Por: Alexandre Giesbrecht

Quando eu escrevi que os Flyers trocariam Peter Forsberg, questionei se o frágil guerreiro desistiria de sua cláusula que impede trocas a fim de ir para uma cidade sem tradição no esporte, como Nashville. Forsberg e Nashville pareciam ser feitos um para o outro, mas eu não tinha certeza se ele toparia.

Na quinta-feira passada, eu tive a minha resposta.

Só que a disposição de Forsberg de se mudar para o Tennessee não tem nada a ver com a hospitalidade local. Tem, isso sim, tudo a ver com a liderança dos Preds no Oeste (até quarta-feira de manhã, pelo menos).

A troca foi significativa para o gerente geral dos Predators, David Poile. Se ele fosse menos experiente, poderia não ter ido atrás de Forsberg. Sempre pode ser perigoso para um GG mandar um pacotão de jovens jogadores e escolhas no recrutamento em troca de um jogador "de aluguel". No começo da semana passada, o GG dos Canucks, Dave Nonis, disse que não estava interessado em mandar bons prospectos e altas escolhas no recrutamento para trazer ninguém alugado.

Mas Poile já está no negócio há algum tempo. Ele já é GG na NHL há 24 temporadas consecutivas. Nesse tempo todo, ele nunca ganhou uma Copa Stanley, apesar de ter montado times bons em Washington. Ele nunca sequer chegou às finais. Deve ter sido até cruel ver os Capitals alcançarem a finalíssima em 1997-98, logo depois de ele ser despedido (os Wings varreram os Caps em quatro jogos).

Essas 24 temporadas provavelmente ensinaram a Poile que o código de defesa do consumidor não vale para "compras" de jogadores de hóquei — ou seja, nada de garantias. Ele sabe que construiu um bom time em Nashville, mas também sabe que não existe time "bom demais".

Depois de tanto tempo, é a chance que Poile vê de vencer. Na temporada passada, o GG dos Hurricanes, Jim Rutherford, outro que está na NHL há anos e anos, agarrou uma chance parecida. Rutherford buscou os veteranos Doug Weight e Mark Recchi, que o ajudaram na conquista da Copa Stanley.

Como Rutherford, Poile não quer deixar a oportunidade passar por entre seus dedos. Então, quando ela apareceu, ele nem piscou. Abriu mão do promissor zagueiro Ryan Parent, escolha de primeira rodada em 2005 e peça-chave do bicampeonato canadense no Mundial de Juniores. Parent é um prospecto interessante, mas, como Poile e sua equipe de olheiros arrumaram vários jovens defensores de talento (Ryan Suter, Shea Weber e Dan Hamhuis), Parent era razoavelmente descartável.

Poile também mandou o ponta Scottie Upshall para a Filadélfia. Sexta escolha no recrutamento de 2002, Upshall, de 23 anos, ainda não achou seu lugar na NHL. Talvez um dia ele demonstre o talento que viram nele cinco anos e meio atrás. Mas talvez não. Ou seja, Upshall era ainda mais descartável.

Os Preds selaram a troca ao mandar também suas escolhas de primeira e terceira rodadas no próximo recrutamento para os Flyers. Essa primeira escolha vai ser no fim da rodada, em um recrutamento que não parece ser tão promissor. Para Poile, essa escolha também é descartável.

É a segunda temporada seguida em que Poile trocou sua escolha de primeira rodada. Em 2005-06, ele trocou a escolha com o Washington pelo durão Brendan Witt. Essa troca não deu certo. Os Preds foram assolados por contusões, incluindo a que encerrou a temporada do goleiro Tomas Vokoun. E o Nashville não só foi eliminado na primeira fase, como Witt deixou o time como agente livre.

O mesmo pode vir a acontecer nesta temporada. O frágil Forsberg pode ser o primeiro a cair. O time pode tropeçar, e o sueco pode anunciar sua aposentadoria. Mas, quando se tem uma chance, há que se aproveitá-la. Poile aprendeu isso ao longo de sua longa carreira. Desta vez, ele não trouxe Witt, trouxe Peter Forsberg, um jogador realmente brilhante quando saudável. Desta vez, por que não pode tudo dar certo?


O que está acontecendo com os Canadiens?

Em dezembro o time de Guy Carbonneau estava muito bem. No dia 21 daquele mês, depois da quinta vitória seguida, os Habs tinham uma impressionante campanha de 21-8-5. Eles estavam perto do topo do Leste e uma vaga nos playoffs parecia ser mais que garantida.

Mas, desde então, o Montreal não tem sido o mesmo time. Em seus últimos 28 jogos, incluindo as vitórias por 3-2 sobre o Columbus no domingo (encerrando uma seqüência de seis derrotas) e por 5-3 sobre os Capitals, os Canadiens têm apenas 10-17-1. O desmoronamento também deixou-os em uma posição precária no Leste. Para se ter uma idéia disso, se tivessem perdido para o time de Washington, eles estariam na décima colocação na conferência. Como ganharam, subiram para o sétimo lugar — mas têm dois jogos e apenas dois pontos a mais que o nono e o décimo colocados.

Essa incômoda situação coloca o GG Bob Gainey em uma situação ainda mais incômoda. Por um lado, o time ainda tem uma boa chance de chegar aos playoffs. Por outro lado, eles têm quatro defensores (Sheldon Souray, Andrei Markov, Craig Rivet e Janne Niinimaa) cujos contratos expiram ao final da temporada.

Então, Gainey tem de decidir: fica parado, tentando se classificar para a pós-temporada e arriscando perder um ou mais desses jogadores sem receber nada em troca daqui a seis meses? Ou troca um ou mais desses jogadores para quem oferecer mais, na esperança de ainda ter gás para se classificar? Não é uma decisão fácil, mas é justamente para tomar esse tipo de decisão que GGs são bem pagos.

Veja a situação de cada um dos defensores citados:

Souray: Nos próximos dias, o nome de Souray vai ganhar destaque na mídia. Com seu forte chute, o jogador de 30 anos lidera o time, com 20 gols e 49 pontos. Ele tem feito estrago especialmente em vantagem numérica — 35 de seus pontos vieram nessa situação. Por outro lado, seus -16 são o segundo pior mais/menos do time. Muitos do que acompanham o noticiário dos Habs acreditam que Souray vai deixar o time como agente livre, talvez escolhendo a Califórnia como destino. Seu salário atual é de US$ 2,432 milhões. Ele vai tentar no mínimo dobrá-lo em seu próximo contrato. E provavelmente vai conseguir.

Markov: O jogador de 29 anos lidera o time com média de 24:01 no gelo por jogo. Ele tem 34 pontos (22 em vantagem numérica) e tem +25 nas últimas quatro temporadas. Markov é um defensor bem versátil, que seria um bom atrativo no mercado. Ele está ganhando US$ 2 milhões nesta temporada. É possível que ele consiga até o dobro disso por aí, mas também não deu nenhuma declaração demonstrando a intenção de deixar Montreal.

Rivet: Com 1,88 m e 91 kg, o veterano de 32 anos loga média acima de 20 minutos no gelo por jogo e é bastante físico e seria outro jogador que despertaria o interesse de equipes na briga. Ele está ganhando US$ 2,47 milhões e, ao fim de seu contrato, possivelmente buscará um salário parecido. Como Markov, Rivet começou em Montreal. E também ainda não declarou estar disposto a sair.

Niinimaa: O cigano Niinimaa não se encaixou bem em Montreal. Ele jogou apenas 31 dos 61 jogos do time, marcando apenas dois pontos e postando -8. Por tudo isso, chega a soar estranho que ele ganhe mais que os colegas acima: US$ 2,508 milhões. O finlandês de 31 anos pode despertar algum interesse no mercado, mas Gainey não vai conseguir muita coisa em troca. De um jeito ou de outro, Niinimaa não vai defender os Canadiens na próxima temporada.

Então, quem você trocaria? Você trocaria algum deles? Para mim, depende do que viria em troca. Gainey vai avaliar todas as ofertas, assim como a atuação do time nos próximos três jogos. Vai ser interessante ver o que ele decide fazer.

Alexandre Giesbrecht, 30 anos, passou o fim de semana de Carnaval isolado do mundo, em Brotas.
Mark Humphrey/AP
Forsberg dá um tranco em Branko Radivojevic, na sua partida de estréia em Nashville: nos seus dois primeiros jogos pelos Predators, nenhum ponto.
(17/02/2007)
Mike Stobe/Getty Images
Sheldon Souray lidera o time em quesitos ofensivos, mas seu mais/menos de -16 é o segundo
pior no elenco.
(14/02/2007)
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Página publicada em 21 de fevereiro de 2007.