Por: Thiago Leal

O Chicago Blackhawks tem o melhor time desses playoffs. E terão seu teste final contra o melhor time desses playoffs, o San Jose Sharks. Cada um dos dois é melhor a sua maneira. Os Hawks como uma equipe. Os Sharks como um time de jogadores matadores, o que nem sempre pode dar resultado, mas graças a Dany Heatley a linha mais talentosa do time vem funcionando — e Joe Pavelski dá seu show à parte.

De um lado, aquele que muitos esperavam e finalmente chegou. Um time novo, o Chicago. E do outro, uma equipe que vem superando seus traumas.

Desde já, adianto que acredito que o campeão da Copa Stanley sairá do confronto entre Sharks e Hawks. Claro que acredito que, uma vez na finalíssima, os Hawks teriam mais possibilidades de levantar o troféu que os Sharks. Mas vejo os dois igualmente como times prontos para a conquista. Porque ninguém foi melhor que eles na NHL. OK, OK... o Washington Capitals. OK. Mas todos sabemos mais ou menos como isso sempre termina. Nem mesmo o ataque fulminante dos Caps seria capaz de carregar um time sem excelência na defesa. E Mike Green não foi capaz de dar essa segurança. Os Sharks têm esse pequeno detalhe que faz tanta diferença. E o Chicago, então, nem se fala. Estamos falando do melhor sistema defensivo da NHL. A terceira melhor defesa da liga poderia dizer alguma coisa. Mas o modo como defensores como Duncan Keith e Brent Seabrook trabalham dão um testemunho melhor do potencial da franquia. Como sou um fã que defende que um grande time de hóquei depende necessariamente de uma grande defesa e vejo um bom defensor como posto mais importante que um grande central, só posso apostar nos Hawks de Keith, não nos Sharks de Thornton.

Certo, os Sharks têm Nabokov atuando bem e possuem os experientes Dan Boyle e Rob Blake para fechar sua defesa também — só acredito que é o setor que vai definir a série, e vejo o Chicago mais forte nele. O time da cidade dos ventos também aprsentou uma evolução bem maior da última temporada para cá.

Como já disse em outros artigos minhas impressões a respeito dos Sharks e até o presente momento elas ainda são as mesmas, me concentro agora em um dos times que mais admiro no momento, ao lado do Boston Bruins: o Chicago Blackhawks, a começar por dois jovens talentos. Eu poderia cair no clichê de dizer que Jonathan Toews e Patrick Kane serão o futuro do Chicago. Não deixaria de ser verdade. Mas os dois já estão cumprindo com as expectativas que agregaram quando recrutados, principalmente Toews. A dupla de ataque tem características parecidas. São habilidosos, jogam limpo, acumulando poucos minutos de penalidade, e são bons marcadores, ajudando e muito a eficiente defesa do Chicago. Então os Hawks possuem dois atacantes eficientes em marcar gols e assinalar assistências com a mesma facilidade que apoiam a defesa. Talvez seja por isso que o sensacional Keith tenha tanta liberdade em subir ao ataque. Então aqui temos a situação inversa, um defensor com a mesma facilidade para atacar e defender — talvez o tipo de atleta mais valioso neste esporte, ao lado, claro, de um grande goleiro. Marián Hossa, que chegou como estrela, vem sendo coadjuvante. De Kane, Toews, Duncan e também de Patrick Sharp e Seabrook (mais um grande defensor).

Eu só não esperava que os Hawks estivessem prontos tão cedo. Eu acreditava que veria Toews chegar aos seus 25 anos e Kane aos 23 ou 24 antes que o time realmente se apresentasse sólido o suficiente para conquistar qualquer coisa. O panorama atual da NHL favoreceu aos dois jovens atletas: todos os holofotes estavam voltados para outras praças. Enquanto em Chicago as injeções de insulina de Jay Cutler ou Kirk Hinrich colocando o protetor dental para fora chamam mais atenção que os gols de Kane, a NHL concentrou suas atenções em Pittsburgh, graças ao menino-prodígio Sidney Crosby, em Washington, por causa de Alexander Ovechkin e em San Jose com as recentes boas campanhas do time local em temporadas regular. Sem dúvida Kane e Toews tiveram muito mais espaço para respirar que Crosby, Evgeni Malkin, Ovechkin ou Mike Green. Toews em si vem sendo o produto do marketing do time desde seu recrutamento. Recebeu o posto de capitão cedo e sempre foi paparicado como o filho preferido da casa. A diferença é que só recebia a atenção que precisava. Tudo isso só acontecia ali. Quando ia visitar o Detroit Red Wings, tornava-se um jogador como outro qualquer e teve que aprender a se virar junto com seus companheiros. O resultado é que o sucesso dos Hawks, que parece repentino, foi sendo construído ao longo de duas, três temporadas de trabalho. E sem dúvida nesse tempo todo Keith foi a espinha dorsal do time.

A rigor, tanto Toews quanto Kane já vieram muito bem na pós-temporada passada, quando o Chicago chegou a ensaiar uma surpresa para cima do Detroit Red Wings, mas acabou não acontecendo. Martin Havlat foi o jogador mais importante da equipe, tanto na temporada regular quanto nos playoffs, mas os jovens talentos tiveram grande participação.

Já o San Jose Sharks engrena uma temporada depois de ter vivido a grande decepção da NHL. As primeiras rodadas do confronto contra o Colorado Avalanche serviram para acordar a franquia? Sim, é batido falar isso, mas o time mudou completamente sua forma de jogar das últimas duas partidas dessa série inicial em diante. Tornou-se o time que todos gostaríamos de ver — ou pelo menos que todos os seus torcedores gostariam.

Apesar de ser tentador, não é recomendável comparar os dois times. Até vejo o Chicago como uma equipe que passou melhor por dois times mais difíceis. Nunca é fácil enfrentar o Nashville Predators e nem preciso falar a respeito do Vancouver Canucks, um dos possíveis favoritos à Copa Stanley. Do lado oposto o San Jose Sharks se engalhou no Colorado Avalanche, um time em reconstrução, mas em seguida arrancou a toda, embora tenhamos que concordar que o Detroit Red Wings fez sua pior temporada em muito tempo. Também não é possível dar uma previsão sobre o confronto. Mas como não posso cair no chavão de dizer que só quando o disco cair no gelo vamos saber o que vai acontecer, vejo os Blackhawks em vantagem por motivos como já enumerei. Apesar de que meu argumento de que os Hawks têm mais defesa acabam parecendo vazios se considerar o histórico recente. As duas franquias se enfrentaram quatro vezes e os Hawks venceram três. Dizer que os jogadores mais importantes dos confrontos foram Toews, Kane e Keith não deve ser nenhuma novidade. Hossa teve sua importância. E o Chicago foi absurdamente dominante no ataque, parecendo até uma inversão de papéis.

Os quatro confrontos de temporada regular mostram a questão do coletivo Chicago e do talento individual do San Jose como anunciei — opa, olha eu aqui comparando os times! Enquanto os Sharks concentraram suas forças em uma estrela ou outra por confronto (Patrick Marleau, Dany Heatley...), os Hawks se mantiveram em absurda sintonia, alternando as tentativas de gols entre seus principais jogadores. E olha que acompanhar o ímpeto de um cara rápido como Kane é difícil... mas Seabrook, Keith, Toews & cia. o acompanharam direitinho e os Hawks massacraram os Sharks em chutes. E isso vale para qualquer um dos confrontos.

Claro que em playoffs é diferente. Mas entre dois times prontos, vejo os Hawks em vantagem.

Thiago Leal terá novidades em breve.
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Página publicada em 23 de abril de 2010.