Por: Marcelo Constantino

Foi aquele gol do Robert Lang, faltando 30 segundos para o fim do jogo 4 entre San Jose Sharks e Detroit Red Wings. Os Sharks jogavam em casa e caminhavam para uma liderança de 3-1 na série. Uma série em que, até então, eles eram superiores, sobretudo pela maior eficiência demonstrada. Os Wings chutavam mais a gol do que eles e passavam a maior parte do tempo pressionando, mas eram eles, os Sharks, que marcavam os gols necessários para vencer. Isso tudo até aquele gol do Lang.

Robert Lang foi para Detroit numa temporada em que liderava a NHL em pontos. Em Detroit, com a ascensão de Pavel Datsyuk, ele geralmente atuou na segunda linha. Nesses playoffs Lang geralmente anda meio sumido, parece até desmotivado algumas vezes e inclusive já teve seu tempo de jogo diminuído em algumas partidas. No fim das contas isso pouco importa, porque foi aquele gol dele que mudou o panorama da série entre Wings e Sharks.

De uma distância de meio minuto para estabelecer uma vantagem de 3-1 na série, os Sharks perderam a série naquele momento, naquele gol. Depois de mais um começo ruim, os Wings já haviam diminuído o placar para 2-1 com um gol de Thomas Holmstrom — que voltava de contusão, aquela tacada no olho que ele recebera de Craig Conroy na série contra o Calgary Flames — no finalzinho do segundo período. Empataram no final do terceiro e viraram o jogo na prorrogação, com um disparo fulminante de Mathieu Schneider.

Pode se dizer que os Sharks ainda roubar o momentum da série de volta. No começo do jogo seguinte, os Wings novamente jogavam mal. E os Sharks novamente começavam na frente no placar, com a ajuda de Dominik Hasek. Mas foi só isso. Dali por diante os Wings estabeleceram a mais definitiva vitória da série e foram para o jogo 5 com a série nas mãos. E assim fecharam.

Claro que houve lances de sorte — como qualquer time precisa ter — e também lances magníficos que serviram para confirmar a mudança de comando na série. Como a sensacional "defesa" de Nicklas Lidstrom no jogo 6, em lance que Hasek entregou o disco para Mike Grier marcar com o gol vazio. Quer dizer, quase vazio, porque subitamente surgiu o taco de Lidstrom para impedir o gol e limpar a cagada do goleiro. Hasek, como de hábito, redimiu-se fechando o gol e marcando um shutout, o primeiro do time nos playoffs.

Os Wings inclusive deram-se ao luxo de permitir que os Sharks chutassem mais a gol do que eles nesse jogo 6. Até então os Wings sempre chutavam mais que o adversário nesses playoffs.

Não foi uma série fácil, não houve um jogo fácil sequer, nem mesmo a quinta partida, de placar mais elástico. Todas foram disputadíssimas e com uma característica interessante: quase sempre você podia apontar que era o "vencedor" do período, quem havia dominado. Tipo boxe, em que geralmente em cada assalto há um vencedor. Os períodos entre Sharks e Wings eram assim. Geralmente os primeiros períodos eram dos Sharks, enquanto os demais eram equilibrados ou dos Wings.

Embora eu não aposte no Detroit sobre o Anaheim Ducks, eu não duvido de que eles possam surpreender novamente. A cada fase é uma nova surpresa. É bem verdade que muito poucos apostaram numa derrota do Detroit frente ao Calgary, mas frente ao San Jose a maioria expressiva enxergava nos Sharks um time mais forte nesses playoffs. E os Wings nos provaram o contrário.

E nos provaram o contrário vencendo os dois últimos jogos sem seu defensor número 2, Schneider. O que significa que na série contra os Ducks das torres Chris Pronger e Scott Niedermayer nós veremos Chris Chelios atuando por mais de 20 minutos por partida. Aos 45 anos de idade eu realmente não creio que ele agüente. Mas Chelios e os Wings estão aí mesmo para nos provar, novamente, o contrário.

Marcelo Constantino manda saudações rubro-negras.

Marcio Jose Sanchez/AP
Há dez temporadas, quando os Red Wings conquistavam a primeira Copa Stanley das últimas três, Chris Chelios já era um veterano de 35 anos de idade. Hoje, aos 45, ele ainda está na ativa. Mais que isso, acaba de ser alçado à posição de segundo defensor dos Red Wings, com as contusões de Mathieu Schneider e Niklas Kronwall. Isso significa jogar por mais de 20 minutos toda noite. Quase todos acreditam que ele não vai agüentar — mas quase todos também não acreditavam que ele jogaria tão bem nessa idade. Vamos ver.

Paul Sakuma/AP
O criticado (e realmente apagado, até então) Mikael Samuelsson foi autor de três gols nas últimas duas partidas da série, incluindo os dois únicos do decisivo jogo 6. Jogador veloz, ele terá ainda mais tempo de gelo na vantagem numérica, com a saída de Schneider.
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Página publicada em 9 de maio de 2007.