Por: Thiago Leal

Quando o Anaheim Ducks rumava para sua primeira Copa Stanley, na temporada passada, este colunista que vos escreve dedicou alguns parágrafos a uma chamada Linha Juvenil, uma garotada que botava a franquia de Orange County para frente em paralelo a estrelas como Teemu Selanne e Scott Niedermayer. Faziam parte da tal Linha o central Ryan Getzlaf, o ponta esquerda Dustin Penner e o ponta direita Corey Perry. Os três foram em boa parte responsáveis pelo primeiro Campeonato conquistado pelos Ducks em sua história.

Na época comentei que o Anaheim abriu mão de um jogador que poderia ser parte deste clube juvenil dos Ducks, o ponta direira Joffrey Lupul, mandado para o Edmonton Oilers e hoje no Philadelphia Flyers. Posso abrir este artigo fazendo o mesmo comentário, mudando apenas o jogador: os Ducks abriram mão de Penner e o mandaram para Edmonton, a exemplo do que aconteceu com Lupul. Penner era, de longe, o mais velho do trio: estava à altura de seus 24 anos enquanto Getzlaf e Perry tinham 22.

Penner não tem feito grande temporada nos Oilers, mas mantém o rendimento de 0,5 ponto por jogo, o mesmo que teve em Anaheim, ambos abaixo do desempenho em sua temporada pelo Portland Pirates, "menor" dos Ducks na AHL, quando atingiu quase 1,5 por jogo. Então... Penner não tem feito grande falta à chamada Linha Juvenil? Certamente que não. O trio hoje em dia rende bem mais com uma outra peça, bem mais experiente: o ponta esquerda Chris Kunitz, seis anos mais velho que Getzlaf e Perry.

A linha, não mais tão juvenil, tem sido a responsável, mais uma vez, pelo sucesso dos Ducks. Aliás, é fácil dizer: se não fosse esses meninos o Anaheim não estaria lutando pela vaga na pós-temporada, mas sim enterrado no calvário da Divisão do Pacífico ao lado de Los Angeles Kings e Phoenix Coyotes. Basta analisar o desempenho deste novo Trio Maravilha de Orange County.

Das 15 vitórias dos Ducks na temporada, pelo menos um jogador do trio teve participação decisiva em 10 delas, sendo com assistência ou gols. Vale salientar a ascensão de Kunitz-Getzlaf-Perry nas quatro vitórias consecutivas que foram importantíssimas para que o Anaheim seguissse com grandes aspirações na temporada. Indo mais direto na afirmação, em sete jogos um dos jogadores do trio marcou o chamado "gol vencedor", o gol decisivo para a vitória.

Falando de números em geral, são 81 pontos marcados pelo Trio, e 35 deles caem direto na conta do talentoso Getzlaf. O central é, sem dúvida, o mais promissor jogador da franquia, item para o qual eu chamo atenção durante toda a temporada. São 13 gols e 22 assistências. Getzlaf pode ser definido com sua habilidade furtiva e seu excelente controle do disco: quando o tem sob domínio, o central sempre surpreende os defensores com traços rápidos e ilusórios. Ao mesmo tempo que faz grande sucesso no gelo e caminha para ser um ídolo do quilate de Paul Kariya em Anaheim, Getzlaf conquista os torcedores também fora do rinque, por ser sempre atencioso com os fãs. Pode-se dizer que Orange County tem o seu Sidney Crosby.

E lembrando de Kariya, é impossível não lembrar do sucesso de sua dupla com Selanne. Teremos reedição do sucesso nos anos 2000? E se um dos nomes certos é Getzlaf, resta quem será "o parceiro"? Perry ou Kunitz. O primeiro marcou junto com Getzlaf nove gols na temporada. É uma dupla de futuro na NHL porque Getzlaf tem um alto índice de assistências, enquanto Perry, o segundo maior pontuador dos Ducks, traz uma característica não muito comum ao hóquei moderno: a caça incansável ao gol, a ponto de preferir um chute a uma assistência. Tanto que de seus 25 pontos, 17 foram gols e apenas oito assistências. Já Kunitz tem bons números ao lado dos dois. São oito gols marcados junto a Getzlaf e oito gols ao lado de Perry. Kunitz tem 21 pontos na temporada com 11 gols e 10 assistências, e é mais um que está sempre à procura do gol. Tem uma boa química com Getzlaf e com Perry.

Os números mostram que mais que uma dupla como Kariya e Selanne, Kunitz-Getzlaf-Perry parecem mais adequados a trabalhar como um trio mesmo, uma vez que o sucesso dos Ducks passa pelos três de quase forma igualitária, principalmente em se tratando de gols.

E com novelas como a volta de Scott Niedermayer e a incógnita de Selanne, a seca de Andy McDonald, o Todd Bertuzzi... bem... sendo o Todd Bertuzzi... e as atuações irregulares de Rob Niedermayer... parece que toda a responsabilidade de Anaheim vai em definitivo para as costas de Kunitz-Getzlaf-Perry, como já se previu algumas semanas atrás.

Desta forma, os Ducks podem não estar apenas vendo a consolidação de bons jogadores, mas também ganhando ídolos para a recente história de uma franquia querendo se enxergar como campeã.

Thiago Leal ama o Corinthians Paulista em qualquer lugar: Série A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, X, Y ou Z. Ou mesmo abaixo disso.
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Chris Kunitz, Ryan Getzlaf e Corey Perry ao lado do gerente geral do Anaheim Ducks Brian Burke.
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Ryan Getzlaf banca o Darren McCarty e comemora junto com a torcida um de seus gols na decisão da Copa Stanley: um novo ídolo na história do Anaheim Ducks. (28/05/2007)
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Chris Kunitz e Corey Perry (10) fecham o Trio Maravilha de Anaheim: cada vez mais decisivos. (07/12/2007)
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Nem todos os trios trazem bons frutos: mesmo com o sucesso de Kunitz-Getzlaf-Perry, a Califórnia ainda sofre com as "músicas" horríveis do Green Day!
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Página publicada em 13 de dezembro de 2007.