Por: Marcelo Constantino

Dentre os times da última malfadada expansão na NHL, o incontestável mesmo é o Columbus Blue Jackets. Seguramente o time mais inofensivo da liga, feito para ser saco de pancadas, pagar o salário de Sergei Fedorov, pendurar um Rick Nash, brigar pela lanterna da Divisão Central e tirar férias antecipadas para liberar a turma toda para jogar golfe. Veja bem, não estou falando somente do time do Columbus hoje, trata-se de todos os times que a franquia já colocou no gelo desde que surgiu.

Mas o assunto não é o Columbus — é que, quando se intitula uma matéria com lixo no meio, isso acaba atraindo a infeliz franquia. O assunto aqui é outro time de expansão que também penou para sair da lama inicial — e foi o último a fazê-lo — apesar do reconhecido poderio ofensivo cada vez maior da equipe. Trata-se, claro, do Atlanta Thrashers.

Depois de classificar-se pela primeira vez para os playoffs em grande estilo, conquistando inclusive a Divisão Sudeste, a equipe foi varrida rapidamente pelo NY Rangers na rodada inicial e agora, depois das férias, ainda parece amargar a ressaca daquela eliminação. Até o fechamento desta edição, na segunda-feira, o time contabilizava cinco jogos e cinco derrotas. O pior retrospecto da liga.

Na estréia eles deixaram o time do Washington disparar a gol de tudo quanto foi maneira. Perderam. Perderam para o Tampa Bay logo a seguir também, e depois para o Ottawa. E aí veio o Buffalo.

Uma medonha goleada sofrida frente aos Sabres, por 6-0, mostrou que o caminho parece ser mesmo de retorno ao lixo. O Buffalo meteu três gols de vantagem numérica no primeiro período. Por outro lado o tido-como-poderoso ataque dos Thrashers sequer conseguiu desferir um mísero disparo a gol numa VN de dois homens, no mesmo período. Tétrico. E emblemático.

Na partida seguinte, novamente seis gols sofridos, desta vez na derrota de 6-5 frente ao New Jersey. A melhor partida do time até aqui, mas, ainda assim, repleta de deficiências explícitas. Sobretudo por permitir a virada dos Devils, disparando apenas três vezes a gol no último período.

Sei não, começo a achar que toda aquela onda para cima da Kari Lehtonen era fogo de palha. Ele já esteve abaixo do esperado na temporada passada, quando se supunha que seria o verdadeiro debut dele na liga. Chegou a ser barrado por Joahn Hedberg nos playoffs.

Meio que constrangido depois da derrota frente aos Devils, a sexta consecutiva dele desde os playoffs, Lehtonen saiu-se com uma de que sabe que é um bom goleiro, mas que precisa lembrar-se disso (!), e que todos, na verdade, precisam jogar melhor. Declarações de jogadores geralmente são meras reproduções de cartilhas, mas essa eu achei divertida... Precisar lembrar-se de que é um bom goleiro é ótima. Claro, ainda há tempo — tanto de temporada como de vida para ele —, mas o fato é que Lehtonen decepciona e não é de hoje. Um começo de carreira em que você é tido como jovem promissor, detentor da posição de titular e que acaba dividindo os trabalhos com o reserva é um mau começo.

No geral as deficiências apontadas na equipe vão desde o macro — falta de química no time, incapacidade de segurar uma liderança, times especiais sofríveis — ao micro — excesso de penalidades cometidas, deficiência em isolar o disco da frente da área do goleiro (tanto por parte de Lehtonen quanto dos defensores).

E, com o péssimo começo, é evidente que o cargo de Bob Hartley balança. Embora a NHL não seja como o futebol brasileiro, há limites para tudo. Hartley já balançara nos anos anteriores à classificação, quando o Atlanta vinha sendo o time do quase, do talento ofensivo desperdiçado. A temporada passada arrefeceu a coisa, mas o lamentável começo trouxe a ameaça de volta.

Parece mais que evidente que o poderio ofensivo do time, baseado em dois jogadores extraordinários, não é suficiente para manter a regularidade da equipe. Ainda que alguns coadjuvantes efetivamente sejam produtivos para o conjunto, é justamente esse conjunto que anda faltando ao Atlanta. O que não deixa de ser estranho, afinal o núcleo desse time é basicamente o mesmo da temporada passada.

Extra: atualização em cima da hora
Esta matéria já estava pronta desde a segunda-feira. Eis que hoje, quarta-feira, momentos antes de lançarmos a edição no ar, vejo que o Atlanta perdeu mais uma (e mais uma vez levando de zero) e, mais tarde, que o técnico Bob Hartley foi demitido.

Seis derrotas seguidas — na verdade são dez, se você considerar as quatro da varrida nos playoffs passados — fazem balançar qualquer coisa. E Hartley, que já esteve na corda bamba outras vezes em Atlanta, paga o pato. É como Marian Hossa disse (que, aliás, é que sempre se diz, em qualquer canto): é mais fácil trocar o técnico do que um monte de jogadores de uma só vez. E é mesmo. E talvez dê algum resultado positivo, muito embora me pareça que o panorama dos Thrashers vai mudar: a briga nesta temporada será para chegar aos playoffs, nada de vencer a divisão novamente.

Marcelo Constantino preza a paz e a tranqüilidade.
David Duprey/AP
E tome gol nos Thrashers! Os Sabres não perdoaram e meteram seis, sem levar nenhum.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-07 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 17 de outubro de 2007.