Por: Marcelo Constantino

Um dos pontos mais divertidos da NHL é o mercado de trocas. Ano após ano o burburinho (a boataria, a fofoca — seja qual for o nome que você preferir) está sempre agitando um razoável segmento do mercado jornalístico. A ponto de alguns sites até mesmo passarem a incluir uma seção específica sobre os rumores atuais. Embora eu mesmo considere boa parte deles infundados — afinal, são boatos —, fiz um apanhado geral do que anda rolando em relação ao mercado de trocas. Vale pela curiosidade, mas também vale porque, onde há fumaça, pode haver fogo.

Talvez o mais quente do momento seja a questão sobre o que o Anaheim Ducks fará para abrir espaço no orçamento para a volta de Scott Niedermayer. Ou seja, quem o Anaheim irá rifar para a volta do MVP da última Copa Stanley.

Vários boatos indicam que a gerência está rifando o defensor Mathieu Schneider, que foi contratado justamente para suprir a saída de Niedermayer. Com a volta do MVP, Schneider e seus US$ 5,6 milhões de salário tornam-se excessos.

Um desses boatos diz que o Chicago Blackhawks seria um dos interessados, o que faz certo sentido. Entretanto, entendo que seria uma negociação complicada, por dois motivos: o preço que o Anaheim pediria — o Chicago dificilmente cederia algum dos seus ótimos prospectos — e o salário relativamente gordo de Schneider, acima do que o time almeja pagar.

Acredito que dificilmente os Ducks se livrarão de atacantes como Andy McDonald ou Chris Kunitz para adicionar mais um defensor. Mas Todd Marchant e seus US$ 2,5 milhões podem ser. Embora seja freqüentemente citado, também não acredito que os Ducks envolvam o bom e jovem defensor Francois Beauchemin numa troca, mas não vejo problemas com Shane Hnidy e Sean O'Donnell.

Porém, como o necessário é livrar-se de cerca de US$ 900 mil, talvez não seja preciso desfaer-se de algum grande talento. Só que ainda há um agravante: a gerencia quer renovar com Corey Perry, que vai se tornar agente livre na próxima temporada, o que requer uma abertura maior no espaço orçamentário. Para divertir ainda mais, desde a volta de Niedermayer, floresceu a boataria sobre uma eventual volta de Teemu Selanne. Todavia, ao contrário do defensor, Selanne não dá o menor sinal de que voltará.
Se o Tampa Bay Lightning seguir nesse chove-não-molha atual, é possível que comece a rifar o atacante Brad Richards. Vai ser muito, mas muito difícil encontrar pretendentes para o altíssimo salário de US$ 7,8 milhões do ex-Conn Smythe que anda produzindo bem menos do que anda recebendo. A salvação seria encontrar um time precisando desesperadamente de um power forward experiente para os playoffs, com algum espaço no orçamento — e, ainda assim, acredito que haveria alguma negociação sobre o pagamento de parte do salário.

Richards teria de abdicar da cláusula que veta sua negociação para outros times, e isso não vai ser algo fácil de se conseguir.
Darryl Sydor é outro que tem essa cláusula no contrato, mas a situação dele é pior: ultimamente não vem sendo raro vê-lo barrado dos jogos do Pittsburgh Penguins. Seu salário de US$ 2,5 milhões não chega a ser alto para quem um dia formou uma bela dupla com Sergei Zubov, mas, pela sua produção atual, sai caro. É bem mais provável que Sydor abdique da cláusula, desde que seja para ir para algum time competitivo que apenas o escale para jogar.
De volta ao Tampa Bay, recentemente têm surgido boatos envolvendo Martin St. Louis. Um deles indicava uma suposta e estranha proposta do Dallas Stars, que oferecia Marty Turco na troca. É bem possível que o Lightning realmente deseje abrir espaço em seu orçamento, e, dada a evidente dificuldade em se livrar de Richards, o pato pode sobrar para St. Louis.
Mats Sundin é um nome que já entra no rol dos boatos desde a temporada passada, mas, até onde se sabe, ele quer permanecer em Toronto. Boatos sugerem que os suecos do Detroit Red Wings andaram conversando com ele para que todos se juntem no dia-limite de trocas. Pura fantasia. Sundin é o tipo de jogador que seria disputadíssimo por qualquer time decente da NHL e provavelmente o Toronto aguardaria tranqüilamente as melhores ofertas — isso, claro, se Sundin não escolhesse o time para onde ir.
Depois dos playoffs passados, quando decepcionou, e do mau começo, em que segue decepcionando, já há boataria sobre o San Jose Sharks estar rifando Patrick Marleau pela liga. Nada ainda muito forte, parece mais descarrego dos torcedores dos Sharks do que alguma movimentação plausível. A perda de confiança de Marleau é nítida e gritante. Mas confiança é algo que se perde e se recupera, basta um determinado fator que reverta a história. Marleau deve ficar.
Consta que o Edmonton Oilers anda desacaradamente rifando Raffi Torres e Jaret Stoll. Os dois andaram barrados num jogo recente e consta que a gerência já tentou com o Columbus Blue Jackets, Ottawa Senators e Boston Bruins. Ninguém diz não, mas as ofertas de retorno (ou as demandas dos Oilers) não andam satisfazendo. Na semana passada, contra os Penguins, o time vencia por 2-0 e cedeu a virada para o adversário. O técnico Craig MacTavish barrou tanto Stoll quanto Torres para a partida seguinte, dizendo que era para "mandar um recado".
Como o defensor John-Michael Liles será agente livre na próxima temporada, é possível que o Colorado Avalanche procure negociá-lo ainda nesta. O valor do jogador no mercado é bom e há outro defensor no elenco que pode fazer o papel dele na equipe: Kyle Cumiskey.

Ainda com os Avs, diante da performance duvidosa de Peter Budja e da certeza sobre o abacaxi Jose Théodore, talvez eles busquem um goleiro para a equipe, inclusive usando Liles no negócio. O problema é que qualquer negociação por um novo goleiro necessariamente deverá incluir a cessão de um dos dois, preferencialmente a de Théodore. Não faz sentido o time ficar com três goleiros no elenco. O problema é encontrar um trouxa que aceite.
Talvez a hora de Trevor Linden tenha chegado. Ultimamente ele vem sendo barrado de vários jogos do Vancouver Canucks e o técnico Alain Vigneault parece realmente preferir escalar jogadores mais novos. Poucos jogadores na NHL atual são tão identificados com um time como Linden e os Canucks. É inimaginável vê-lo negociado com algum outro time. O caminho mais correto é a aposentadoria.

Marcelo Constantino queria ter estado em Londres.
Paul Vernon/AP
Os dias de parceria de Mathieu Schneider e Chris Pronger podem estar perto do fim.
Dale MacMillan/Getty Images
Neste jogo, os Oilers venciam por 2-0, mas acabaram perdendo de 2-4 para os Pens. Por conta de sua atuação, Jaret Stoll (16) foi barrado logo a seguir e imediatamente entrou para a boataria dos negociáveis.
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Página publicada em 12 de dezembro de 2007.