Por: Alexandre Giesbrecht

Para quem estava tentando se livrar de seu melhor jogador até o dia-limite de trocas, os Panthers até que não estão mal. Enquanto escrevo estas linhas, eles estão em 11.º na Conferência Leste, o que não é assim uma boa posição, mas soa melhor se eu lembrá-lo que eles estão a apenas quatro pontos de uma vaga nos playoffs.

Eles podem ser considerados um dos símbolos do equilíbrio que tem pautado esta temporada. Outro símbolo seria a acirrada disputa na Divisão Noroeste, com apenas dois pontos separando o primeiro do quarto colocado a nove jogos do fim da temporada, mas sobre este assunto você pode ler melhor na coluna de Marcelo Constantino. Mais um símbolo, só para abandonar de vez este assunto, é o fato de que hoje há apenas um time que matematicamente está eliminado dos playoffs: o Los Angeles — não que Tampa Bay, Atlanta e outros tenham grandes chances, mas várias casas depois da vírgula fazem com que a matemática ainda lhes ofereça alguma esperança.

Voltando aos Panthers, não muito tempo atrás eles estavam abaixo dos Islanders, quando estes ainda tornavam possível, até provável, a classificação dos cinco integrantes da Divisão Atlântico. De repente, não mais que de repente, eles ganham sete jogos seguidos e despontam como candidatos às disputadas últimas vagas do Leste.

Isso nos faz pensar em dois cenários possíveis: (1) essa boa fase não dura muito, eles voltam rapidamente à forma de janeiro (4-7-2) ou de fevereiro (6-6-3) e mais uma vez assistem à pós-temporada pela televisão; ou (2) a boa fase é estendida aos oito últimos jogos e eles beliscam a última vaga da conferência.

Por todo o histórico da temporada, últimos sete jogos à parte, o primeiro cenário é o mais provável. Dessas sete vitórias, cinco foram em casa, e só uma delas foi contra um time que está confortável na briga pelos playoffs. O problema é que o caminho daqui para a frente está longe de ser tortuoso. São dois jogos contra cada um dos times de sua divisão, a mais fraca da liga, um em casa e um fora. Vale ainda lembrar que os Panthers não têm de passar pelos times à sua frente. Basta passar Capitals e Hurricanes, descontando uma diferença que hoje é de dois e cinco pontos, respectivamente. Com tanto confronto direto, não é difícil imaginar isso acontecendo. A vaga nos playoffs na mão, teríamos um time embalado contra outro — ainda indefinido — que voou tranqüilo, em velocidade de cruzeiro, durante toda a temporada.

Eu sei aonde você acha que eu quero chegar. Aquela velha história do time embalado que pode pregar uma surpresa em um favorito disparado e coisa e tal. Não, nada disso. O Florida não tem chances. Peguemos como exemplo os Penguins no final da temporada regular passada. Eles tiveram uma grande segunda metade de temporada, contra todo o tipo de adversário, e, ainda assim, foram claramente dominados por um Ottawa que tinha inexistido nos confrontos diretos até ali. Imaginem um time vindo embalado por, talvez, quatro vitórias sobre os Thrashers!

Isso sem falar nos times que em algum ponto dos últimos meses tiveram algum tipo de boa fase. Quer alguns exemplos? Os Blackhawks, logo no início da temporada. Os Blues. Os Coyotes. Os Capitals. Ora, até os Leafs!, embora por pouco tempo. Umas vitoriazinhas seguidas fazem isso. Servem justamente para dar esperança, por menor que seja, por mais que ela dependa da matemática.

Se alguém em Miami estiver pensando em comprar ingressos antecipados para a segunda fase dos playoffs — ou mesmo para a primeira —, é bom colocar seu dinheiro em outro lugar. Investimento no Brasil, apesar das medidas decretadas pelo governo na semana passada para impedir a entrada de capital especulativo, ainda vai ser um negócio melhor. Se deixar o dinheiro em um investimento por aqui, esse torcedor pode resgatá-lo quando o time de Nathan Horton, Stephen Weiss e Jay Bouwmeester estiver tinindo, pronto para entrar nos playoffs para brigar, não para figurar. De repente, até com Olli Jokinen ainda como melhor jogador e líder veterano. Quem sabe até no ano que vem.

É só comparar o elenco com o do rival estadual Lightning. Claro, o Tampa Bay tem mais jogadores no Top 12 da liga (dois, contra nenhum do Florida), mas Vincent Lecavalier e Martin St. Louis não têm mais para onde melhorar, ao contrário de Horton e Weiss, para ficar em apenas dois promissores exemplos. O técnico e gerente geral Jacques Martin, apesar de ainda não ter certeza se fica em nenhum dos dois cargos, tem experiência com jovens promessas. Foi ele que levantou o Ottawa, transformando-os de piada da liga em favorito, ainda que não tenha conseguido levá-los ao título. Nem ele nem ninguém, diga-se de passagem.

As últimas sete vitórias não precisam ser encaradas como sinal de nada, especialmente no curto prazo. Quer um bom sinal de que tempos melhores virão? Olhe para o elenco dos Panthers. Mas não se esqueça de levar em conta que isso é para o longo prazo.

Alexandre Giesbrecht, 31 anos, não aposta na Timemania.
Alan Diaz/AP
David Booth e Stephen Weiss fazem parte do futuro promissor dos Panthers.
(06/03/2008)
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Página publicada em 19 de março de 2008.