Por: Humberto Fernandes

A pouco mais de três semanas do fim da temporada regular, a corrida pelos playoffs na Conferência Oeste ganha contornos dramáticos. Primeiro, pela tentativa de reação do Colorado Avalanche, que precisa vencer todos os seus jogos e ainda torcer por derrotas dos rivais diretos — e a combinação desses dois fatores simultaneamente não parece muito provável — para conquistar uma vaga na pós-temporada. Depois, pela indefinição das posições.

Enquanto na Conferência Leste desenham-se duelos entre Ottawa Senators contra Pittsburgh Penguins e Tampa Bay Lightning contra Atlanta Thrashers, no Oeste a única certeza é a de que Detroit Red Wings ou Nashville Predators e o Anaheim Ducks serão os primeiros colocados. Mesmo com 70 jogos disputados é impossível prever qualquer confronto. Na quarta-feira, dia do fechamento dessa edição de TheSlot.com.br, apenas três pontos separavam o quinto colocado Dallas Stars do oitavo Calgary Flames. Ao mesmo tempo, o Vancouver Canucks liderava a Divisão Noroeste com apenas um ponto de vantagem para o Minnesota Wild.

Nessa reta final de classificação é interessante estudar o calendário de jogos restantes para as equipes envolvidas. O Wild aparentemente tem o melhor caminho até os playoffs, enfrentando apenas quatro adversários acima dos 50% de aproveitamento nos 11 jogos que lhe restam, sendo oito deles em casa. Por outro lado, os Flames viajarão em nove das 13 partidas, enfrentando adversários bem classificados em 11 delas.

Somente nos últimos dias de temporada regular as equipes do Oeste definirão suas posições. A paridade na tabela faz com que todas as situações sejam possíveis. E embora no mundo dos esportes coletivos exista a máxima de que "time que quer ser campeão não pode escolher adversário", há um caminho mais fácil para alcançar a segunda rodada dos playoffs da conferência. É um atalho, menos complicado, pelo qual pode-se evitar maiores problemas. Basta enfrentar o Dallas Stars em abril.

Quem tem medo dos Stars?

Pode soar como ultraje, em virtude da campanha da equipe na temporada, mas na realidade o Dallas seria o adversário ideal para uma tranquila vitória na primeira rodada.

Os problemas dos Stars começam pelo ataque. Anêmico, amarelento e fraco são adjetivos utilizados frequentemente para descrever o combalido poder ofensivo da equipe, de longe o pior entre os 16 classificáveis. A tabela de artilharia local é elucidativa: o líder, com míseros 46 pontos, é defensor (Philippe Boucher), e o vice-líder (Sergei Zubov) também. Durante parte da temporada Boucher unificou a artilharia com a liderança em gols marcados, até ser ultrapassado por Jere Lehtinen, único atacante com mais de 20 gols no elenco.

Ao lado de Lehtinen, destaca-se Mike Modano, que vem recuperando sua melhor forma. O central marcou o gol da vitória nas duas últimas partidas, contra os piores times da NHL, Los Angeles Kings e Philadelphia Flyers. Tornou-se ainda o segundo jogador norte-americano a atingir a marca de 500 gols na carreira. Daqui em diante o nível da lista tende ao zero absoluto: Mike Ribeiro, Jussi Jokinen, Eric Lindros, Niklas Hagman, Jeff Halpern e Patrik Stefan são incapazes de fazer duas coisas ao mesmo tempo, como patinar e chutar ou pensar pra quem passar o disco e não perdê-lo nesse ínterim. Nem mesmo Ladislav Nagy, aposta recente, tem tido boas atuações.

O fator determinante de sucesso da equipe tem sido o goleiro Marty Turco. Seus números em temporada regular são excelentes. Porém todo mundo sabe que nos playoffs Turco não faz muito além do que um barril de Gatorade faria. Nos dois últimos anos os Stars foram eliminados em cinco jogos na primeira rodada, ou seja, Turco venceu apenas dois de dez jogos disputados, sofrendo em média 3,6 gols por partida e defendendo apenas 86% dos chutes.

Turco carrega toda a desconfiança do mundo do hóquei, principalmente de sua própria torcida. E esse pode ser um fardo muito pesado contra o que ele terá que lidar nos playoffs. Com um agravante: o reserva, Mike Smith, faz ótima temporada e pode ter sua chance de brilhar caso o titular não supere as adversidades.

Por mais que a defesa da equipe seja excepcional, com Zubov e Darryl Sydor na primeira linha, Boucher e Mattias Norstrom na segunda, Stephane Robidas e Trevor Daley na terceira, e os Stars baseiem seu estilo de jogo nessa vertente, dificilmente seria o suficiente para carregar a equipe na pós-temporada. A fraqueza do ataque e o goleiro irregular reduzem seu poder de competição.

No papel os Stars não têm força para competir contra as demais potências da conferência. É difícil imaginá-los derrotando os Canucks de Luongo, os Red Wings de tantos jogadores ou os Sharks daquele ataque infernal em longas séries nos playoffs. Aliás, é difícil entender como um elenco tão limitado fez tanto na temporada, a ponto de sonhar com a liderança da Divisão do Pacífico na má fase enfrentada recentemente pelos Ducks. Não fosse o título da página de estatísticas, os Stars passariam facilmente como Columbus Blue Jackets ou Phoenix Coyotes.

É por isso que os Stars podem servir como sparring de luxo na primeira rodada. Não se pode escolher adversário, mas se possível que seja um fraco, assim como eles.

Humberto Fernandes recomenda o seriado Prison Break como o melhor da televisão americana — anos-luz à frente da novela Lost.
Ronald Martinez/Getty Images
Mike Modano provavelmente se aposentará como o maior atacante da história do hóquei dos Estados Unidos.
(13/03/2007)
Tony Gutierrez/AP
As verdadeiras estrelas estão na defesa, como Mattias Norstrom e Philippe Boucher, porque o ataque é sofrível.
(04/03/2007)
Ronald Martinez/Getty Images
Não vá amarelar de novo, hein! Marty Turco sempre amarela nos playoffs.
(02/03/2007)
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Página publicada em 14 de março de 2007.