Por: Humberto Fernandes

Após uma semana perfeita, os Sabres quebraram o recorde de pontuação do Ranking de TheSlot.com.br e conquistaram o soberbo título de Time da Semana. Foram três vitórias em três jogos, marcando 17 gols e sofrendo sete, ampliando a vantagem na liderança da Conferência Leste.

Os ótimos resultados escondem a situação atual em que se encontra a equipe, assolada por contusões — o que não parece fazer diferença, no entanto.

Na noite de 27 de fevereiro, contra os Maple Leafs em Toronto, os Sabres utilizaram quatro calouros com menos de dez jogos de experiência na NHL, diante de um time desesperado por dois pontos em busca de sua vaga nos playoffs. Para surpresa de Jochen Hecht, que marcaria dois gols, o Buffalo venceu por 6-1.

"É inacreditável. Quem poderia imaginar que com tantos jogadores fora nós marcaríamos tantos gols", disse Hecht.

Três dias depois foi a vez do recém-adquirido Dainius Zubrus se espantar com o talento ofensivo do time, mesmo sem contar com dois dos principais atacantes. Jogando pela liderança da liga, os Sabres golearam os rivais Canadiens por 8-5.

"Eu não tinha percebido o quanto esse jogo pode ser rápido", reconheceu Zubrus. "Eles entram [no gelo] e vão fazer gols".

Na noite seguinte, sem sete potenciais titulares, o Buffalo impôs nova derrota aos Maple Leafs. A essa altura não havia ninguém mais a ser surpreendido, porque esse é o time de Lindy Ruff, e não há surpresas com o melhor treinador da liga.

"Nós temos alguns atacantes em Rochester que são muito bons", declarou Ruff. "Eles têm feito um bom trabalho por nós."

As baixas da equipe começaram em 10 de fevereiro, quando o ponta-esquerda Paul Gaustad sofreu danos no tendão de sua perna esquerda. Acreditava-se que era apenas um corte, mas exames detalhados demonstraram que seria necessário operar. Gaustad, autor de nove gols e 22 pontos em 54 jogos, despediu-se antecipadamente de sua segunda temporada.

Mas não havia de ser nada, embora Gaustad fosse um atacante de força. O Buffalo tinha profundidade para substituí-lo.

No dia seguinte, foi a vez do defensor Jaroslav Spacek se afastar, após quebrar a mão esquerda. Spacek era o terceiro pontuador da defesa e possuía um dos maiores mais/menos da equipe, além de se destacar na linha de vantagem numérica.

A segunda perda — e seria apenas o começo.

Falemos sobre azar. E sobre perder um jogador com o qual sequer contou durante a temporada. Tim Connolly, quinto pontuador da equipe no ano passado, quebrou um osso abaixo do joelho e atrasou o seu trabalho de retorno ao jogo. Connolly está fora desde os playoffs de 2006, quando sofreu a segunda grave concussão de sua carreira. Os Sabres contam com o retorno de Connolly para os playoffs. O jogador marcou 11 pontos em oito jogos na pós-temporada passada, em que a equipe avançou às finais de conferência.

Os jogadores caíam de um a um, mas na mesma noite se foram dois. Enquanto o time acumulava vitórias, o departamento médico registrava movimento recorde. Maxim Afinogenov, então vice-artilheiro da equipe, quebrou o pulso esquerdo na vitória por 2-1 contra o Edmonton Oilers. O detalhe é que Afinogenov sentia dor mas retornou ao gelo para um último turno, marcando seu 23.º gol na temporada. A má notícia veio durante o segundo intervalo, quando exames demonstraram a gravidade da lesão e determinaram o afastamento do russo por pelo menos seis semanas.

Na mesma partida, minutos depois, o calouro Jiri Novotny contundiu o tornozelo esquerdo após desferir um tranco no adversário. Até então Novotny era um dos bons atacantes da equipe e receberia maior tempo de gelo com as contusões dos companheiros. Porém, no dia-limite de trocas a gerência o envolveu na negociação de Zubrus.

Estava cada vez mais perigoso identificar-se como um jogador de Buffalo.

Três dias depois, o escolhido da vez foi o atacante Ales Kotalik, que contundiu o joelho ao se chocar com um adversário na derrota nos pênaltis para o Boston Bruins. Kotalik, autor de 14 gols e 36 pontos em 59 jogos, tornou-se o sexto nome do relatório de perdas do Buffalo, com retorno previsto para dali quatro ou seis semanas.

O pior ainda estava por vir. Chris Drury recuperou o disco no campo de ataque, patinou e chutou. E aí não viu mais nada. O famigerado tranco de ombro na cabeça funcionou para arrancar-lhe o capacete e atirá-lo ao chão de cabeça, causando um corte profundo. O estopim para que o jogo entre Sabres e Ottawa Senators se tornasse o melhor da temporada. O Buffalo venceria a partida recheada de confusão por 6-5, mas perderia seu co-capitão e vice-goleador Drury por algum tempo.

Fechando a conta, o simpático intimidador Andrew Peters contundiu-se na goleada sobre os Canadiens, aparentemente sem gravidade, mas o suficiente para lhe roubar alguns jogos — e brigas.

Durante esse tempo a gerência trabalhou com atacantes dos Americans, afiliado menor sediado em Rochester que disputa a AHL. Em apenas uma semana os Sabres promoveram Drew Stafford, Clarke MacArthur, Michael Ryan, Patrick Kaleta e Mark Mancari. Outros jogadores, como Jason Pominville e Nathan Paetsch, tiveram seus tempos de gelo aumentados.

O Buffalo entrava no gelo com um calouro em cada linha de ataque, exceto na primeira. A quarta linha, então, era formada por um trio de novatos. Embora isso pudesse indicar que o rendimento da equipe cairia, na prática isso não aconteceu. Os Sabres registraram nove vitórias em 11 partidas e mantiveram a liderança geral da liga. Além disso, identificaram em alguns jogadores as forças para o futuro.

Stafford, de 21 anos, combina habilidade, tamanho, atitude e instinto que impressiona a torcida. O atacante se posiciona próximo à rede e disputa jogadas pelos cantos sem medo, porque tem tamanho para cuidar de si mesmo. Distribui e sofre trancos e sabe enxergar o jogo, sendo bom em tudo que faz no gelo. Herdou um lugar na segunda linha de ataque e possivelmente permanecerá até o retorno de Afinogenov. O defensor Paetsch atuava em média 13 minutos por noite, mas desde a contusão de Spacek tem visto maior tempo de gelo no cinco-contra-cinco e vantagem numérica. De lá pra cá marcou gol e vários pontos, destacando-se positivamente na forte defesa da equipe.

Ao contrário de Zubrus, contratação supervalorizada, todos os garotos promovidos dos Americans pontuaram em seus minutos de fama na NHL. Nos três jogos da semana, Stafford marcou três gols, um a mais que Ryan. MacArthur fez três pontos, Mancari e Kaleta um cada. A distribuição dos números chama a atenção: os 17 gols foram marcados por 11 jogadores diferentes, enquanto 17 atletas pontuaram. O artilheiro da equipe, Daniel Briere, fez apenas uma assistência no período, enaltecendo o desempenho dos "reservas" na conquista das vitórias.

Independente do que aconteça, os Sabres são favoritos ao título da Copa Stanley. Seja com titulares ou reservas, a força do elenco impressiona. Tudo funciona bem nas mãos de Ruff: o goleiro Ryan Miller faz ótima temporada, a defesa é sólida e domina o jogo e o ataque faz gols como nenhum outro — até o uniforme é o mais bonito da liga.

Humberto Fernandes é fã de Paulo Vinicius Coelho e Juca Kfouri.
Rick Stewart/Getty Images
Dias antes de sofrer um tranco de ombro contra cabeça, Chris Drury desfilava seu talento em Buffalo, como nesse passe atrás do gol.
(15/02/2007)
Dave Abel/Getty Images
Drew Stafford é o melhor atacante do Rochester Americans em ação pelos Sabres. O garoto faz gols, desfere trancos e tem atitude.
(03/03/2007)
Aaron Harris/AP
Nathan Paetsch quase não aparece na foto, mas pergunte a Darcy Tucker quem foi o responsável por prensá-lo nas bordas e jogá-lo ao chão dessa maneira.
(03/03/2007)
Dave Abel/Getty Images
Mesmo repleto de reservas os Sabres arrasam seus adversários. Na foto comemora-se o gol de Toni Lydman (5).
(03/03/2007)
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Página publicada em 7 de março de 2007.