Por: Humberto Fernandes

Apesar da campanha superior durante a temporada regular, o Phoenix Coyotes não se considerava favorito no confronto contra o Detroit Red Wings, em parte porque a equipe tem um elenco mais limitado do que o do adversário e também porque os Red Wings consagraram-se como o melhor time da NHL desde as Olimpíadas.

Diante deste cenário ameaçador, os Coyotes montaram um estilo de jogo baseado em defensividade e agressividade. Funciona assim: sempre que o Phoenix tem a liderança no placar, o time inteiro recua, com os cinco patinadores se posicionando atrás da linha do disco, bloqueando os ataques do adversário; e em todas as disputas de disco, os jogadores atacam os adversários com trancos, a ponto dos companheiros no banco gritarem "corpo" (body) para lembrá-los de seu papel no gelo.

No jogo 1, vencido pelo Phoenix por 3-2, os Red Wings tanto descobriram como seria dura a série quanto conheceram o rosto do seu inimigo. Foi graças a Shane Doan que os Coyotes venceram a partida. O Capitão Coiote não fez gol, mas cumpriu o seu papel como uma verdadeira peste, penetrando na cabeça dos jogadores do Detroit a cada tranco bem desferido. Nitidamente os Wings caíram de rendimento durante o jogo quando Doan começou a aparecer em todos os lances derrubando um jogador de branco.

Apesar de não retaliar os ataques de Doan e dos Coyotes, os Red Wings se viram no banco de penalidades em quatro ocasiões distintas. Nas três primeiras, os Coyotes marcaram gols em vantagem numérica. O jogo 1 foi decidido pelos times especiais e por Doan.

A desvantagem na série não deixou o Detroit desesperado. O primeiro período do jogo 2 fez sua torcida temer por uma nova derrota. Então veio o segundo período, um dos melhores de toda a pós-temporada, daqueles que vai para a coleção na estante. Red Wings e Coyotes trocaram cinco gols no intervalo de 3:58 e o jogo ficou empatado.

Os Coyotes poderiam ter vencido também o jogo 2, mas Henrik Zetterberg roubou a partida para os Red Wings ao marcar um hat trick. A atuação da segunda linha de ataque do Detroit, formada por Todd Bertuzzi, Valtteri Filppula e Zetterberg, justificou a opção do treinador Dave Tippett de enfrentá-los com o principal par de defesa de Phoenix (Ed Jovanovski e Zbynek Michalek), deixando a cargo do segundo par (Adrian Aucoin e Sami Lepisto) a missão de encarar a linha de Pavel Datsyuk (com Tomas Holstrom e Johan Franzen). Na teoria, é a linha do russo a número um do Detroit.

Se o jogo 1 foi de Doan, o jogo 2 foi de Zetterberg. Há de se ressaltar, também, o poder de reação dos Wings, que buscaram o empate no placar por três vezes.

O Detroit não carregou para o jogo 3 a boa atuação dos 40 minutos finais da partida anterior. Foi o Phoenix, aos 29 segundos, que abriu o placar, obrigando os Red Wings a correrem atrás desde o começo.

Foi neste jogo que, pela primeira vez no confronto, o empate não dominou o placar pela maior parte do tempo. Em toda a série, os Coyotes lideraram por 30% do tempo, contra 20% dos Red Wings. Das quatro horas de confronto, durante exatamente 1h59min50s os times estiveram empatados.

Logo no começo do segundo período, Doan estava em um dos seus turnos de total dedicação, quando se esborrachou contra as bordas e deixou a partida. Mesmo sem seu capitão, os Coyotes dominaram as ações, principalmente porque sua defesa é muito consistente e forte no ataque — nenhum outro time teve tantos gols marcados por defensores durante a temporada regular.

Petr Prucha, que não é defensor, marcou um dos mais belos gols dos playoffs. Ele não driblou adversários, também não acertou um chute no ângulo, mas é impossível questionar a beleza de toda a jogada.

De novo em desvantagem na série e correndo o risco de viajar para o jogo 5 em Phoenix encarando a eliminação, o Detroit não se desesperou, embora, nessas horas, o desespero como sinônimo de ódio e raiva é sempre bem-vindo.

Ao não marcar um gol no primeiro período, os Coyotes passaram 20 minutos em branco pela primeira vez na série. Até o fim do jogo, seriam três períodos sem marcar gols.

O 0-0 se arrastou por 35 minutos, até que Zetterberg, o melhor jogador do confronto, marcou o gol que seria o da vitória dos Red Wings.

Não sem antes passar um sufoco diante da ofensiva dos Coyotes. No terceiro período, os visitantes desperdiçaram diversas oportunidades de gol e, faltando menos de dez minutos, atuaram por 3min42s em vantagem numérica, incluindo 18 segundos com dois homens a mais no gelo. Depois do jogo 1, em que marcaram três gols em três oportunidades de vantagem numérica, os Coyotes não conseguiram aproveitar as chances, esbarrando em Jimmy Howard e no agora eficiente time de matar penalidades do Detroit.

Empatada em 2-2, a série virou uma melhor de três. Para o jogo 5, os Coyotes devem contar com o retorno do capitão Doan, o que pode fazer com que a partida seja mais parecida com a primeira, em que o Phoenix foi mais forte e mais rápido, do que com a última.

Humberto Fernandes assistiu a todos os quatro jogos do confronto entre Detroit e Phoenix.

AP
Para evitar o choque contra o indefeso Jimmy Howard, Shane Doan saltou e se esborrachou contra as bordas, machucando o ombro.
(18/04/2010)

AP
Henrik Zetterberg foi o responsável direto pelas vitórias dos Red Wings nos jogos 2 e 4.
(20/04/2010)

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Página publicada em 23 de abril de 2010.