Por: Alexandre Giesbrecht

Chegamos àquela época do ano em que todo mundo dá seus pitacos sobre a disputa pelas últimas vagas para os playoffs. Como a temporada da NHL é longa (82 jogos por time), quase todas essas vagas são decididas bem antes do último dia de jogos, por isso o pessoal começa a vomitar opiniões desde março. E eu percebi que ficaria de fora se não vomitasse a minha logo.

Ou será que eu não ficaria? Afinal, no instante em que escrevo estas mal-traçadas, o 7.º e o 11.º colocados no Leste estão separados por míseros dois pontos. Com o 12.º e o 13.º ainda mantendo contato visual (cinco pontos atrás), o panorama atual do Leste aponta para uma decisão nos últimos dias, possivelmente no photochart.

O sexto colocado Tampa Bay, que em janeiro parecia estar a poucas derrotas de promover uma verdadeira liqüidação, esquentou e conseguiu abrir alguma distância (quatro pontos neste instante) do pelotão que briga pelas últimas vagas. Essa reação, aliás, vale uma pequena história. No dia 1.º de janeiro, o técnico John Tortorella anunciou em alto e bom som que a diretoria estava disposta a desmontar a equipe.

"Achei que devia aos jogadores essa sinceridade", conta Tortorella. O time mostrou que tinha sangue nas veias e cravou 16-5-1 nos 22 jogos seguintes — e tanto Vincent Lecavalier como Martin St. Louis despontaram para assumir respectivamente a segunda e a terceira colocações na artilharia da liga. Foram também essenciais as boas atuações do goleiro Johan Holmqvist, sueco de 28 anos (novato na NHL, apesar da idade) que se aproveitou da irregularidade do ex-titular Marc Denis.

Holmqvist tem 23 vitórias e média de 2,84 gols sofridos em 40 jogos. Esses números também serviram para fazer Denis começar a produzir: nas últimas partidas, sua performance melhorou bastante.

Mas acho que desviei um pouco do meu assunto original, não? Então vamos pela ordem.

Os Islanders atualmente ocupam a sétima posição, com o mesmo número de pontos (78) que os Hurricanes. E estão até confortáveis, pois têm um ou dois jogos a menos que os times logo abaixo. O time do técnico Ted Nolan está produzindo acima do esperado, mas ainda precisa melhorar seus times especiais. A equipe de vantagem numérica é a 23.ª na liga (16,4%) e a de desvantagem numérica é a 21.ª (81,2%). Já é uma evolução em relação ao começo do mês (ocupavam, respectivamente, a 26.ª e a 24.ª posições), mas ainda não é bom o bastante. Só os bons números do goleiro Rick DiPietro não vão bastar nos playoffs.

Logo abaixo dos Isles, vêm os Canes, que correm o risco de ser o primeiro campeão a não ter a chance de defender seu título nos playoffs desde os Devils de 1995-96. É lógico que as contusões de jogadores importantes ao longo da temporada não ajudaram, mas a queda na produção de Eric Staal — ele marcou 45 gols na temporada passada, mas tem apenas 26 nesta — também não deve ser desmerecida.

Um ponto abaixo de Isles e Canes estão os Maple Leafs, que contam com uma carta na manga: cinco de seus últimos oito jogos serão em casa. O problema dessa carta é que o time tem um pífio aproveitamento de 50% no Air Canada Centre. A culpa disso, claro, não é do capitão Mats Sundin. Mesmo aos 36 anos, ele é o artilheiro e o goleador do time, com uma média de um ponto por jogo.

Mais um ponto abaixo, e chegamos aos Rangers, que sentem muita falta do contundido Brendan Shanahan. Ao menos Sean Avery, que chegou pouco antes do dia-limite de trocas, tem dado alguma flexibilidade ao técnico Tom Renney. Qualquer projeção do futuro dos Rangers tem de levar em conta Jaromir Jagr e seu ombro operado, mas o quadro não é nada bom. Seus 54 gols em 2005-06 despencaram para apenas 24 até agora.

O último entre os times com chances reais de se classificar é justamente o que sofreu o maior baque. Os Canadiens, que tanto confiavam no goleiro Cristobal Huet, vão ter de se virar sem ele, contundido no mês passado. É pressão demais sobre David Aebischer, que até está se virando como pode, e sobre o novato Jaroslav Halak, que ganhou seus três primeiros jogos, mas não venceu mais nenhum.

Não é difícil prever que os times com menos problemas é que se classificarão para enfrentar os favoritíssimos Sabres e Devils. Por isso, os Isles parecem ter mais chances, e deverão ser acompanhados pelos Canes.

Já que o assunto da capa é o New Jersey Devils, um pequeno detalhe passa despercebido, mas é bem interessante. O goleiro Martin Brodeur não gosta de adquirir maus hábitos. Por isso, ele só permite que jogadores com talento ofensivo treinem pênaltis contra ele. Parece estar funcionando: com oito vitórias em disputas por pênaltis, ele só perde no quesito para Ryan Miller, que tem dez.
E os Penguins anunciaram que ficarão em Pittsburgh. A cidade até chegou a pedir seis, mas, depois que Mario Lemieux e sua trupe pediram nove, os políticos não tiveram coragem de pedir 12. Comparações com truco à parte, o acordo foi bom para ambas as partes. Os Pens até vão contribuir com mais dinheiro do que gostariam, mas conseguiram baixar a pedida do governo até um patamar bem mais palatável.

Por outro lado, as autoridades arrancaram um compromisso financeiro poucas vezes visto por parte de um clube em qualquer esporte norte-americano. Com isso, ganha a torcida de Pittsburgh, que não perde seu time para Kansas City e ainda ganha um estádio que poderá ser usado para outros fins — a precária Mellon Arena muitas vezes fica de fora de circuitos culturais por não preencher requisitos básicos de segurança ou infraestrutura.
Alexandre Giesbrecht, publicitário, visitou a redação de Placar na semana passada. É como a Disneylândia para ele.
Jim McIsaac/Getty Images
Não é qualquer um que pode treinar pênaltis com Brodeur.
(24/02/2007)
Divulgação
Desenho de uma das propostas arquitetônicas do novo estádio
que será construído pelos
Penguins em Pittsburgh.
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Página publicada em 14 de março de 2007.