Por: Marcelo Constantino

Faltou muito pouco para que o Colorado Avalanche conseguisse o grande prêmio para a sua sensacional arrancada de final de temporada. Muito pouco mesmo — a rigor, apenas um mísero ponto os separou do oitavo colocado e último classificado da Conferência Oeste, o Calgary Flames.

É bem verdade que os 95 pontos dos Avs na temporada são a maior pontuação já obtida por um time não classificado, mas não podemos compará-los com os anos em que não havia disputa de pênaltis e/ou ponto extra por derrota na prorrogação — e esse tem sido um erro muito comum atualmente.

É bem verdade também que a diferença de apenas um ponto se deu em grande parte por conta do último jogo da temporada, justamente contra o Calgary, que já não valia mais nada. Os Flames apenas cumpriam tabela e pouparam alguns jogadores importantes, mas os Avs queriam mostrar alguma coisa, mostrar que eram realmente merecedores daquela última vaga. E mostraram.

Uma vitória de 6-3 naquele que deveria ter sido o jogo da classificação, o jogo em que os dois times definitivamente disputariam a vaga final da conferência. Mas os Avs já estavam eliminados por conta da derrota na partida anterior, contra o Nashville Predators.

Até o segundo período tudo estava mais do que ótimo. Os Avs venciam o seu jogo ao passo que os Flames, numa semana ruim, apenas empatavam com o paupérrimo Edmonton Oilers. Mas veio o terceiro período e os Preds viraram o jogo. Pior ainda, quem marcou o gol da virada, o gol que selou a eliminação dos Avs dos playoffs, foi Paul Karyia, ex-jogador dos Avs. Quem contribuiu decisivamente para a eliminação do time de Denver foi o antigo ídolo Peter Forsberg, com duas assistências — uma delas para o gol de Karyia. Destino cruel.

Os Preds massacraram o gol de Peter Budaj no terceiro período, disparando 15 vezes a gol. Foi o suficiente para marcar duas vezes, virar o jogo, vencer e eliminar o time da casa. E esse é outro ponto que fez doer ainda mais: além de ter sido de virada e a partir de ex-jogadores, o Colorado foi eliminado em casa, diante de sua torcida. Mas não houve revolta alguma, houve tristeza, decepção, mas também reconhecimento pelo sensacional esforço do time. No jogo seguinte jogadores e torcida saudaram-se uns aos outros no fim.

De nada adianta agora olhar para trás e atentar para derrotas frente a times-picaretas ao longo da temporada. São 82 jogos e sobressaltos são comuns. A campanha dos Avs é que deixou a desejar de um modo geral, especialmente até meados de fevereiro. De um determinado ponto em diante, ela transformou-se abruptamente e a equipe tornou-se uma das mais eletrizantes da liga. O objetivo final não foi alcançado, mas ficará na memória de cada torcedor dos Avs a bela arrancada. Segundo Terri Frei, foi uma das mais sensacionais arrancadas da história do Colorado Avalanche. Do dia 27 de fevereiro até o jogo contra os Flames no último domingo foram 19 partidas. Apenas quatro derrotas.

O pior é que, se tivesse conseguido a classificação, os Avs teriam boas chances de avançar ao menos uma fase. Encarando o Detroit Red Wings na primeira fase dos playoffs, seria a batalha de um time jovem, rápido, franco-atirador, sem nada a perder e mais do que embalado contra um time que carrega um enorme peso nas costas, o de ser um grande time na temporada e um fiasco nos playoffs — e agora com muita gente descrente e apostando e mais um fiasco, o que só aumenta ainda mais o peso. Enfim, um time leve contra um time pesado — e não pela estatura dos jogadores.

Mas não, teremos Wings contra os Flames e os Avs estão de férias mais cedo.

É estranho ver playoffs sem o Colorado Avalanche. Eu nunca vi. Nunca houve, aliás.

Marcelo Constantino vai, pela primeira vez na vida, assistir aos jogos de playoffs da NHL ao vivo e diariamente. Viva a evolução tecnológica!
Jack Dempsey/AP
Aos 37 anos de idade, Joe Sakic, o jogador mais respeitado da liga, conforme Jacy Borreaux nos relatou na semana passada, chegou à marca dos 100 pontos na temporada. Apenas Gordie Howe chegou aos 100 pontos com mais idade que ele (marcou 103 aos 40 anos de idade em 1968-69). Símbolo maior da franquia e um raro símbolo de jogador que passa a carreira inteira num mesmo time, o capitão dos Avs renovou contrato por mais um ano.
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Página publicada em 11 de abril de 2007.