Por: Marcelo Constantino

Terminada a primeira fase dos playoffs, com tradicionais favoritos e azarões cumprindo seus papéis, vale dar uma passada geral nas séries realizadas. Começando pela Conferência Oeste e o resultado mais sensacional desta primeira fase: a eliminação do favorito e vencedor do Troféu dos Presidentes: San Jose Sharks.

San Jose x Anaheim — O que mais dizer? Catastrófico, humilhante, patético? A humilhante eliminação dos Sharks é comparável à eliminação dos Red Wings para os Oilers, anos atrás. Só que os Sharks não têm Copas Stanley na prateleira pra se confortar.

O que os Sharks devem fazer? Vejam bem, os Sharks reforçaram-se pontualmente para esta temporada. Trouxeram um novo treinador, dois bons e veteranos defensores com títulos no currículo. É bem verdade que trouxeram de volta também o homem-tartaruga, mas isso é irrelevante. Tudo isso para espantar de vez a nascente sina time que amarela nos playoffs. E o resultado de tudo isso? Uma amarelada ainda mais regurgitante.

Os Sharks ainda têm estrada pela frente para quebrar esse estigma, e jogadores como, Evgeni Nabokov (criticadíssimo na série), Joe Thornton e Patrick Marleau são os atores (e focos) principais. O peso da eliminação recai sobretudo nas costas deles. A solução seria negociá-los? Muito cuidado com isso: essa idéia foi cogitada também em Detroit, pelos mesmos motivos, para jogadores como Sergei Fedorov e Pavel Datsyuk. Sem contar que o estigma atual os desvaloriza no mercado. Faltam jogadores decisivos aos Sharks? Não exatamente. Falta mesmo é um conjunto com a gana suficiente e necessária de vencer a Copa. Nenhum time vence a Copa sem isso.

Nenhum outro time do Oeste entra na próxima fase com tanta moral quanto os Ducks, mas o que isso vai significar é o que iremos ver. O quarteto principal de defensores da equipe é muito acima da média de toda a NHL, mas falta profundidade nas linhas de ataque. Jonas Hiller é a grande novidade desses playoffs e encarar o diversificado ataque do Detroit será seu novo e grande desafio.

Fica a lição eterna: jamais duvide de qualquer coisa em se tratando de playoffs da NHL.

Detroit x Columbus — Os Blue Jackets até que conseguiram equilibrar as coisas no último jogo, mas jamais conseguiram estar à frente dos Red Wings na série inteira. Eles reagiram três vezes, empataram o jogo duas vezes depois de estarem perdendo por dois gols de diferença. Mas sempre o Detroit, mesmo com seu setor defensivo falhando como ao logo da temporada, ia lá e marcava o gol que o colocava na frente. E o gol que fechou a varrida veio no minuto final. Entretanto, não foi uma má estreia do Columbus: o Detroit é que realmente permitiu pouquíssimas chances.

Vancouver x St. Louis — O Vancouver é o time menos badalado dentre os cabeças de chave, mas foi um dos que varreram tranquilamente seu adversário inicial. Estará o Vancouver caminhando fora do radar ou o adversário (St. Louis Blues) era realmente fraco? Eu não consigo conceber a existência de um time "fraco" nos playoffs, mas não consigo ver favoritismo no Vancouver para chegar à final. Os Blues? Felizes por terem chegado aos playoffs numa temporada em que praticamente ninguém apostava nisso. Seja como for, a série fácil deixa os Canucks descansados para encarar os Hawks. E o descanso será mais que positivo para a recuperação do time, que deverá contar com a volta de Mats Sundin e Sami Salo. E atenção: o Vanvouver é o único time canadense remanescente nesses playoffs.

Chicago x Calgary — No fim das contas a juventude, a velocidade e sobretudo a vontade dos Hawks foi sim superior aos Flames. Bem superior. Houve jogos em que eles brincaram com o time canadense. A experiência aliada à força do time canadense ruiu rapidamente e nem mesmo no gol a equipe pode tentar se escorar. Pela quarta vez consecutiva os Flames vão para casa depois da primeira rodada. E desta vez com provavelmente o melhor elenco das quatro vezes. Pelo menos tendo saído como o grande comprador do dia-limite de trocas, que trouxe Olli Jokinen para Calgary. Dou meu braço a torcer: o Chicago realmente está com cara time que vai longe nesses playoffs. Nikolai Khabibulin fechou qualquer possibilidade para os Flames no jogo 6 com incríveis 43 defesas, mas foi como um "paizão" para a equipe em toda a série. Playoffs com Jonathan Toews, Patrick Kane e Kris Versteeg serão mais divertidos.

Boston x Montreal — Conforme previsto pela maioria, o Boston não tomou conhecimento do Montreal e varreu o time canadense. A frustração dos Canadiens era latente desde o primeiro jogo: parecia que o próprio time sabia que não tinha a menor condição de vencer os Bruins. Ou talvez o time já tenha entrado no gelo com o sentimento de derrota. O fato é que alguns jogadores tentaram quebrar esse sentimento (ou buscaram extravasar sua frustração) apelando para provocações. Em vão.

Washington x New York Rangers — Os Rangers chegaram até o jogo 7 graças unicamente a Henrik Lundqvist. Foi ele quem venceu três jogos para o time. Foi a falta de uma atuação espetacular dele nos jogos 5 e 6 que levou a série para o jogo 7. E graças a ele em grande parte que o jogo 7 caminhava para a prorrogação, até que Sergei Fedorov, reeditando um gol da vitória que ele mesmo marcara contra os Capitals no jogo 3 das finais de 1998, marcou o gol que fecharia a série. Sublime.

New Jersey x Carolina —Os Hurricanes saíram do limbo na temporada para chegar aos playoffs. Nos playoffs, fizeram uma série de igual para igual contra os Devils, mas estava a um passo, ou melhor, a um gol da derrota no jogo 7. Até que Jokinen (o Jussi, não o Olli) mandou o disco para dentro depois de uma longa, bem trabalhada e muito brigada jogada do time. Faltavam menos de dois minutos para acabar. Silêncio em Nova Jérsei. E, do silêncio para a estupefação, foi apenas um minuto: Eric Staal marcou logo a seguir o gol da virada. Imagine você administrar sua classificação durante todo o terceiro período e vê-la se esvair num curto espaço de um minuto, deixando-o praticamente sem chance sequer de levar o jogo para a prorrogação. Agora imagine-se estando do outro lado. Agora você entende o sabor que está na boca de cada Hurricane neste momento.

Pittsburgh x Philadelphia — Esta foi a série com os jogos mais corridos. Raramente um dos times ficava cozinhando o disco em sua zona defensiva, era corrida pra frente e pra trás o tempo inteiro. No fim das contas, os Flyers foram um bom começo para os Penguins, que já vêm quentes desde a temporada. E, para os demais adversários da Conferência Leste, ficou a lição (que é evidente, mas muitas vezes nos esquecemos do óbvio): você não vencerá o Pittsburgh se não conseguir anular Sidney Crosby e Evgeni Malkin.

Marcelo Constantino, 35, tornou-se atleta aos 34 anos de idade.

AP
Eric Staal marca o gol da virada faltando pouco mais de meio minuto para o fim do jogo, deixando atônitos Martin Brodeur, jogadores e todo o estádio dos Devils, que venciam a partida até um minuto antes.
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Página publicada em 29 de abril de 2009.