Por: Thiago Leal

Esse artigo poderia começar exatamente igual a coluna sobre os Flyers que publiquei na semana passada. Os Ducks estavam começando a temporada tão mal que o alerta "outubro não ganha Copa, mas perde" também seria usado à franquia californiana.

Depois de fazer uma pré-temporada animadora, com seis vitórias, uma derrota e uma derrota na prorrogação, os Ducks começaram a temporada regular com quatro derrotas consecutivas — 1-4 para os Sharks, 2-4 para os Coyotes, 3-6 para os Kings e 2-3 para os Oilers. A primeira vitória só veio no quinto jogo, um belo shutout nos Sharks, 4-0. Mas, em seguida receberam os Hurricanes e perderam por 1-3. E um detalhe preocupante: os Ducks não haviam saído da Califórnia ainda. Os jogos contra Oilers e Canes, duas derrotas, foram em casa. E os únicos jogos como visitantes foram Sharks e Kings. Ou seja, o Anaheim esteve todo tempo praticamente em casa, com uma campanha que até lembrava seus tempos... Mighty.

Nesses seis primeiros jogos dos Ducks, o time sequer teve um líder no rinque. Apenas cinco jogadores marcaram mais de dois pontos: Rob Niedermayer e Travis Moen, principais pontuadores do período com quatro; Pronger, com três; Ryan Carter, com três; e Samuel Pahlsson, com três. Aliás, a Nothing Line (formada por Niedermayer, Pahlsson e Moen) foi a única coisa quase positiva no ataque dos Ducks. Teemu Selanne só marcou um ponto. Ryan Getzlaf também, e só no quinto jogo, a vitória contra os Sharks. Perry também só teve um ponto, e Kunitz, então, nem isso conseguiu. E, sim, eles estavam no rinque. Foram 20 gols sofridos, sete deles em desvantagem numérica — um dos problemas responsáveis pela eliminação precoce na temporada passada. E o pior de tudo é que ficou óbvia a diferença de potencial ofensivo entre Ducks e Sharks. Mesmo quando derrotou os Tubarões, os Ducks eram visivelmente inferiores no ataque.

Com o time jogando mal e as principais estrelas não produzindo, parecia óbvio que os Ducks teriam mais uma temporada perdida, daqueles que lembrariam seus velhos tempos de Mighty.

E, na seqüência, os Ducks teriam quatro jogos no Leste. Uma sucessão de derrotas em seu próprio estado seguida por quatro datas no lado oposto do país. A primeira seria uma parada em Toronto para enfrentar os Maple Leafs. No primeiro período, Beauchemin abriu o placar, com assistência de Kunitz, que finalmente apareceu, e Perry. A principal linha de ataque dos Ducks trabalhou coletivamente, talvez, pela primeira vez na temporada. Parros ampliou com assistência de May e Sutherby. Nik Antropov diminuiu no segundo período e, no minuto final do terceiro período, com rede vazia, os Leafs empataram um jogo que, por alguns instantes, os Ducks achavam estar ganho. No primeiro período, os Ducks deram 14 chutes a gol. No segundo, quatro. E no terceiro nenhum. Foram 21 no total contra 38 do Toronto. Mas os Ducks acabaram vencendo os Leafs nos pênaltis.

A vitória aliviou, mas não podemos ignorar o quão preocupante o jogo foi. Não por estar vencendo por 2-0 e permitir o empate. Mas por uma queda de produção ofensiva absurda do primeiro para o segundo período e assim para o terceiro. Era um intervalo de tempo onde, estivesse enfrentando uma equipe mais forte, os Ducks teriam levado uma surra. A lição não foi aprendida.

Sutherby, com assistência de May e Selanne, apareceu para abrir o placar contra os Senators. Marchant e Pahlsson marcaram sem assistência, e aquela linha, Kunitz-Getzlaf-Perry, finalmente completa, marcou o quarto gol. Os Ducks entraram no terceiro período vencendo por 4-0, e até então vinham fazendo aquele que era, sem dúvidas, o melhor jogo da franquia na temporada. O time não diminuiu o ritmo. E não o diminuiu nem mesmo no terceiro período. Mas voltou a ter aqueles problemas numéricos... em duas vantagens numéricas, os Sens diminuiram perigosamente o placar. Mais um gol para a franquia canadense e os Ducks por pouco não perderam o jogo. Venceram por 4-3, mas para quem vencia por 4-0 jogando bem realmente é preocupante.

Até porque o próximo jogo seria contra os Canadiens. Mas os Ducks não pareciam se importar em jogar em Montreal. Começaram bem, abrindo 2-0 nos seis minutos iniciais da partida — Huskins e Getzlaf marcaram. Em vantagem numérica (de novo...) Alex Tanguay diminuiu. Saku Koivu empatou e, no começo do segundo período, Kostopoulos virou. Os Ducks sentiriam o baque, não fosse uma vantagem numérica a seu favor logo após a virada. Perry empatou e, em seguida, Kunitz virou novamente o placar, tornando o jogo eletrizante. E em desvantagem numérica, Moen ampliou para os Ducks, que saíram do segundo período com uma vantagem de 5-3. Em vantagem numérica, Selanne marcou no começo do terceiro período. Quando Tanguay diminuiu o saldo para 6-4, já era tarde demais.

Então, tudo bem? Foi o melhor jogo dos Ducks? E o que significa dar 25 chutes a gol e tomar 51? Mais que o dobro. O volume ofensivo dos Canadiens foi absurdo, e não foi o gol-vencedor de Moen que garantiu a vitória dos Ducks, mas sim a grande atuação de Giguere. A defesa não trabalhou bem, o ataque, que começou o jogo dando pistas de que faria uma grande apresentação, diminuiu o ritmo de forma patética... eu diria que foi um dos piores jogos da franquia, se não o pior. Resultados enganam.

A última parada antes de voltar para casa e receber Red Wings, Canucks e Flames era em Columbus. Com um minuto de jogo, Getzlaf abriu o marcador. Novotny empatou, Brassard virou no começo do segundo período e, com um Blue Jackets absurdamente melhor, Perry empatou o jogo e Selanne marcou o gol da vitória — que, novamente, só aconteceu por causa de Giguere.

Quatro jogos, quatro vitórias. Seria animador para qualquer time uma seqüência fora de casa com esse resultado. Mas e quando a franquia consegue ser sufocada por Toronto Maple Leafs e Columbus Blue Jackets? Os Ducks saíram da Califórnia com algo errado. E voltam com esse algo ainda errado. Não são quatro vitórias que vão mudar o fato de que existe um grande problema no elenco, principalmente quatro vitórias em, no mínimo, três jogos ruins.

Desse jeito, os Ducks escapam em outubro. Mas esse jogo derruba qualquer time, mesmo que seja em novembro — atuando do jeito que estão, não vai demorar para os Ducks caírem na real.

Thiago Leal manda um beijo e um abraço para Mary, a musa e torcedora-símbolo do Anaheim Ducks no Brasil.
Dave Sandford/Getty Images
Perry marca nos pênaltis o gol-vencedor sobre CuJo. Os Ducks jogaram mal, mas venceram os Leafs.
(21/10/2008)
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No seu melhor jogo, contra os Senators, os Ducks quase puseram tudo a perder.
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Jean-Sebastien Giguere, o principal responsável pela vitória sobre os Canadiens...
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... e também sobre os Blue Jackets.
(27/10/2008)
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Página publicada em 29 de outubro de 2008.