Você viu que beleza de capa estampa a edição de TheSlot.com.br? É impressionante como nosso eterno editor-chefe Alexandre Giesbrecht tornou-se ainda melhor nesta arte ao longo do tempo. A imagem de Rick DiPietro erguendo seu taco expressa como o goleiro dominou o jogo ao longo de sua gloriosa carreira. Vencedor da Copa Stanley, detentor do Troféu Conn Smythe e com mais de 400 vitórias no currículo, DiPietro é o maior goleiro da história do New York Islanders. E pensar que, 14 anos e 501 edições atrás, o então gerente geral Garth Snow foi duramente criticado por assinar um contrato tão longo (15 anos) com o goleiro, o que na época era incomum. DiPietro tem seu lugar assegurado no Salão da Fama para quando se aposentar, ao fim da próxima temporada, aos 39 anos.

Não, eu não estou ficando louco e não uso drogas. O parágrafo acima foi retirado do meu artigo a ser publicado na edição número 628 de TheSlot.com.br, em novembro de 2019. E já consigo ver a criação de Der Giesbrecht em nossa capa — esta parte é mentira.

Como não quero antecipar o que escrevi naquela quarta-feira de daqui 12 anos para não estragar a surpresa e DiPietro ainda não venceu a Copa Stanley, tampouco o Troféu Conn Smythe, resta-me escrever sobre a centésima vitória deste goleiro que, por bem ou por mal, já entrou para a história da NHL — por duas vezes. Os Islanders fizeram dele o primeiro goleiro a ser recrutado com a primeira escolha geral do recrutamento, em 2000 e, em setembro de 2006, estabeleceram o polêmico contrato de 15 anos, o mais extenso já visto na liga, que garante a DiPietro salário de US$ 4,5 milhões por temporada.

Dois grandes motivos para que se espere de DiPietro nada menos do que o melhor. É por isso que a noite em que completou cem vitórias em sua carreira seria especial. E nada melhor para um torcedor dos Islanders que comemorar a marca de seu melhor jogador contra o maior rival, New York Rangers, mesmo que recentemente isso tenha se tornado rotina: os Isles venceram oito dos últimos 11 confrontos, perdendo apenas um no tempo normal. Como se o duelo entre os rivais despertasse o que há de melhor nos Islanders e o que há de pior nos Rangers.

DiPietro defendeu 18 dos 19 chutes a gol, derrotando os inimigos pela décima vez em sua carreira. Ele ainda deu um soco em Sean Avery no decorrer da partida e foi penalizado por dois minutos. Não foi uma agressão gratuita. Em março deste ano, o goleiro sofreu sua segunda concussão em duas semanas em jogo contra os camisas azuis, quando Avery (quem mais?!) convenientemente ou por acidente atingiu sua cabeça em uma confusão. Quando teve a oportunidade, DiPietro não pensou duas vezes e empatou o placar pessoal. Na segunda-feira, não fosse pelo gol sofrido em desvantagem numérica, o goleiro assinaria o seu próprio hat trick: uma vitória, um shutout e um soco.

No jogo anterior, DiPietro já havia impedido Martin Brodeur de alcançar sua 500.ª vitória ao garantir o triunfo dos Islanders por 1-0. Em sete dias, aquela era a segunda derrota de Brodeur perante DiPietro. Ou seja, no confronto direto, a capa da edição atual seria do goleiro com 400 vitórias a menos no currículo.

A centésima vitória de DiPietro aconteceu em seu 221.º jogo. Brodeur, segundo maior vencedor entre todos os goleiros da história da liga, precisou de 202 jogos. Dominik Hasek, 220. O número de vitórias é uma grandeza relativa, pois, às vezes, depende mais da qualidade do time que propriamente da capacidade do goleiro. Roberto Luongo, por exemplo, naquele horrível Florida Panthers, só chegou aos três dígitos de triunfos com 315 jogos. Em compensação, Chris Osgood, membro do incomparável Detroit Red Wings dos anos 1990, gastou metade disso, apenas 158 partidas.

DiPietro esteve no péssimo Islanders de 2001 (o pior time da liga na ocasião), participou das emocionantes campanhas de 2003, 2004 e 2007, quando a equipe se classificou na oitava posição da Conferência Leste, e esteve no gol em 30 das 36 vitórias do time em 2006, quando os playoffs foram vistos pela televisão.

Aos 26 anos, ele está mais maduro, como o treinador Ted Nolan julgou que aconteceria. A maturidade e a experiência trouxeram a sabedoria e a força mental dos grandes goleiros da liga. No começo da carreira, DiPietro imaginava defender tudo, mas como isso é humanamente impossível, a qualidade de seu jogo era afetado. Ele ficava nervoso e desconcentrado. Hoje, sabe que o mais importante após sofrer um gol é seguir adiante e manter o foco no próximo chute.

Quanto mais distante o recrutamento de 2000 estiver no retrovisor, melhor. Todo mundo se lembra de quem foi o primeiro escolhido a cada ano, mas o segundo pouco importa. DiPietro está entre os primeiros da classe, como Sidney Crosby, Alexander Ovechkin, Vincent Lecavalier e Ilya Kovalchuk, por exemplo. Em seu ano, o segundo nome anunciado foi o de Dany Heatley, hoje um monstro de duas temporadas consecutivas marcando 50 gols e mais de cem pontos. Quem é melhor? DiPietro ou Heatley? Em Long Island, para os Islanders de hoje e aquele campeão da Copa Stanley no futuro, DiPietro.

Dentro do cenário atual, não há críticas, apenas elogios em relação ao desempenho do goleiro. Mantendo-se esta projeção pela próxima década, considerando-se a inflação e os prováveis aumentos do teto salarial na NHL, DiPietro será considerado uma grande barganha dos Islanders. Hoje, aos poucos o absurdo contrato de 15 anos vira absurdo, principalmente enquanto os Islanders vencerem seus jogos — ainda mais contra os Rangers.

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• 500 já era. Agora, a meta é 551
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• O novo número da Besta