O mundial júnior de hóquei deste ano foi realizado na República Tcheca. Conforme a tradição da competição, as datas dos jogos foram ingratas para os jogadores, os torcedores e, principalmente, para nós que acompanhamos pela internet. Em meio às festas de fim de ano, ninguém nos entende por preferirmos ver um jogo de hóquei sub-20 a ir festejar com os familiares.

A patrocinadora oficial do evento foi a super famosa marca tcheca de veículos Škoda Auto. O quê? Você nunca ouviu falar numa das mais importantes fabricantes européias? Que vergonha! O detalhe tosco do patrocínio foram os dois carros dentro das arenas em Pardubice (terra de Dominik “Dominado” Hasek) e Liberec. Obviamente, nos jogos com recorde de público e técnica, como Dinamarca e Eslováquia, por exemplo, eles eram a principal atração.

Hum... j á que essa é uma revista sobre hóquei, vamos ao esporte! Na fase preliminar, nenhuma surpresa. Os países mais tradicionais, nos quais as crianças sonham em ser o novo Wayne Gretzky, Saku Koivu, Igor Larionov ou Peter Forsberg, se classificaram sem a menor dificuldade.

O destaque dessa fase foi o selecionado sueco. Os vikings com três coroas no uniforme jogaram de forma mais vistosa que os adversários, terminando com 100% de aproveitamento. No jogo mais legal da primeira fase, venceram os canadenses por 4-3, após estarem perdendo por 2-0 depois do segundo intervalo.

A Suécia também protagonizou o maior número de tentos marcados em um único jogo, ao sapecarem 10-1 nos amigos dinamarqueses. Detalhe: saíram perdendo por 1-0 com menos de um minuto de jogo!

Avançando para as quartas de final, também não tivemos surpresas, pois a mesma turminha de sempre estava nas semis: Rússia, Canadá, Suécia e EUA.

Mesmo com o goleiro Sergei Bobrovsky operando milagres, os suecos de Patrik Berglund, Mikael Backlund e Robin Figren passaram pela Rússia de Alexei Cherapanov, Nikita Filatov e Viktor Tikhonov por 2-1, com um golaço de Backlund na prorrogação, mantendo o selecionado azul-amarelado como única equipe invicta da competição! Foi um belíssimo jogo! Mesmo com a Suécia pressionando, Bobrovsky pegava tudo, e a Rússia abriu o marcador com Filatov na segunda etapa. No período derradeiro, a pressão surtiu efeito quando Figren empatou. A virada eu já contei mais acima...

Já na outra partida, os canadenses passearam contra seus rivais de continente, desferindo 4-1 pra cima dos EUA. Essa foi a primeira vitória graúda nos últimos sete confrontos, que vinham sendo decididos sempre por um gol de diferença ou mesmo nos pênaltis, como na semifinal do ano passado, quando a estrela do MVP Carey Price brilhou. Os destaques canadenses foram Kyle Turris, John Tavares, Claude Giroux e Brad Marchand, além do goleiro Steve Mason. Os inventores do hóquei estão na final do mundial júnior pelo sétimo ano consecutivo.

Na decisão da medalha de bronze, os russos abriram 3-0 logo na primeira metade do jogo, deixando os americanos cabisbaixos e desiludidos, a exemplo da partida anterior contra os canadenses.

A grande final

Primeiro grande lance: Vikky Turris, mãe de um dos pirralhos canadenses! Com menos de um minuto de jogo, Enroth se atrapalha com o disco e não consegue segurar o chute de Marchand. 1-0 Oh, Canada! A Suécia parte para cima, tentando empatar, mas pára duas vezes nas defesas de Mason.

Enroth parece bastante nervoso. Além da falha bisonha no gol, vem proporcionando cenas hilárias para os telespectadores. Não apenas o goleiro, mas os jogadores de linha também sentiram o gol tomado: enquanto puxava um contra-ataque, no qual sairia sozinho com o goleiro, um atacante sueco se colocou em posição de impedimento!

E na primeira vantagem numérica do jogo, Giroux aumenta o marcador para o time de vermelho! Longe de mim querer perseguir um pobre coitado mas, em minha modesta opinião, foi falha de Enroth... e em uma tosca tentativa de sair jogando da defesa sueca, a segunda penalidade do jogo.

No segundo período, penalidade pra cá, penalidade pra lá, e nada de gol... até a buzina irritante que indicou o fim do período. Mesmo resultado, até aqui, da partida da primeira etapa. Será que a Suécia repete a virada (uia)? Ou será que o Canadá ganhará o quarto ouro seguido? A seguir, cenas do próximo capítulo!

Jonathan Carlsson diminui para os suecos aos 4:13! Quase o mesmo tempo do primeiro gol da Suécia no jogo anterior contra os canadenses. Pressão total dos escandinavos, e Mason se salva como pode. Mas a torcida canadense não pára um minuto de incentivar seus compatriotas. De cada dez torcedores na arena, 11 são canadenses!

Após tanto martelar, faltando um minuto e meio a Suécia pede tempo e volta sem seu goleiro. Pressão mais que total! Até o rei e a rainha estão no gelo tentando empurrar o disco pro gol de empate! Finalmente, após uma confusão enorme dentro da pequena área, o número 24 (o preferido de Eduardo Costa) Tomas Larsson faz o gol tão merecido, a 38 segundos da buzina final!

No tempo extra, Matt Halischuk põe números finais ao jogo, dando o título ao selecionado canadense pela quarta edição consecutiva! Festa canadense, choro sueco. Brad Marchand foi escolhido o MVP da final.

Steve Mason foi o melhor goleiro da competição, Drew Doughty o melhor defensor e no ataque, o melhor foi o russo Viktor Tikhonov. O MVP da competição foi Mason, sucessor de Price no gol e na MVPzice!

Como consideração final, espero do fundo do meu coração que o goleiro sueco Enroth seja recrutado pelos Maple Leafs e jogue por eles tanto quanto jogou na final!

• Capa
• Editorial
• Prorrogação
• Ao relento
• Antes tarde do que apenas na THN
• Imperadores, ainda que tardios
• Quem deve inflacionar o mercado
• Nevou até no Brasil!
• A Tcheca se abre para o hóquei
• Se queres mudar, Lidstrom é teu MVP