em 2003. Em 2002 também. Aliás,
poucos acreditavam que ele estaria nesta, depois de um ano sem
NHL e na casa dos 40. Mas eis que Chelios voltou, e voltou bem.
Ele sequer ficou parado durante o locaute: foi atuar numa tal
United Hockey League para manter a forma. Um leão!
Portanto, não se surpreenda se você assistir ao camisa 24 dos
Red Wings completando 45 anos de idade em 2007 ainda atuando na
NHL.
Marcelo Constantino está em viagem e deixou pronta
esta matéria na semana passada.
44 ANOS DE
UM LEÃO NO GELO Chris Chelios é o jogador
mais velho em atividade e nem por isso tem seu tempo de jogo
minimizado (Greg Fiume/NewSport/Corbis - 02/02/2003)