Por: Rafael Roberto

Na minha pausa para o almoço da última quinta-feira li o bom artigo de Damien Cox, no site da ESPN, onde ele escreve sobre o aniversário de três anos do incidente entre Todd Bertuzzi e Steve Moore. Lá ele escreve que o sentimento de vingança que motivou o ataque de Bertuzzi a Moore continua muito evidente entre os jogadores da NHL. Infelizmente ele foi profético também.

Naquele mesmo dia esse sentimento entrou no gelo mais uma vez, provocando um incidente feio. Faltava pouco mais de seis minutos para o fim do jogo entre os times de Nova York, Islanders e Rangers, quando Ryan Hollweg, dos Rangers, deu um forte e limpo tranco em Chris Simon, prensando-o contra as bordas. Simon, ao encontrar Hollweg novamente, num claro ato de retaliação, atingiu o rosto do jogador dos Islanders com o seu taco. O jogador dos Rangers caiu no gelo e ficou imóvel por um tempo.

"Eu terminei o meu tranco no muro, me virei e a última coisa de que me lembro é ele vindo pra cima e me acertando no rosto", disse Hollweg depois do jogo. "Eu não consegui ouvir nada por um tempo. Devo ter ficado fora por um segundo ou dois."

Apesar de não ter se ferido gravemente, o lance assustou quem o viu. Hollweg levou alguns pontos no queixo e já participou do jogo seguinte dos Rangers contra o Pittsburgh Penguins. Mas ele pode se considerar uma pessoa de muita sorte: se o taco tivesse batido um pouco a cima ou um pouco abaixo, os danos poderiam ter sido muito piores.

Já Simon não teve tanta sorte assim. Além de uma atitude totalmente infeliz que vai marcá-lo pelo resto da carreira, depois do incidente ele foi expulso do jogo e a situação de desvantagem numérica em que ele deixou os Islanders resultou no gol da vitória dos Rangers, marcado por Petr Prucha. "A melhor retaliação foi marcar nessa vantagem numérica", disse Hollweg. "Não poderia me sentir melhor do que quando aquele disco entrou."

Além disso, Simon ainda pegou 25 jogos de suspensão. Como os Isles ainda tinham 15 jogos a cumprir na temporada regular depois daquele jogo, Simon só estará novamente no gelo nesta temporada caso o time se classifique para os playoffs e sobreviva por mais de dez jogos. Caso contrário ele só voltará a jogar na temporada 2007-08. Essa foi a suspensão mais longa já aplicada na liga em relação a partidas na NHL (veja o quadro ao lado) e também a sexta suspensão tomada pelo atleta.

Quatro dessas outras cinco suspensões foram por atos violentos. Na pós-temporada de 2001 Simon pegou um jogo de suspensão por um tranco contra a garganta do defensor Peter Popovic, dos Penguins. No ano seguinte, também em abril, Simon ficou mais dois jogos de fora por uma cotovelada em Anders Eriksson, do Florida Panthers. Em 2004 vieram as outras duas suspensões. A primeira em janeiro, dois jogos por pular em cima e esmurrar Ruslan Fedotenko, do Tampa Bay Lightning, depois de um tranco. A segunda suspensão do ano foi em março, com mais dois jogos por uma joelhada em Sergei Zubov, do Dallas Stars. Além dessas, em 1997 Simon foi banido por três jogos devido a um comentário racista contra o jogador Mike Grier, que é negro.

O incidente de Simon lembra o que ocorreu com Donald Brashear em 2000, quando ele foi agredido, também com o taco, na cabeça, por Marty McSorley. O agressor foi suspenso por um total de 23 jogos. McSorley também foi considerado culpado por agressão com arma em um tribunal de Vancouver. Ele não foi para a cadeia, mas foi condenado a não jogar contra Brashear por 18 meses. McSorley nunca mais voltou a jogar na NHL. Já Brashear retornou ao gelo na temporada seguinte.

Conforme já citado, o lance na partida entre Islanders e Rangers foi no dia do aniversário de três anos do último grande incidente da liga. Em 2004 Moore dera um tranco limpo em Markus Naslund, mas que acabara contundindo o capitão do Vancouver Canucks. Como resposta, no segundo encontro entre o Colorado e o Vancouver após o lance, Bertuzzi atacou Moore por trás, fraturando a terceira e a quarta vértebras do jogador. O atacante perdeu os 13 jogos restantes na temporada regular e outros sete da pós-temporada. Porém, a punição estendeu-se durante a temporada cancelada (por locaute) da NHL e o atleta não pôde jogar em lugar algum nesse período. Enquanto Bertuzzi foi reintegrado à liga na temporada de 2005-06, Moore ainda não está totalmente recuperado e ainda não se sabe se ele ainda vai voltar a jogar. O caso também foi levado a um tribunal de Vancouver e será julgado no ano que vem, segundo o advogado de Moore.

Esses tipos de agressões por certo ocorrerão novamente, já que o sentimento de vingança que deu origem a eles é algo que está presente nos jogadores, treinadores e todas as pessoas que compõem a NHL. A liga não pode — e nem deve — coibir os trancos, os contatos físicos ou as brigas limpas do hóquei para tentar impedir que incidentes assim aconteçam. Esses contatos são parte fundamental do jogo, são um dos elementos que tornam o esporte tão empolgante. A saída para casos covardes como o da semana passada é o que foi feito: punição rápida e exemplar para o agressor. .

Rafael Roberto não pôde conter a felicidade ao ganhar de aniversário o extraordinário DVD P.U.L.S.E., do Pink Floyd — o pessoal se garantiu demais.
Ed Betz/AP
Hollweg ficou imóvel no chão por alguns minutos. Depois de atendido, levantou-se com o queixo sangrando. Felizmente nada grave ocorreu com o jogador.
The Hamilton Spectator
A imagem da agressão que rendeu a Simon 25 jogos de suspensão capturada pelas câmeras de TV.
Arquivo TheSlot.com.br
As cinco maiores suspensões na história da NHL.
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Página publicada em 14 de março de 2007.