Por: Neil Acharya

O Boston Bruins do início dos anos 70 está consolidado na história do hóquei.

Orr, Esposito, Buyck e Cheevers são alguns dos nomes que imediatamente vêm à nossa cabeça.

Mas entre esses grandes nomes havia também o de um jovem e determinado ponta nascido em Gananoque, Ontário: Fred O’Donnell.

"Certamente tive muita sorte em poder jogar pelos Bruins durante aqueles anos," disse O’Donnell. "Muito da popularidade do clube se deve àquela era."

Em uma noite especial em Gananoque, O’Donnell estava entre os torcedores quando olheiros da NHL descobriram um garoto de nome Bobby Orr durante um jogo de pós-temporada.

"Ele deve ter me impressionado muito para me fazer lembrar daquele jogo em específico,” destacou O’Donnell.

Mal sabia ele que os dois um dia seriam colegas de time, defendo os Big, Bad Bruins.

O’Donnell, que chegou à NHL em um tempo em que os jogadores assinavam direto com as organizações — freqüentemente ainda adolescentes — ao invés de passar pela peneira do recrutamento, não era um estranho para o Boston Garden quando finalmente estreou nos Bruins, em 1972-73.

"Fiz minha primeira partida no Garden quando tinha 17 anos," disse. "Os Bruins patrocinavam o Niagara Falls Flyers e o Oshawa Generals e sempre recorriam aos dois em busca de jovens talentos.

"Eu sempre gostei de jogar no Garden — tivemos bons times e gostava do estilo de jogo mais cadenciado e também do jogo fisíco," continuou O’Donnell, que também jogou no Garden como membro do Boston Braves, da American Hockey League (AHL).

O’Donnell marcou seu primeiro gol em Long Island, diante do goleiro Billy Smith, dos Islanders. Como muitos jogadores fazem, ele guardou o disco.

"Poucos meses depois eu recebi outro disco, dessa vez em uma placa onde estava escrito que aquele era o meu primeiro gol," disse. "Desde então tenho dois discos para um único gol."

Naquela temporada os Bruins estavam às vistas de sua terceira Copa Stanley em quatro anos, mas as sérias contusões de Orr e Phil Esposito resultaram em uma prematura eliminação nos playoffs pelas mãos do New York Rangers.

Mas aquilo não desanimou O’Donnell e alguns de seus colegas de levar Esposito à uma festa onde celebrariam a temporada.

"Estávamos em um restaurante próximo ao Mass General (hospital onde Esposito estava internado recuperando-se de uma cirurgia no joelho)," lembra O’Donnell . "Achamos que seria uma boa idéia ter o Phil junto conosco."

Depois que o grupo conseguiu distrair a enfermeira, eles empurraram a cama de Esposito para fora do quarto e depois para fora do hospital através de uma saída lateral. Um comediante profissional poderia descrever o que aconteceu a seguir.

 

"A perna do Phil estava erguida por uma roldana," disse O’Donnell. "Começamos a levá-lo, descendo a rua em direção ao restaurante, mas a manivela que guiava a cama acabou caíndo."

Ele acabaram conseguindo levar a cama ao destino desejado e Esposito pôde aproveitar a festa, embora vestido com o avental do hospital.

O’Donnell vê aquele tempo como a época certa tanto para ser um Bruin como também um torcedor dos Bruins.

"As pessoas que puderam jogar com aqueles caras jogaram o seu melhor," disse. "Era um time de muito talento, com personalidades únicas que conseguiram se unir no gelo para criar um só identidade."

O’Donnell deixou os Bruins após a temporada de 1973-74 e depois jogou duas temporadas pelo New England Whalers, da World Hockey Association (WHA). Após sua aposentadoria como jogador, ele começou sua carreira de treinador, primeiro como professor em escolinhas de hóquei em Kingston, Ontário, para depois assumir missões mais importantes.

Ele levou o Golden Gaels, time da Universidade de Queen, ao seu primeiro campeonato de Ontario em 67 anos, em 1980-81, e mais tarde esteve no comando do Kingston Canadians, da Liga de Ontario. Queen nunca chegou tão longe nos últimos 25 anos.

Neil Acharya é colunista da revista The Hockey News. O artigo original foi traduzido por Igor Veiga.
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Página publicada em 19 de março de 2008.