Por: Eduardo Costa

Antes e depois do clássico

Enquanto o Calgary Flames goza de certo conforto no topo da Divisão Noroeste, seu rival está no núcleo de um tornado categoria F5. O Edmonton Oilers é um dos muitos times no meio da insana luta pelas últimas posições para os playoffs na Conferência Oeste.

Mesmo assim, o peso do último encontro entre os dois clássicos inimigos não era tão desigual. Óbvio que a urgência de vitória era maior para os Oilers, que jogavam em casa e já conheciam o resultado do embate entre Anaheim Ducks e Columbus Blue Jackets — o time da Califórnia levou a melhor sobre o de Ohio e tirava, temporariamente, os Oilers do G8.

Se os Oilers buscavam uma vitória após dois insucessos, os Flames tentavam impedir algo que é levado muito em consideração por aquelas bandas. Na "melhor de seis" entre ambos na temporada regular, um vitória dos locais significaria um déficit de 3-1. Um sucesso contra os comandados de Craig MacTavish também aumentaria a vantagem sobre os Canucks em sua divisão.

Individualmente, Jarome Iginla buscava retornar sua sociedade com o gol. Uma relação íntima que já rendeu ao capitão dos Flames duas temporadas na casa dos 50 tentos. Nos 21 jogos disputados pelos Flames em 2009, Iginla havia vazado os goleiros adversário apenas três vezes.

As ausências de Rene Bourque e Daymond Langkow, responsáveis por 39 gols, combinados, nessa temporada, colocava ainda mais peso sobre as costas de Iginla.

O resultado de tanto querer não foi vistoso. O clássico esteve longe de ser considerado um primor técnico. De fato a única coisa que sobrava era vontade, cuja maior prova foi o violento choque entre dois atletas dos Flames. David Moss não terminou a partida após colidir espetacularmente com Dustin Boyd no terceiro período. Intensas batalhas em frente às metas, após o apito dos árbitros, também foi uma constante.

Mike Keenan, o lendário treinador linha dura dos Flames, soube neutralizar uma das principais armas do inimigos. Os chutes de Sheldon Souray em situação de vantagem numérica existiram, mas sempre com alguém diminuindo a qualidade do disparo. Os Oilers tiveram seis VNs no jogo, mas todas foram neutralizadas pela terceira melhor equipe de DN da NHL nessa temporada.

Já o time mais ao norte da província também contava com desfalques superlativos. Nada menos que dois dos quatro linhas azuis principais do time estavam no estaleiro.

Denis Grebeshkov, um russo com excelente patinação e grande controle de disco, vinha fazendo uma campanha acima do esperado até machucar o tornozelo contra os Canadiens no último dia 11.

Se Grebeshkov deve retornar apenas no final de março, a situação de Lubomir Visnovsky é ainda pior. O eslovaco deslocou o ombro contra os Blackhawks no início de fevereiro e está fora da temporada.

Junto ao atacante Erik Cole, Visnovsky foi a contratação na entressafra que mais esperança deu ao torcedor. Um grande carregador de disco, Visnovsky era o mais regular linha azul de sua equipe até a fatídica partida contra o Chicago. Um dos poucos poupados pela ira da torcida após o vergonhoso massacre sofrido diante dos Sabres — uma derrota de 10-2 em pleno Rexall Place.

Mesmo com desfalques mais significativos, os Oilers estiveram bem perto de sair vencedores do confronto. Apenas 65 segundos restavam no placar quando Matthew Lombardi marcou o segundo gol dos Flames, mandando o jogo para a prorrogação — Miikka Kiprusoff já dava lugar a um sexto homem de linha.

A expressão de MacTavish e dos atletas dos Oilers após o tento de Lombardi era de pura desolação. Estava escorrendo pelas luvas uma vitória que poderia, além dos dois pontos, significar a moral extra para a continuidade da temporada.

Até então a noite de MacTavish apresentava bons resultados. Sua mexida nas duas linhas principais causara efeito. Cole, que vinha sendo centrado por Sam Gagner — que tanto brilhou na temporada passada mas que não vem repetindo o desempenho nesta — no segundo combo, passou para a linha principal, onde foi bem assessorado por Shawn Horcoff. Cole marcou um gol e Horcoff somou duas assistências na partida.

Outro atleta que reencontrou o caminho da rede foi Iginla, que, para temor das defesas, disse estar recuperando sua confiança quando vê o disco se aproximar de seu taco. Iginla também foi garçom servindo uma oportunidade de ouro para Mike Cammarelli, já no final da prorrogação, que exigiu uma intervenção primorosa do nem sempre decisivo Dwayne Roloson.

Após a vitória escorrer no final do tempo regulamentar, e evitar a derrota no segundo derradeiro do período extra, os Oilers acabaram perdendo na disputa por pênaltis. O único a aproveitar sua cobrança foi Todd Bertuzzi. Destaque negativo para o jovem Gagner, que, para confirmar sua temporada abaixo da média, "esqueceu" o disco pelo caminho em sua cobrança.

Souray resumiu bem o sentimento de toda a organização após a derrota.

"Foi um ponto (conquistado). Deveria ter sido dois."

Simples palavras, mas que mostram que qualquer ponto que escorre pelas mãos nos segundos finais de um jogo pode fazer falta quando a temporada regular chegar ao final.

O balanço final do clássico potencializou o cenário que tínhamos no início. Flames soberanos em sua divisão e os Oilers mais submersos no turvo oceano de incertezas da tabela da Conferência Oeste.

Eduardo Costa passou o carnaval assistindo hóquei e fugindo da programação das TVs abertas.
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Página publicada em 25 de fevereiro de 2009.