Sobre como pequenos detalhes, fatores extra-gelo e capitalizar o momento positivo podem decidir uma série

Repetindo uma frase muito usada nessa temporada ao redor de todos os periódicos relativos à NHL: bem-vindo a uma nova era na liga!

Os playoffs chegaram apresentando mais uma faceta diferente desta temporada em relação às anteriores: pouco importa ser o primeiro ou o oitavo classificado. Desde que você esteja lá, você é um candidato ao título.

Podemos comprovar isso pelos confrontos que supostamente seriam mais desiguais. Wings x Oilers, por exemplo, deveria ser uma série totalmente favorável aos Wings passarem rápido e descansarem para a próxima fase — quem acompanha a série, sabe bem que isso não se parece em nada com a realidade. Avs e Stars, apesar da distância na classificação, têm uma diferença muito pequena entre os elencos, tornando a série muito igual. Até mesmo no Leste, os Habs têm dado uma suadeira tremenda para os grandes favoritos Hurricanes.

As coisas não poderiam ser diferentes para a série entre Senators e Lightning. Muitos esperavam uma série fácil para a equipe da capital canadense e a prova de que tudo não passava de um engano veio logo nos dois primeiros jogos.

Se analisarmos as equipes friamente no papel, veremos uma dupla de equipes equilibradas. O número de jogadores capazes de desequilibrar de ambos os lados é bastante parecido. O grande trunfo dos canadenses é a sua profundidade e facilidade em rolar as quatro linhas, enquanto os Bolts sofrem para fazer a rotação entre as suas primeiras três linhas (a prova disso veio no jogo 1, quando Varada, Vermette e Eaves tiveram mais do que o dobro de tempo no gelo do que Dingman, Arthyukin e Taylor). O outro grande diferencial seria a defesa dos Sens, muito mais completa. Chara, Redden e Phillips estão milhas à frente de Boyle, Kubina e Ranger.

Mas, quando vamos para o gelo, a diferença entre os times se estreita, e o que se observa é o quanto o jogo de hóquei pode ser decidido em um detalhe, um minuto, um erro.

Os times especiais

No jogo 1 a partida se encontrava equilibrada e com apenas um gol de vantagem a favor dos Bolts. Até que em um rompante de duas vantagens numéricas seguidas os Sens viraram o jogo para 2-1, com direito ao primeiro gol de Havlat no ano de 2006 e um belo chute de Spezza, mais conhecido por suas assistências para Heatley e Alfredsson do que pela precisão de suas tacadas.

Para completar o bom momento os Sens ainda marcaram o terceiro gol em desvantagem numérica, através de Mike Fisher. O placar foi fechado com o gol em rede vazia de Daniel Alfredsson: 4-1. Mas o número que realmente representa bem o resultado é o aproveitamento em vantagem numérica: enquanto os Sens fecharam com dois gols em seis oportunidades, os Bolts não passaram de um gol em nove chances, sofrendo ainda um gol quando se encontrava em vantagem.

A queda de um gigante e o agigantamento do pequenino

O segundo jogo da série não foi muito diferente do primeiro: muito equilíbrio, jogo rápido com muitas transições rápidas e roubadas de disco. Após trocar gols durante os dois primeiros períodos, os Bolts sofreram o terceiro gol e pareciam condenados à derrota, especialmente com a estatística desfavorável (os Sens foram a equipe mais eficiente em defender uma liderança no terceiro período).

Tudo mudou quando Martin St. Louis resolveu mostrar o hóquei que levou o Tampa Bay a conhecer a Copa Stanley mais de perto. Favorecido pela ausência de Wade Redden, que passava a noite em sua cidade natal devido ao falecimento de sua mãe, St. Louis infernizou a defesa dos Senators, marcando dois gols, incluindo o da vitória.

Os times agora se dirigem para Tampa, onde o time da casa tem agora a chance de decidir a série em casa. Se for para continuar a ser decidida no detalhe, é bom que as estrelas dos Sens — que costumam apagar nesse período do ano — voltem à ativa, antes que seja tarde demais. E que mais uma oportunidade de ouro de chegar a Stanley vire a decepção de toda uma cidade.


Daniel Novais escreveu essa matéria após acompanhar o nascimento de Maria Clara. Bem-vinda ao mundo!
HAVLAT Após uma longa contusão que o deixou fora de mais de três quartos da temporada regular, Havlat volta como peça decisiva no primeiro jogo (Yahoo)
REDDEN Após perder sua mãe, Redden foi figura ausente fundamental para a vitória dos Bolts no jogo 2 (Canada.com)
ST. LOUIS O pequeno gigante está de volta para atazanar a vida de seus adversário. Dois gols e resultado final série empatada (Yahoo)
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Página publicada em 26 de abril de 2006.