Por: Marcelo Constantino

Se há um time guerreiro nesta temporada, este é o Colorado Avalanche.

Este é um time que joga sem Joe Sakic — capitão, líder, exemplo, alma, craque indiscutível da equipe e ainda um dos grandes da NHL; e quaisquer demais adjetivos positivos, do alto de seus 38 de idade. Já se vão 25 jogos sem ele, ainda recuperando-se de uma cirurgia.

Bem, aí você pensa, esse time ainda tem Ryan Smyth, ok. Smyth foi contratado a peso de ouro no ano passado e, quando começava a se ajustar ao esquema dos Avs, machucou-se também. E lá se vão 13 jogos sem o artilheiro.

Sobrou então para o ótimo ex-calouro Paul Stastny liderar a equipe, com seus meros 22 anos de idade. Sem sofrer o famoso mal de segunda temporada, Stastny fazia belíssima campanha e efetivamente liderava a equipe, até que, há cerca de uma semana, teve de parar para fazer uma cirurgia. Deve ficar de fora do time por até três semanas.

Como Milan Hejduk anda um tanto abaixo das expectativas, o time deverá ficar sem essa referência de líder ou craque daqui pra frente. Se a cada contusão importante a equipe acresceu garra e raça — e esse é dos fatores primordiais para o time seguir na disputa pelos playoffs —, agora, mais do que nunca, os Avs deverão ser um time de pura vontade.

Muito embora esse tipo de lógica dificilmente se traduza com perfeição, tente imaginar esse time quando Sakic, Smyth e Statsny estiverem jogando. Ou ainda, tente imaginar como estaria esse time se os três estivessem jogando.

Com a vitória sobre os sempre combalidos Blue Jackets no último domingo, o Colorado chegou à primeira colocação na Divisão Noroeste — empatado com o Calgary Flames com 56 pontos, mas com menos jogos disputados. A estadia na liderança, no entanto, foi breve: logo o Minessota Wild jogou, venceu e ultrapassou. A derrota frente ao Nashville Predators, por 4-0 na terça-feira, acabou empurrando os Avs para a terceira colocação na divisão. Foi a primeira derrota em duas semanas.

Por enquanto eles estão firmes na briga pelos playoffs, atualmente na sétima posição da Conferência Oeste, com 56 pontos. Como a distância do 4.º colocado até o 14.º é relativamente pequena (na faixa dos dez pontos), o time que quiser manter-se na briga pela pós-temporada deve manter uma campanha regular. E os Avs têm sido assim.

Um dos fatores que ajudam muito na boa campanha é a ótima fase atual de José Theodore. Exatamente, acredite se quiser. Até a sova sofrida ontem diante dos Preds, ele havia levado apenas 13 gols em 8 partidas consecutivas (Avs 5-2-1). Sim, o velho Théo, que não engana mais ninguém está de volta numa boa fase. E os Avs naturalmente aproveitam, escalando-o nos últimos nove jogos seguidos.

Porém, não se adiantem a dizer que ele retornou ao que foi em 2002 — trata-se de uma boa fase. Théodore vem colecionando decepções nos últimos cinco anos, sempre porque todos esperam que ele seja aquele goleiro sensacional de 2002. E ele nunca mais foi, exceto por lampejos. Como o atual. Que talvez até já tenha encontrado seu muro nos três gols consecutivos que o Nashville marcou no terceiro período de ontem.

Mas Théo não explica sozinho o relativo sucesso da equipe até aqui. A explicação, conforme já dito, reside na vontade coletiva em superar as ausências de importantes jogadores. Na raça que o time vem demonstrando a cada jogo. Os Avs não estão vencendo porque têm um elenco refinado, ou porque têm peças de reposição à altura. Não têm.

O fator fundamental foi definido por Ian Lapeierre: "Nós estamos ganhando na raça."

Marcelo Constantino agora vê que Adrian Dater é um herege.
Doug Pensinger/Getty Images
Time de guerreiros, que vem vencendo na base da raça de seus integrantes.
David Zalubowski/AP
José Théodore de volta à forma MVP? Não, apenas uma boa fase na temporada.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-08 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 23 de janeiro de 2008.