Por: Eduardo Costa

Bons tempos para se vender jornais em Boston. Há pouco o Boston Red Sox venceu a World Series e a festa oriunda dessa conquista parece não ter fim; atualmente o New England Patriots apresenta aproveitamento perfeito na NFL, e até mesmo o time de bola ao cesto da cidade encontra-se em posição privilegiada em sua liga (?) (antes que me acusem de traidor (?), eu só sei que o time de bola ao cesto local vai bem, porque a apresentadora do caderno de Esportes, da TV Esporte Interativo, Aurora Bello, disse. E se a Aurora recitou, eu acredito!).

Já no que nos diz respeito, o Boston Bruins segue sem fazer muito alarde no panorama midiático, mesmo estando em sexto lugar na Conferência Leste.

A inconsistência e passividade da era Dave Lewis — que durou apenas uma temporada — ainda está presente na atual campanha da equipe, mas em doses menores, agora sob o comando do mais emotivo Claude Julien.

Por falar nele, o comandante tem em mãos praticamente o mesmo grupo humano que Lewis possuía. A única grande adição foi Manny Fernandez. Como em 2006-07 o time sofreu nababescos 289 tentos — a segunda pior retaguarda da liga na ocasião — a direção acabou trazendo o ex-arqueiro do Minnesota Wild a preço de Heineken para tentar amenizar o problema.

Fernandez, de sólidas atuações com as cores do Minnesota Wild — nunca é demais lembrar que Wild era, e ainda é, treinado por um tal Jacques Lemaire, que tudo sabe em matéria de manter o arco de sua equipe protegido — disputou apenas quatro embates pelos Bruins na temporada, com números sórdidos (3.93 gols sofridos por jogo) e mesquinhos (apenas 83% de chutes defendidos). Depois contundiu-se — uma constante em sua carreira — e está inativo há um bom tempo.

Então Tim Thomas, um goleiro que geralmente ia do paraíso ao inferno dentro de uma mesma partida na última temporada, resolveu jogar como gente grande. Em 17 dos 22 jogos já realizados pelos Bruins na temporada, o time sofreu mais chutes do que deferiu. A campanha nesses embates é de 10-5-2 e Tim Thomas tem parcela monstro nesse aproveitamento. Levando ainda mais para o campo individual, o arqueiro do Boston apresenta respeitáveis 1.99 de GSJ e 94% de defesas. Isso apesar de ter permanecido no gelo durante todo o tempo, na irretorquível (!) derrota por 7-4 para os Canadiens, no último dia 17. Fica difícil acreditar, mas o melhor atleta dos Bruins no massacre foi Tim Thomas.

Se Thomas continuará fazendo diferença, ou se esse é apenas mais um goleiro atravessando um "momento Brian Boucher", só o tempo dirá.

Outro que busca redenção, mas ainda está longe dela, é Zdeno Chara. Em sua temporada de estréia com o preto e dourado, o faraônico defensor passou muito tempo no banco de penalidades ou cometendo lapsos defensivos gritantes. Na atual ele não vem tão mal, mas ainda está bem distante de merecer a posição de capitão e atleta mais bem pago da franquia. Contra os Flyers, assunto para alguns parágrafos abaixo, foi o que se espera dele: desferiu fortes chutes, controlou os rebotes do jovem Tuukka Rask e evitou jogadas bruscas desnecessárias.

Partindo para a outra extremidade do gelo vemos que o time sente muito a ausência de Patrice Bergeron. Para quem tem memória curta, Bergeron está fora do time desde que foi esmagado nas bordas por Randy Jones, do Philadelphia Flyers, no final de Outubro. A concussão gerou até mesmo incertezas acerca da continuidade da carreira do promissor atleta. Sem Bergeron, Julien foi obrigado a mexer nas quatro linhas do time, além de deixar o sempre cumpridor Marc Savard, sobrecarregado na posição de principal armador do time.

Mesmo com essa pressão extra, Savard patina rumo a uma nova temporada na casa dos 90 pontos. Mas o que ainda não é suficiente para tirar os B's do rol das equipes mais estéreis da NHL — em 13 cortejos na temporada o time marcou dois ou menos tentos.

Curiosamente o time resolveu apresentar uma orgia ofensiva justamente no jogo da revanche contra os Flyers. Apesar da imagem de Bergeron saindo de maca do gelo do TD Banknorth Garden estar bem viva na memória de todos, os atletas dos Bruins disseram antes do prélio que dariam o troco nos Flyers no disco, e não no braço. E assim foi feito!

Glen Murray e Marc Savard combinados, somaram seis pontos na vitória de 6-3 dos Bruins. O único incidente polêmico do cortejo teve novamente um atleta dos Flyers no papel de vilão. Scott Hartnell tirou o defensor Andrew Alberts da partida com um tranco malicioso. Posteriormente Hartnell tornou-se o quarto atleta do time do amor (?) fraterno a ser suspenso pela NHL nesta temporada.

A vitória do Boston deixou o time a apenas três pontos do Montreal, mas com duas partidas a menos. Se o que vimos na Wachovia Center for repetido mais vezes nesta temporada, as chances da equipe disputar sua primeira pós-temporada na era pós-locaute deixa de ser um sonho distante. Quem sabe os bons ventos dos vizinhos não estejam soprando também a favor dos Bruins.

Obituário TheSlot.com.br

Tom Johnson, o último treinador a levar o Boston Bruins à conquista do cálice sagrado, faleceu, no último dia 21, aos 79 anos.

Como jogador, Tom Johnson defendeu por 15 anos o Montreal Canadiens, onde conquistou seis Copas Stanley, inclusive o pentacampeonato de 1956 a 1960. Foi o único atleta a tirar o Troféu Norris das mãos do mito Doug Harvey em um período de oito anos, ao ser eleito o melhor defensor da temporada 1958-59.

Sua longa etapa em Boston começou em 1963. No gelo a aventura durou pouco. Apenas duas temporadas. Um séria contusão em 1965 rendeu uma aposentadoria inesperada e o levou para o cargo de assiste do gerente geral Milt Schmidt. Em 1970 os Bruins conquistou a Copa Stanley após seca de 29 anos. Após o feito, Harry Sinden passou o seu posto de treinador para Johnson, que permaneceu no cargo por três temporadas.

Na primeira delas os Bruins terminaram como melhor time da temporada regular pela primeira vez em três décadas. A campanha assombrosa de 54 vitórias e apenas 14 derrotas foi acompanhada de 37 recordes coletivos e individuais. Mas o fantástico time de Bobby Orr, Phil Esposito, John Bucyk e Gerry Cheevers acabou surpreendido pelo matreiro Montreal Canadiens de Ken Dryden, logo no começo da pós-temporada.

A única honraria que faltou na temporada anterior, chegaria na seguinte quando eles venceram a Copa Stanley, após seis partidas contra o New York Rangers. O time da Grande Maçã passaria de vítima a algoz, ao encerrar o ciclo de Tom Johnson no banco dos Bruins, após eliminá-los nos playoffs de 1973.

Após essas três frutíferas temporadas, e com o maior aproveitamento já obtido por um diretor técnico na história da franquia (73,8%), ele voltaria ao cargo de assiste de gerente geral. Antes disso, em 1970, ele havia sido eleito para o Salão da Fama do hóquei.

Tom Johnson, pela façanha de ter sido ídolo em duas franquias tão rivais, por ter sido uma pessoa que dedicou a maior parte de sua existência ao maior esporte que se tem notícia, merece seu lugar na galeria dos imortais.

Eduardo Costa é fã de JJ MecWhalers.
Tom Mihalek/AP
Phil Kessel é parado por Antero Nittymaki durante a surra imposta (6-3) pelos Bruins aos Flyers.
Jim McIsaac/Getty Images
Tim Thomas em ação contra os Islanders. O goleiro surpreende e vem fazendo dos Bruins uma equipe competitiva
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Página publicada em 28 de novembro de 2007.