Por: Thiago Leal

Série Grandes jogadores que jamais venceram a Copa Stanley
Sem dúvida, 100 entre 100 jogadores que jogam as Ligas juvenis, universitárias ou menores sonham e almejam jogar na NHL. Não conseguir deve realmente ser frustrante. Conseguir e não durar muito na grande liga por ser ruim deve ser ainda mais frustrante — afinal, você teve o gostinho de chegar lá e só não ficou por incompetência. Mas o pior de tudo, sem dúvidas, de ser chegar na NHL, ter uma carreira promissora e de repente abreviá-la por algum motivo de força maior. Foi o caso de Jim Carey.

Seu pai era um ex-jogador de futebol colegial enquanto seu irmão despontava como prospecto do time de beisebol Baltimore Orioles. Jim Carey ignorou os dois esportes mais populares dos Estados Unidos da América que faziam a alegria da sua família e direcionou seus esforços para o hóquei no gelo. Nada estranho para um garoto do estado de Massachusetts, onde o hóquei tem grande popularidade. Por isso, começou sua carreira no hóquei colegial do estado, indo na contra-mão dos canadenses que se aprimoram com as fortes ligas distritais. Também não disputou Ligas Juvenis, mas sim o hóquei universitário — e não foi pelas tradicionais Universidade de Boston ou Minnesota, mas sim pela Universidade de Wisconsin–Madison, onde disputou o campeonato da Western Collegiate Hockey Association.

Em sua primeira temporada universitária, foi eleito o Calouro do Ano e inscrito no recrutamento da NHL. Foi selecionado numa posição muito boa, na 32ª escolha geral, pelo Washington Capitals. Jogou mais uma temporada pela Universidade antes de partir para o Portland Pirates, à época filiado menor aos Capitals, para disputar a temporada 1994-95 da AHL.

O estilo de jogo de Carey já era elogiado por ter reflexos muito rápidos — que compensavam a sua lentidão na hora de "cair" num chute. Na mesma temporada, debutou pelo Capitals na NHL, fechando a temporada regular e ainda disputando sete partidas na pós-temporada.

Mas foi na temporada seguinte que Carey provou o quanto era um bom goleiro e quanto seria útil para a NHL. Em 71 partidas disputadas na temporada regular, o jovem Jim levou, em sua segunda temporada, o Troféu Vezina — prêmio que muito goleiro consagrado e experiente conseguiu. E é interessante também que, a partir daí, sua carreira começou a desandar. Carey jogou mais uma temporada com os Capitals disputando 40 partidas. Não chegou a conclui-la em Washington, pois foi trocado com o Boston Bruins ao lado de Anson Carter, Jason Allison e uma escolha de terceira rodada dos Caps, que em troca recebeu Bill Ranford, Adam Oates e Rick Tocchet. Pelo menos, poderia defender um time da sua terra, o estado de Massachusetts. Jogou duas temporadas e... o brilho do jovem goleiro que venceu o Troféu Vezina em 1996 simplesmente parecia ter desaparecido. Transitou entre o Boston e o menor Providence Bruins, até parar no Cincinnati Cyclones da IHL. Jogou dois jogos e sofreu um problema de ouvido que lhe afastou do restante da temporada. Quando voltou, ainda em 1998-99, assinou como agente livre com o St. Louis Blues, onde disputou seus últimos quatro jogos como profissional. Seus problemas auditivos o tiraram do gelo — mas sua carreira parecia ter acabado bem mais cedo.

É estranho. Não é qualquer um que ganha um Vezina. Mas nem isso é o suficiente para se ganhar uma Copa Stanley, principalmente quando seus times na NHL foram Washington Capitals, Boston Bruins e St. Louis Blues.

Thiago Leal começou os esboços de desenho e o roteiro definitivo de Anatomia de uma Derrota.
Doug Pensinger/Allsport
Jim Carey no Washington Capitals, onde sua carreira começou om direito a Troféu Vezina.
(02/04/1995)
Robert Laberge/Allsport
E no Boston Bruins, onde seu sucesso desapareceu. Daí para o anonimato foi um passo.
(24/03/1997)
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Página publicada em 26 de março de 2008.