Por: Alexandre Giesbrecht

Leio que mais uma vez está-se falando em acabar com as brigas durante os jogos da NHL, ao ao menos diminuir o número de ocorrências. Desta vez, muitos gerentes gerais apoiam a iniciativa e propuseram uma mudança nas regras que me parece sensata: dez minutos com direito a substituição para o jogador que se envolver em uma briga imediatamente após um faceoff ou em qualquer briga que os árbitros considerarem armada. Brigas armadas pouco ou nada têm a ver com hóquei e servem apenas para agradar aqueles "torcedores" que estão no estádio apenas para vê-las e nem ligam para o placar ou para outros aspectos do esporte.

A única coisa que eu mudaria seria o direito a substituição, porque assim o único penalizado é o jogador, e quem arma essas brigas normalmente são os grandes intimidadores brigões, como Georges Laraque, por exemplo. A bem da verdade, nesses casos Laraque quase nunca é o principal causador, como aconteceu no famoso caso em que Raitis Ivanans o desafiou de maneira quase amistosa para uma briga em novembro de 2006. É bom explicar que por armada não quero dizer que ela seja comparável às lutas encenadas da WWF a que muitos de nós assistimos nos anos 1980 e 1990 no SBT e na Bandeirantes, mas por brigas que não têm a ver com o jogo, servindo apenas para demonstrar a "superioridade masculina" de um ou outro.

Os GGs ainda querem o fim de brigas motivadas por trancos limpos. Tal tipo de briga pode ser considerado "justiça com as próprias mãos" e muitas vezes é prejudicada por uma visão preconceituosa (se for algm jogador com fama de sujo que tiver dado o tranco) e até pelo ângulo de visão de quem não vai esperar até o próximo intervalo para ver na televisão se o tranco foi limpo ou não. Faz sentido acabar com essas brigas, não?

Não sou daqueles falsos puritanos que defendem o fim das brigas no hóquei. Acho que elas têm, sim, sua função, mas concordo com os que pedem o fim daquelas que não têm função alguma no âmbito esportivo. Isso não seria a solução definitiva para o preconceito que boa parte da mídia brasileira tem para com o hóquei no gelo, mas já seria um passo nessa direção.


Enquanto escrevo estas linhas, os Penguins estão numa série de sete vitórias consecutivas, incluindo cinco seguidas fora de casa, a primeira vez na história que o time ganhou os cinco jogos de uma viagem. Essas sete vitórias, junto com a campanha de 10-1-1 desde que o técnico interino Dan Bylsma assumiu, fizeram com que as chances de classificação aos playoffs voltassem a ser algo realista, mas o curioso é que antes da série os Pens ainda estavam na briga e, mesmo com esses 14 pontos, não conseguiram se isolar dentro do G-8.

Se com uma campanha perfeita eles só se mantiveram na briga, imagine se a viagem tivesse sido abaixo da média. É exatamente isso que seria se o ex-técnico Michel Therrien não tivesse sido demitido. Eu não era a favor de sua demissão, mas é inegável que o time é outro sob Bylsma. A pergunta que não quer calar é: Bylsma, do alto de sua experiência de meia temporada como técnico profissional, é o responsável pela reviravolta ou os jogadores é que se comportaram como crianças diante de um professor cruel?

Todo mundo tem uma história sobre um mau chefe. Na imensa maioria dessas vezes, somos obrigados a trabalhar da mesma maneira que o faríamos se tivéssemos um chefe compreensivo, e deixamos para reclamar em casa ou com os amigos. Por que jogadores que recebem milhões têm o "direito" de ser diferentes? É bom Bylsma ser mesmo o responsável pela reviravolta, senão fica bem difícil falar algo positivo do caráter dos jogadores do Pittsburgh.

Com essa dúvida, soa estranha a atitude da diretoria do time, que mandou o ponta Luca Caputi para a ECHL por causa de alguma infração disciplinar que o jogador cometeu e não foi divulgada. Pouco mais de uma semana depois ele foi reintegrado ao elenco do Wilkes-Barre/Scranton Penguins, da AHL. Não sem antes alcançar lugar em uma nota de rodapé da história do hóquei: ele tornou-se um dos três jogadores da história a marcar gols pela ECHL, AHL e NHL na mesma temporada, ao lado de Joe Jensen, na temporada passada, e Joel Perrault, em 2005-06.


Se os Canucks e os irmãos Sedin não chegarem a um acordo para renovação dos contratos da dupla, veremos uma situação ímpar. Ambos tornar-se-ão agentes livres irrestritos e poderão assinar contrato com qualquer um. Mas eles já anunciaram que querem seguir jogando no mesmo time — e na mesma linha — e, com a produtividade que têm tido desde o locaute (ambos estão entre os 20 maiores artilheiros da liga nesse período), podem pedir pelo menos US$ 7 milhões por cabeça.

Mantendo a produtividade atual, pode ser uma barganha para muitos times, mas nem todos os que precisam desses números têm espaço sob o teto salarial para pensar em uma alternativa viável para assinar com os gêmeos. Pelo fato de serem dois jogadores em busca de um novo contrato, dificilmente veremos ambos ganhar contratos superdimensionados, mas talvez esteja no fato de seguirem jogando juntos a grande vantagem que eles veem na atual situação.

Como o mercado de contratos da NHL não costuma ser muito racional, vai ser interessante acompanhar o desenrolar deste caso.


Os Flames foram quase unanimamente considerados os grandes vencedores do dia-limite de trocas, na semana passada, mas a campanha de 1-3 desde então deve estar dando calafrios em sua torcida. É verdade que os quatro jogos foram na costa oposta, mas os 6-1 sapecados pelos Hurricanes, que brigam por uma vaga no Leste, e, principalmente, os 5-2 impostos pelos horríveis Thrashers preocupam e já devem ter feito todos esquecer a goleada por 5-1 sobre os Flyers na Filadélfia.

Alexandre Giesbrecht, 32 anos, é amigo de pelo menos três ex-chefes.
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Página publicada em 11 de março de 2009.