Por: Marco Aurelio Lopes

Na semana passada, a TheSlot.com.br comemorou sua 150.ª edição trazendo o Sr. Hóquei, Gordie Howe, e sua famosa Linha de Produção do Detroit Red Wings. Continuando as comemorações, esta edição de 5 anos da nossa revista traz aquele que foi seu grande "rival" nos anos 50, um jogador tão idolatrado por todo o Canadá, em especial Québec e a parte francesa do país. Um jogador que estabeleceu marcas impensadas para a sua época, redifiniu o termo "artilheiro" em uma época onde gols eram tão difíceis de marcar quanto ouvir Jacy Borreaux falar bem de algum time de Toronto em suas colunas (não, marcar gols era um pouco mais fácil, na verdade). Ao lado de seu irmão Henri (que também será falado nesta edição), foi o capitão do que talvez tenha sido a maior dinastia da NHL. E hoje, empresta seu nome a um dos mais importantes lauréus da Liga. Se Gordie Howe era o Sr. Hóquei no coração dos fãs em Detroit, Maurice Richard, ou simplesmete "o Foguete", era o que fazia os corações "habitants" baterem mais forte.

Nascido em Laval, Quebec, Richard desenvolveu seu jogo nas ligas junior de Montreal, jogando pelo Parc Lafontaine, Montreal Royals, e ironia do destino, Verdun Maple Leafs. Já naquela época o jovem Richard mostrava ser um guerreiro, e suas contusões eram prova disso. Contusões que o impediram inclusive de realizar um sonho de sua juventude, o de servir e defender seu país. Primeiro, por um tornozelo, fêmur e pulso fraturados, que o impossibilitara de combater nas frentes de batalha. Depois, por não conseguir se tornar um maquinista do Exército durante a II Guerra Mundial (quando conseguiu seu diploma, a Guerra já havia se encerrado). No entanto, nada disso foi capaz de tirar a gana de Maurice em se tornar um jogador profissional, e de poder jogar no time da sua região, o Montréal Canadiens.

Assim, em 1942, o então técnico dos Canadiens, Dick Irvin, em busca de um nome capaz de revigorar uma equipe que atravessava um momento difícil na NHL, depositou suas fichas em Richard, o os dividendos logo vieram. Cinco gols em 16 partidas pareciam sinal de novos tempos para os "Habs" e um promissor futuro para o então camisa 15 (seu famoso número 9, viria a ser utilizado após o nascimento de sua filha Huguette, na temporada seguinte, que nasceu pesando 9 libras). No entanto, um tornozelo quebrado encerrou prematuramente sua primeira temporada na NHL. Considerando que aquela já era sua segunda lesão grave na carreira, a direção dos Canadiens chegou inclusive a cogitar uma negociação envolvendo Richard. Para sorte deles, isto nunca se consumou, e a temporada 1943-44 acabaria sendo o verdadeiro início da legenda em que Maurice Richard se tornaria, na verdade, ainda na pré-temporada.

Quando em um treino dos Canadiens, Ray Getliffe viu aquele jovem ponta direita riscando o gelo com uma velocidade única, aliada à capacidade de se desvencilhar dos defensores oponentes e fuzilar o disco em direção ao gol, não teve dúvidas em identificar aquele jovem, que até então era tratado pela imprensa como "cometa", como um verdadeiro foguete ("Rocket"), e assim, estava estabelecido um dos mais reconhecidos apelidos na história da NHL. Durante a campanha, Richard finalmente pôde mostrar seu potencial, marcando 32 gols em 46 jogos, a quarta maior marca de um Canadien até então. Coletivamente, seu time terminou em primeiro na temporada regular após ser apenas o quarto no ano anterior. Mais 12 gols na pós-temporada, e o Foguete dava a Montreal sua primeira Copa Stanley desde 1931, sobre os históricos rivais de Toronto. Seu ponto máximo foi quando em um jogo desta série, ele marcou todos os gols na vitória de Montreal por 5 a 1.

Veio a temporada seguinte, e um lugar definitivo na história. Os Canadiens formaram um linha ofensiva invejável, com Richard na direita ao lado de Elmer Lach criando as jogadas no centro e "Toe" Blake brigando pela posse do disco na ponta esquerda, a famosa "Punch Line". Nela, Richard tornou-se o primeiro jogador a fazer parte do clube dos "50 em 50", ao marcar 50 gols em apenas 50 jogos (para se ter uma idéia do feito, apenas em 1981 o feito foi repetido, quando Mike Bossy do New York Islanders alcançou seu 50.º gol no seu 50.º jogo). Outro recorde duradouro estabelecido naquele ano foi no final de 1944, quando Richard marcou 8 pontos em uma partida (Darryl Sittler quebrou esse recorde apenas em 1976, quando marcou 10 pontos em um jogo — recorde que dura até hoje, inclusive). E para encerrar, aquela foi a primeira de 14 temporadas consecutivas onde Richard foi nomeado para o time de Estrelas da NHL.

1946 foi o ano da segunda conquista de Copa Stanley para Richard, uma temporada onde ele ficou conhecido por ser um dos mais temperamentais jogadores da época. Uma época onde não havia "guarda-costas" para defender as estrelas dos times contra os agressores rivais. Jogadores como Richard eram obrigados a se defender por conta própria. Richard, já um ídolo consagrado, era assim alvo ferrenho dos violentos defensores da época. E como ele não fugia da briga, era normal vê-lo encarando seus adversários, e assim acumulando penalidades e suspensões. E foram justamente as suspensões que foram responsáveis por alguns famosos incidentes em sua carreira. Por sempre acabar revidando as agressões sofridas, o então presidente da NHL, Clarence Campbell, acabou se tornando um de seus mais famosos desafetos. Em 1947, Campbell o suspendera de um jogo de playoff após Richard agredir um jogador de Toronto com seu taco. Em 1951, Richard foi expulso por discutir com o árbitro sobre a não-marcação de uma penalidade que sofrera. Em 1953, seu colega Bernie "Boom Boom" Geoffrion, foi suspenso de todos os jogos em Nova York por agredir um jogador dos Rangers no início daquela temporada. Richard saiu em defesa de seu companheiro em sua coluna no semanário "Samedi-Dimanche", chamando a suspensão de “uma farsa”, e Campbell de "ditador". Após exigir uma retratação ao que chamou de "ataque à minha personalidade e à NHL", Campbell vencia aquela batalha, quando Richard decidiu por não mais assinar sua coluna, mas não sem antes manifestar "que não havia mais liberdade de expressão. E que como jogador, precisaria acatar as ordens de seus patrões, sem caber a mim julgar seus atos". Tais declarações foram encaradas pela imprensa de Montreal como uma das mais humilhantes retratações dos esportes na América.

Já era pública a desavença entre ambos, e seu estopim aconteceu em 1955. No dia 13 de março, o sagrado Fórum de Montreal. Richard caminhava para conquistar seu primeiro Troféu Art Ross como artilheiro da NHL, à frente de seu companheiro Geoffrion. Em um jogo contra os Boston Bruins, Richard recebeu uma tacada de Hal Laycoe, abrindo um grande corte na cabeça. O Foguete ficou louco, e perseguiu Laycoe até atingi-lo com um soco e com duas tacadas nas costas. E quando o árbitro Cliff Thompson tentou intervir, também provou da ira de Richard, recebendo outro direto que o mandou ao chão. No dia 16, Clarence Campbell então o suspendeu da temporada regular e dos playoffs daquela temporada, o que prejudicou e muito os Canadiens na luta por mais um Copa (e Geoffrion acabou por vencer o Art Ross daquele ano (onde, mesmo sendo jogador dos Canadiens, acabou sendo vaiado pela sua própria torcida ao marcar o ponto que o colocou a frente de Richard, que era o preferido dos fãs para ganhar o troféu). Os torcedores revoltados, foram protestar contra Campbell no Fórum de Montral no dia seguinte, onde os Canadiens enfrentariam os Detroit Red Wings, um dos maiores aliados de Campbell (seu técnico Jack Adams dizia que Richard já precisava ser colocado em seu devido lugar). E Campbell chegara ao Fórum para assitir o jogo, no qual foi constantemente vaiado e sendo alvo de todo tipo de objetos atirados pelos torcedores revoltados (um deles tentou agredi-lo, inclusive). Brigas, bombas de gás, enfim, um cenário patético fez o jogo ser cancelado e a vitória fora dada a Detroit. Do lado de fora, a revolta continuou, com vários quebra-quebra, cartazes pró-Richard e anti-Campbell (comenta-se até em ameaças de mortes ao então mandatário da Liga). Um prejuízo de 500 mil dólares ao Fórum e de milhões para a cidade de Montreal foi atribuído à presença de Campbell, o que foi considerado um "desafio" aos Canadiens. Vale lembrar também de toda a rivalidade e sentimento de independência que sempre povoou as relações entre os franco-canadenses (que tinham em Richard e nos Canadiens verdadeiros embaixadores) e o restante do país e os Estados Unidos.

Após tantas confusões, o fato é que depois deste incidente que ficou conhecido como o "Richard Riot", os Montreal Canadiens, capitaneados pelo seu eterno camisa 9, começaram a escrever mais um capítulo na história da NHL. De 1956 a 1960, os Habs ganharam 5 Copas Stanley consecutivas, um feito jamais alcançado até hoje. Neste meio tempo, Richard, em outubro de 1957, assistido por Dickie Moore e Jean Béliveau, tornou-se o primeiro jogador a alcançar 500 gols na carreira, ao marcar contra o Chicago Blackhawks. 1957 foi no entanto, sua última temporada mais "saudável", já que nos 3 anos seguintes, as contusões influenciaram sobremaneira seu jogo, em especial sua velocidade. Após marcar 33 gols em 1957, Richard teve seus menores totais nos anos seguintes, marcando "apenas" 15, 17 e 19 gols. Assim, em 1960 (ano que uma severa tendinite lhe forçou a se aposentar de vez), no dia 12 de março, contra os Rangers, o Foguete marcou seu último gol de temporada regular, e no 12 de abril seguinte, marcou seu último gol na NHL (em um jogo das finais contra os Maple Leafs). Nessas cinco temporadas de dinastia, foram 122 gols, que lhe deram um total de 544 na carreira, que somados a 421 assistências, lhe deram 965 pontos em 978 jogos, uma média de quase um ponto por partida. Em playoffs, foram mais 82 gols, sendo 18 deles gols da vitória e 6 em prorrogação, recordes até hoje na NHL.

Além de todos esses feitos, Maurice ainda teve o prazer de jogar, por 6 temporadas, ao lado seu irmão mais novo, Henri, um central que teve como grande característica sua habilidade nos passes (liderou a NHL em assistências em 2 ocasiões), e pelo seu tamanho diminuto (1,73 m e 73 kg). Assim, não era difícil de imaginar que seu apelido fosse o "Foguete de Bolso", em homenagem ao seu irmão consagrado. No entanto, Henri não precisou das credenciais famosas para ser reconhecido como um astro dos Canadiens. Sempre preciso nas assitências, herdou do irmão o dom de liderar, e assim, em 1971 herdou de Jean Béliveau o título de capitão da equipe, levantando a Copa Stanley como tal em 1973. Como Maurice, Henri Richard também dedicou toda sua carreira aos tricolores de Montreal, que defendeu por 20 temporadas.

E nessas 20 temporadas, o exímio patinador superou a marca dos 50 pontos na temporada em 14 delas, escolhido para a primeira equioe da NHL em 1958, e para a segunda equipe em 1959, 1961 e 1963. O camisa 16 dos Canadiens se aposentou em 1975, mesmo ano onde sua camisa foi aposentada. Três anos mais tarde, foi uma escoha óbvia para o Salão da Fama do Hóquei. Embora seus números tenham sido expressivos (aposentou-se após 20 temporadas, marcando 358 gols e incríveis 688 asistências em 1256 jogos), Henri Richard, hoje um embaixador dos Montreal Canadiens, tem um recorde histórico entre todos os esportes coletivos norte-americanos. Ao lado de Bill Russell, dos lendários Boston Celtics da NBA, o mais novo Richard conseguiu 11 títulos profissionais (no caso, óbvio, a Copa Stanley), recorde absoluto na NHL. A prova definitiva que Henri Richard nao era apenas o irmão de Maurice Richard (embora este, claro, tenha sido seu maior ídolo e sua maior inspiração para se tornar um jogador de hóquei profissional), era sim um jogador com nome e sobrenome.

Voltando ao "Foguete", é fato comprovado que tantos recordes e números deram a Maurice Richard um sem-número de premiações, dentro e fora do gelo. Em suma, além das 8 Copas Stanley, ganhou tb o Troféu Hart em 1947, como melhor jogador da Liga, sem falar nas já citadas nominações para as Seleções da NHL. Seu número 9 foi imortalizado um mês após sua aposentadoria, em novembro de 1960. No ano seguinte, veio sua nomeação para o Salão da Fama do Hóquei (sem ter que aguardar o período obrigatório de 3 anos). Em 1967, recebeu a Ordem do Canadá, e em 1992, tornou-se membro do Conselho Privado da Rainha do Canadá, recebendo o título de Honorável Maurice Richard. Em 1991, os Canadiens o nomearam embaixador da equipe, função que exerceu até sua morte em 2000. Um ano antes, em 1999, um time da Liga Junior de Quebec o homenageou com seu famoso apelido, nascendo assim o Rocket de Montreal (hoje Prince Edward Island Rocket). A NHL instituiu neste mesmo ano, o Troféu Maurice Richard, premiando o jogador que mais gols marque na temporada (feito que o próprio Foguete conseguiu por 5 ocasiões). Em 1996, quando os Canadiens jogaram pela última vez no Fórum, Richard recebeu a maior ovação que a arena jamais recebera. Aos cantos de "Go Habs Go", o sempre comedido Richard foi as lágrimas enquanto ouvia torcedores, muitos deles que nem o viram jogar, saudar o maior ídolo da história da equipe. E mesmo depois de seu falecimento, as homenagens prosseguiram. Em julho de 2001, o governo canadense ergueu uma estátua em sua homenagem, em Hull, Quebec.

Maurice Richard foi para os franco-canadenses mais que um jogador do seu amado Montreal Canadiens, foi uma bandeira para todo um povo. E mesmo quando faleceu, em maio de 2000, seus patrícios de Quebec lhe renderam um funeral com honras de Chefe de Estado, uma cerimônia que contou com os principais nomes da política do país, e que fora a primeira do gênero destinada a um atleta, sendo inclusive transmitida ao vivo pela televisão canadense. Nada mais justo que essa última homenagem ao que foi escolhido pelos habitantes de Montreal como o segundo homem mais importante do século (e o maior atleta), e o quinto maior jogador do século XX pela "The Hockey News". Mas para os fanáticos torcedores do Montreal Canadiens, em especial, o "Habitant" mais importante da história.


Joseph-Henri-Maurice "The Rocket" Richard
Ponta-Direita, Nascido em 04/08/1921 em Laval, Quebec, Canadá.
Falecido em 27/05/ 2000 em Montreal, Quebec, Canadá.
1,83 m e 93 kg.

Carreira na NHL — sempre pelos Montreal Canadiens (1942 a 1960):
Temporada regular: 978 jogos, 544 gols, 421 assistências, 965 pontos e 1.285 minutos de penalidades
Playoffs : 133 jogos, 82 gols, 44 assistências, 126 pontos e 188 minutos de penalidades.
Títulos e Premiações:
Primeiro Time da NHL: 1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1955 e 1956.
Segundo Time da NHL: 1944, 1951, 1952, 1953, 1954 e 1957.
Troféu Hart: 1947.
Copa Stanley: 1944, 1946, 1953, 1956, 1957, 1958, 1959 e 1960.

Joseph Henri "The Pocket Rocket" Richard
Central, Nascido em 29/02/1936 em Montreal, Quebec, Canadá.
1,73 m e 73 kg.

Carreira na NHL — sempre pelos Montreal Canadiens (1955 a 1975):
Temporada regular: 1.259 jogos, 358 gols, 688 assistências, 1046 pontos e 928 minutos de penalidades.
Playoffs: 180 jogos, 49 gols, 80 assistências, 129 pontos e 181 minutos de penalidades.
Títulos e Premiações:
Primeiro Time da NHL: 1958.
Segundo Time da NHL: 1959, 1961 e 1963.
Troféu Masterton: 1974.
Copa Stanley: 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1965, 1966, 1968, 1969, 1971 e 1973.

Marco Aurelio Lopes homenageia os amigos Alexandre Ribeiro, Eduardo Costa e Thomaz Alexandre pelos seus aniversários nos últimos dias. E espera que este último não esqueça o que lhe foi pedido após a comemoração do aniversário.
Fonte: Spelten.ca
Maurice Richard ao lado de seu "brinquedo" preferido: A Copa Stanley. Aqui, com uma das 8 que conquistou
Fonte: Spelten.ca
Não, não são os fãs de Toronto pedindo a cabeça de Jacy Borreaux, mas os torcedores não menos revoltados de Montreal, defendendo seu herói contra a tirania da NHL dos anos 50. O "Richard Riot" foi talvez o mais violento incidente da história da Liga.
Fonte: Spelten.ca
O temperamental Richard não levava desaforo para casa, e os árbitros tiveram muitos problemas com o temperamental astro dos Canadiens
Fonte: Spelten.ca
Os irmãos Richard atuaram juntos por 6 temporadas, e sempre jogando pelos Canadiens, conquistaram juntos 19 Copas Stanley.
Fonte: HabsWorld.net
Henri Richard, um mago nas assitências, é até hoje o jogador com mais conquistas de Copa Stanley, com 11 ao todo.
Fonte: CNNSI.com
Ao lado de outro ícone da NHL (Phil Esposito dos Bruins), Henri provou que o tamanho não define a grandeza de um jogador.
Fonte: Spelten.ca
Maurice Richard, ídolo dos anos 40 e 50, ao lado de Wayne Gretzky, ídolo dos anos 80 e 90 e Jaromir Jagr, ídolo do novo século, juntos em um Jogo das Estrelas.
Fonte: Spelten.ca
No fechamento do seu grande palco, o Foguete sucumbiu à emoção na homenagem dos seus fãs e foi às lágrimas no adeus ao Fórum de Montreal.
Fonte: Spelten.ca
Momentos de Imortalidade: com seu número 9 retirado e destacado no teto do Centre Bell (assim como o 16 de seu irmão Henri)...
Fonte: Spelten.ca
... ao lado do Troféu que leva seu nome, dado anualmente pela NHL ao jogador com mais gols na temporada...
Fonte: Wikipedia.org
... e em uma estátua na cidade de Hull, na sua Québec.
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Página publicada em 5 de abril de 2007.