De um modo geral havia a expectativa dessas semifinais serem mais disputadas do que foram. Tivemos uma varrida, duas séries fechadas em cinco jogos e outra que foi uma virada perfeita em seis.

Ottawa x Buffalo

A série teve dois nomes: o crucificado Ray Emery e o sensacional Jason Pominville. Emery acabou por carregar (injustamente) nas costas todo o peso de mais uma eliminação dos Senators. Se a atuação dele não foi estelar, tampouco se pode dizer que ele foi a causa definitiva da derrota. Não foi. Os Sens têm um dos mais potentes ataques da NHL, que acabou barrado pelos Sabres ao longo da série. Quando esse ataque conseguiu marcar um bando de gols, lá foram os Sabres e marcaram o mesmo bando mais um, no jogo 1. Os Sens não perderam por causa de Emery, perderam porque os Sabres foram melhores em todos os aspectos — inclusive no gol.

Já o novato Pominville parece viver uma temporada de sonhos. Ele realmente joga pouco, mas já meteu hat-trick nesta temporada e nos playoffs. E ainda fechou a série com um gol em desvantagem numérica na prorrogação do jogo 5. Imagine o que é isso. Fazer um gol numa prorrogação já é uma glória. Sendo esse o gol que fecha uma série, é glória extra. Em desvantagem numérica? É sonho. Realizado.

Foi a vitória do conjunto, com tudo funcionando como deveria, sobre mais um ano de decepção em Ottawa. E pensar que, lá no começo da temporada, os Senators pareciam predestinados ao título. Ainda no começo desses playoffs, e até mesmo antes da série, eles seguiam como um dos maiores favoritos. Mesmo sem Dominik Hasek no gol. Encontraram uma barreira pela frente, o goleiro começou a vazar mais do que se esperava, o ataque não conseguia superar o goleiro adversário e assim temos a fórmula da eliminação.

Carolina x New Jersey

Quando todos nós apostávamos em uma grande série, equilibrada, lá foi o Carolina demolir com Martin Brodeur & cia. e fechar a série em cinco jogos. Bruno Bernardo cravou na mosca, e apenas ele: Hurricanes em cinco jogos, algo que poucos imaginariam.

Não teve Brodeur, não teve Patrick Elias e nem Scott Gomez que fosse suficiente, os Hurricanes dominaram. O breve lapso que o time teve — que compreendeu todo o jogo 4 e o primeiro período do jogo 5 — também não foi suficiente para o New Jersey tomar as rédeas da série: um gol em vantagem numérica de Cory Stillman reconduziu o Carolina à liderança.

Rod Brind'Amour segue como grande líder do time, mas Erik Staal foi o grande jogador da série contra os Devils. Com sete pontos e três gols, ele liderou o time em quase todas as estatísticas ofensivas da série.

Mas não deixa de ser interessante notar como Doug Weight vem tendo um papel reduzido no time. O tempo de jogo não é alto, ele tem sete pontos, mas apenas um gol em onze jogos, tem o pior +/- da equipe (-4) e não mata penalidades. Para a série contra os Sabres os Hurricanes devem precisar de algo mais.

Anaheim x Colorado

Quem imaginaria uma varrida dessas? Depois dos Avs mostrarem a todos que ainda eram o velho e temido Colorado Avalanche na fase inicial, contra o favorito Dallas Stars, eis que chegam os patos com mais um goleiro relativamente desconhecido roubando a cena. A cena e a série.

Além do óbvio Ilya Bryzgalov e do líder Teemu Selanne, tivemos Joffrey Lupul como um dos grandes destaques da série, ao marcar nada menos que quatro gols no jogo 3, decidido na prorrogação exatamente pelo quarto gol dele. Não foi somente algo como Lupul 4-3 Avs, foi a primeira vez na história da NHL que um jogador marcou quatro gols, incluindo o da vitória na prorrogação, num jogo de playoffs.

Outro que se destacou, inclusive com três assistências no mesmo jogo 3, foi o novato Dustin Penner, que, pasmem, foi chamado apenas pelo seu porte físico. Não era para ele jogar tanto hóquei assim.

Destaque também para Patrice Brisebois, defensor dos Avs que fazia a torcida dos Habs sofrer em seus tempos de Montreal. Agora ele fez a torcida de Denver sofrer também, com erros sucessivos que resultaram em gols decisivos dos Mighty Ducks. No fim das contas as estrelas de Joe Sakic e Rob Blake, que tanto brilharam na série contra o Dallas, apagaram-se frente ao Anaheim.

San Jose x Edmonton

Quando tudo indicava que os Sharks seguiriam a onda dos demais times — que estavam abrindo 3-0 em suas séries — eis que os Oilers conseguem uma vitória heróica na terceira prorrogação do jogo 3 e diminuem a vantagem. Dali em diante só deu Edmonton.

Duas vitórias absolutas por 6-3 e o fecho da série num shutout de 2-0 demonstraram principalmente duas coisas: que os Oilers estão jogando um hóquei legítimo de playoffs de Copa Stanley e que o gás dos Sharks acabou.

De alguma forma acabou o encanto da dupla Thornton-Cheechoo, assim como do artilheiro Marleau. Porque chances eles tiveram, principalmente no último jogo: foram várias oportunidades de vantagem numérica desperdiçadas, inclusive em 5-contra-3. Contra eles, os Oilers usaram e abusaram de Chris Pronger, ainda o grande nome da equipe nesses playoffs.

E, para superar os Sharks, os Oilers seguiram usando Shawn Horcoff e Ryan Smyth, a real dupla encantada da série, principal responsável pela produção ofensiva da equipe.


Marcelo Constantino recomenda Led Zeppelin, sempre.
ROD BRIND'AMOUR Líder, capitão e principal jogador da equipe do Carolina Hurricanes (Grant Halverson/Getty Images - 14/05/2006)
JOFFREY LUPUL Marcou quatro gols no jogo 3 contra o Colorado, sendo que um deles foi o da vitória, na prorrogação. É a primeira vez na história dos playoffs da NHL que isso acontece (Jack Dempsey/AP - 09/05/2006)
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Página publicada em 18 de maio de 2006.