Por: Marcelo Constantino

Phil Kessel, o ponteiro direito do Boston Bruins, talvez seja o jogador mais quente do momento na NHL. Ele vem pontuando há nada menos que 15 jogos (12 gols e 22 pontos), a mais longa seqüência desde Adam Oates, em 1997, que pontuou em 20 jogos seguidos. Nesta seqüência, que começou no dia 13 de novembro, os Bruins perderam apenas três vezes. Pontuando com regularidade, o máximo que Kessel conseguiu numa partida foram três pontos.

Ele inclusive já igualou seu recorde de gols numa temporada, ao marcar o 19º no último sábado. Mas ele fez isso em apenas 30 jogos, ou seja, ainda deve ter muito pela frente. Os 19 gols o colocam em terceiro na artilharia geral da NHL, atrás de Jeff Carter (PHI) e Thomaz Vanek (BUF) — este com interessantes 24 gols e 5 assistências na temporada. Esses 19 gols representam o começo mais rápido de um goleador em Boston desde Cam Neely, que marcou 19 gols em 28 partidas na temporada de 1994-95.

Jogador ainda muito novo, de apenas 21 anos de idade, promessa mais valiosa da franquia, agora vem colhendo os frutos de mais tempo de jogo e de atuar na potente linha do eternamente subvalorizado Marc Savard e Milan Lucic. Savard ainda é o líder do time, mas Kessel talvez seja a arma ofensiva mais potente.

Os Bruins? Vão cada vez melhor. Liderando a Conferência Leste com alguma folga, estão atrás apenas do atualmente inalcançável San Jose Sharks no geral. Antes dos jogos da terça-feira, a diferença para o segundo colocado na Divisão Nordeste, o Montreal Canadiens, era de tranqüilos nove pontos. O ataque é o mais positivo e a defesa a menos vazada da conferência.

Kessel esperava ser o primeiro geral no recrutamento de 2006, mas acabou sendo "apenas" o quinto. Como quase tudo na vida funciona na base das expectativas, aquilo foi um baque momentâneo para o jogador.

O gerente dos Bruins diz que, embora a atual pareça ser uma temporada em que Kessel esteja desabrochando para a NHL, na verdade trata-se de uma evolução natural, "porque ele sempre foi um grande talento, em todas as categorias por onde atuou. A surpresa talvez seja por ele não ter chegado a este antes."

Talvez não tenha chegado antes porque houve percalços no caminho. Na temporada de estréia, precisamente em dezembro de 2006, Kessel descobriu que tinha câncer nos testículos. Câncer é câncer, e certamente uma notícia assim abala mais de nove a cada dez pessoas. Não foi diferente com Kessel, mas ele fez uma cirurgia dias depois e, cerca de um mês a seguir, já estava com os Bruins novamente.

A temporada de estréia não teve apenas esse percalço. Houve dificuldades de adaptação ao sistema do então técnico Dave Lewis, e o resultado foi um escasso tempo de jogo naquele ano.

O panorama mudou na temporada seguinte. O novo técnico, Claude Julien, decidiu apostar no garoto e viu sua produção aumentar. De 11 gols e 29 pontos em 2006-07 para 19 gols e 37 pontos em 2007-08.

Mas, na hora derradeira — os playoffs —, Kessel foi sacado do time. Julien acredita que aquele momento foi importante para a carreira do jogador, que teve sua oportunidade naqueles mesmos playoffs e conseguiu absorver aquela experiência e trazê-la para esta temporada.

As duas primeiras temporadas, vistas de hoje, parecem ter sido apenas de aquecimento. Atualmente jogando na primeira linha do time, ele agora parece envenenado.

O jogo de Kessel ainda é essencialmente ofensivo. Aproveitando-se dos ótimos passes de Savard — com quem parece ter desenvolvido uma excelente química —, o jovem tem seus melhores momentos quando está na zona de ataque. Melhorar o jogo defensivo é outra meta, tanto do jogador quanto do técnico. Julien já tem deixado Kessel no gelo por mais tempo, inclusive em situações em que requer uma linha mais defensiva. Recentemente Kessel se viu defendendo uma vantagem de um gol contra o Tampa Bay no último minuto de jogo. Quando um jogador adversário armou-se para atirar de longe, Kessel mergulhou para bloquear o disco. Mas mergulhou de cabeça!

"Foi uma reação instantânea", diz ele. "Ainda bem que ele errou [o disparo]".

Ainda bem.

Marcelo Constantino prefere cerveja sempre com colarinho.

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Página publicada em 18 de dezembro de 2008.