Por: Marcelo Constantino

Joe Sakic é daqueles jogadores que tendem a tornar-se raridade no esporte de hoje em dia: um jogador que passa toda sua carreira num único time. Mas Sakic não é jogador qualquer, é um dos maiores centrais que a NHL já viu, talvez o último grande central de uma geração.

Aos 38 anos de idade e 19 de carreira na liga, ele acaba de se tornar o 11º jogador a alcançar a milésima assistência na história da NHL.

Com duas Copas Stanley levantadas e troféus Conn Smythe e Hart no currículo, dentre outros, Sakic é mais que um jogador realizado. A rigor não teria mais porque seguir jogando a essa altura da carreira. Só que ele ainda é um dos melhores da liga. Não é que Sakic desempenhe um papel pontual, ou mesmo aquela coisa que se resume a "grande líder no gelo". Não, Sakic é dos melhores centrais ainda em atividade na NHL, além de primeiríssima referência no Colorado Avalanche. Nenhum jogador em atividade na liga tem mais pontos na bagagem do que ele. Ninguém marcou mais gols em prorrogações de playoffs — provavelmente o gol que todo jogador sonha marcar — do que ele.

Depois de uma surpreendente temporada de 100 pontos (sim, surpreendente; embora seja um dos maiores da história da NHL, Sakic já estava com 37 anos de idade), a projeção para esta era de uma produção menor. No fim das contas a produção ficará ainda mais abaixo devido a uma contusão que o retirou de boa parte da temporada.

O marco histórico foi obtido no jogo da última sexta-feira, em que o Colorado Avalanche perdeu para o Edmonton Oilers por 7-5. O gol da assistência n.º 1000 foi marcado por Tyler Arnason. Mais tarde, no mesmo jogo, Sakic daria sua assistência n.º 1001.

Numa partida em que os Avs precisavam ganhar do último colocado na Divisão Noroeste, a marca de Sakic acabou sendo o grande fator positivo da noite para o time de Denver.

Os Avs precisavam ganhar pelo menos para obter maior segurança na zona de classificação. Em verdadeira guerra dentro da Divisão Noroeste — tanto pela liderança quanto para manter-se entre os oito classificados para os playoffs — a derrota frente aos Oilers acabou gerando um duplo efeito negativo: além de ter colocado o Avalanche em oitavo na Conferência Oeste, com apenas dois pontos de frente sobre o nono (Nashville Predators), deu sangue ao Edmonton, que volta à briga por um lugar ao sol depois de ter sido dado como virtualmente morto.

O jogo confirmou também uma estranha característica dos Avs, até há pouco um dos times mais quentes da liga, apontado inclusive como o mais forte favorito a desbancar a tênue liderança do Minnesota Wild na divisão. Os Avs parecem atuar em ondas, ora em alta, ora em baixa. Ora emendam ótimas seqüências vitoriosas, ora demonstram grande fragilidade — e, num momento delicado como o atual, eles não se podem dar esse luxo.

Os problemas de contusões com Peter Forsberg (crônico) e Adam Foote (momentâneo) prosseguem e nunca se sabe se um e/ou outro estarão no gelo. E o quão bem estarão, sobretudo Forsberg. A derrota foi ainda um tanto emblemática pq os Avs perdiam por 3-0 e 4-1, mas conseguiram se recuperar e empataram o jogo. Só que não conseguiram canalizar o bom momento, o Edmonton retomou a liderança e venceu.

Após a derrota, o Denver Post colocou um quadro em sua edição mostrando que os Avs desabaram desde o dia 15 de março, quando alcançaram a liderança da divisão. Na semana seguinte, os adversários de divisão obtiveram de seis a oito pontos, enquanto o Colorado obteve zero. Zero, isso mesmo, foram quatro derrotas em série. A derrota para os Oilers foi a quarta consecutiva.

Epílogo

Menos mal que o Colorado estancou a sangria e conseguiu uma importante vitória na segunda-feira, contra o Calgary Flames. A vitória por shutout de 2-0 foi também um alívio para José Théodore, que fora sacado no jogo anterior. No dia da publicação desta edição o Avalanche estará jogando contra outro adversário direto, o Vancouver Canucks. A briga na divisão, que já era ferrenha, tornou-se ainda mais visceral com a ascensão do Edmonton, agora pertinho do oitavo colocado na Conferência — na terça-feira ainda era o Colorado.

Por fim, respondendo à pergunta do título: parece-me claro que Sakic não é o "último grande central". Há ótimos e promissores centrais na liga que projetam carreiras espetaculares — basta olhar para o Pittburgh Penguins. Sakic é sim o último grande central de uma geração. De uma geração de centrais do quilate de Wayne Gretzky, Mark Messier, Mario Lemieux e Steve Yzerman, resta apenas Joe Sakic. Depois dele é uma nova geração.

Marcelo Constantino vive a data de publicação especificamente desta edição como feriado do hóquei.
Paul Battaglia/AP
Joe Sakic, 1000 assistências e mais de 1600 pontos na carreira. Um dos maiores da história.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-08 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 26 de março de 2008.