Por: Alexandre Giesbrecht

Nossa capa da semana passada falava da briga na Divisão Noroeste. Era uma boa briga e continua sendo, mas desde a publicação daquela edição foi difícil ignorar qualquer uma das muitas brigas emocionantes que estão agitando a NHL, em todas as pontas da tabela. Só Detroit e San Jose estão garantido em suas posições (respectivamente, líder da liga e líder do Pacífico). O resto...

Nesta semana consumou-se o primeiro recorde dos Capitals que Alexander Ovechkin quebrou: 61 gols em uma temporada, batendo o recorde que foi de Dennis Maruk por 25 anos. Com os 107 pontos que acumulou até aqui, o russo provavelmente abocanhou ainda o Troféu Art Ross. O único concorrente que pode ameaçar de alguma maneira essa conquista é o compatriota Evgeni Malkin, cinco pontos atrás. A diferença não é tão grande, mas parece grande demais para ser eliminada em apenas cinco partidas, ainda mais quando Malkin "deu-se ao luxo" de não marcar pontos em duas partidas consecutivas. Ou seja, esta briga está praticamente encerrada.

A artilharia da liga, contudo, pode vir a deixar um gosto amargo na boca de Ovechkin, caso os Capitals não consigam abocanhar uma vaga nos playoffs. A situação deles fica cada vez mais desesperadora. Eles — e, vá lá, os Sabres, com muitas ressalvas — são o único time hoje de fora do G-8 que tem alguma chance de chegar lá, mas o tempo está acabando. Na terça-feira, os Caps deixaram os Hurricanes levar um ponto precioso, diminuindo o impacto da sua vitória. Para piorar as coisas, os times imediatamente à sua frente no Leste, Flyers e Bruins, também venceram.

A única boa notícia da rodada para o time da capital norte-americana foi a derrota dos Panthers para o Lightning. O Florida não vai chegar aos playoffs, mas poderia pressionar com um ponto a menos, e pressão não é algo a que um time jovem como os Caps está acostumado.

No Oeste, outro time tenta arrancar desesperadamente: os Oilers. Com 12 vitórias em suas 15 últimas partidas, ensaiam um sprint final no concorrido Noroeste. Se tivessem batido os Canucks na quinta-feira, estariam hoje no G-8. Faltam cinco jogos, todos contra rivais de divisão. Eu não apostaria meu dinheiro no Edmonton, mas também não apostaria contra eles. De qualquer maneira, independentemente de quem se classificar, um time do Noroeste vai assistir aos playoffs pela televisão. A briga continua quente e agora tem um a mais na disputa.

A temporada atual tem tido uma profusão de disputas acirradas por posições. No topo do Leste a briga tem menos a ver com sobrevivência e mais a ver com status. No fim das contas, ficar em primeiro ou segundo da conferência não faz uma diferença tão grande nas primeiras fases e só vira algo importante se os dois times se enfrentarem nas finais. O que torna a briga especificamente interessante é o fato de envolver três times.

Os Habs já estão quase garantidos com uma ou outra posição, porque a esta altura dificilmente os Senators vão alcançá-los no topo do Nordeste. Já no Atlântico, Penguins e Devils batalham ponto a ponto para determinar o campeão da divisão. Essa briga em particular foi interessante na última semana, com dois confrontos diretos com pinceladas dramáticas.

A começar pelo sábado, em Pittsburgh. O jogo começou parelho e fechou no segundo intervalo com vitória parcial do time da casa por 2-1. O equilíbrio não voltou para o terceiro período, e a partida terminou com anômalos 7-1, que deram ao confronto seguinte, em Newark, contornos ainda mais dramáticos, com possibilidade de uma vingança rápida, mas que não seria nem um pouco indolor.

Para os Devils, seria a partida seguinte, mas os Pens fizeram ainda uma parada em Nova York, para pegar os Islanders, lanternas da divisão, com um elenco recheado de desconhecidos. Alguém ouviu falar de Jeremy Colliton? Que tal Matthew Spiller? Ou Aaron Johnson? Talvez Steve Regier? Um total de 12 desfalques assolou Long Island, o que não serviu para desanimar o time, já matematicamente eliminado dos playoffs. Os Penguins, por outro lado, jogaram com uma tática suicida — esperar por um gol do além — e a derrota por 4-1 tornou obrigatória para eles a vitória em New Jersey.

Uma eventual vitória dos Devils deixaria tudo empatado em 93 pontos, com um jogo a menos para o time da casa, vantagem considerável nesta altura da temporada. O jogo começou parelho como o anterior, daqueles típicos de pós-temporada. Ryan Malone abriu o placar para os visitantes aos 5:18, mas o operador do placar só precisou voltar a se preocupar em mexer nesses números no último minuto da partida, quando Marián Hossa marcou em rede vazia, dando números finais: 2-0 e a liderança mantida, com uma folga maior. E a vaga para os playoffs matematicamente garantida. Não que os Devils estejam mortos nessa briga, pois a diferença é de quatro pontos e eles têm um jogo a mais pela frente. Se os dois times se pegarem pelos playoffs mais adiante, a série promete ser interessante.

Logo atrás dos Devils, os Rangers ainda sonham em conquistar a divisão, embora a tarefa seja mais difícil. Não só pela diferença (seis pontos atrás dos Penguins e um jogo a menos), mas também porque ainda há a pressão para garantir a vaga de uma vez. Eles não devem ficar de fora dos playoffs, mas também não podem se descuidar, porque os times logo atrás não parecem dispostos a bobear. Ainda que os Caps não os alcancem, eles não vão querer pegar logo de cara um dos campeões de divisão. Quer dizer, a não ser que sejam os Hurricanes. No ano passado, classificaram-se na sexta posição, pegaram o campeão do Sudeste, o Atlanta Thrashers, e varreram-no sem dó nem piedade.

Supondo que o confronto de primeira fase seja entre Rangers e Canes, veremos um duelo entre os irmãos Marc e Eric, com a possibilidade de um deles pegar o outro irmão, Jordan, dos Penguins, mais adiante. Aliás, esta tem tudo para ser a primeira vez que três irmãos chegam juntos aos playoffs desde 1992. Naquela ocasião, porém, foram dois trios de irmãos: Aaron, Neal e Paul Broten, e Brent, Rich e Ron Sutter.

Mesmo com tanta briga boa na NHL, chamou a atenção no noticiário uma briga na QMJHL. Não uma briga metafórica por posições, mas uma generalizada entre os jogadores do Quebec Remparts e do Chicoutimi Sagueneens. A briga, claro, só chamou a atenção da mídia porque uma das suspensões dadas pela liga por causa do incidente foi para o ex-goleiro Patrick Roy, atual técnico dos Remparts, que teria incentivado o goleiro de seu time — Jonathon, que é seu filho — a partir para cima do goleiro adversário depois de ter sido seguro por um dos árbitros. Patrick pegou um gancho de cinco jogos, enquanto seu rebento pegou sete.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, tem mais de R$ 20 em moedas de um centavo dentro de um pote que enfeita seu escritório.
Mark Humphrey/AP
A briga de Ovechkin com Malkin pelo Art Ross foi só uma das muitas que agitaram a semana passada.
(18/03/2008)
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Página publicada em 26 de março de 2008.