Por: Alexandre Giesbrecht

Não há um fã de hóquei brasileiro que não tenha relacionado o acidente sofrido pelo ônibus do Albany River Rats com o acidente que nos mês passado vitimou dois jogadores e um membro da comissão técnica do Brasil de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Felizmente, não houve mortos ou feridos graves no estado de Massachussets, ao contrário do que aconteceu no Sul do Brasil. Também felizmente, a solidariedade por lá foi a mesma que se viu por aqui.

Vários clubes da AHL que normalmente são rivais dos River Rats ofereceram-se para ajudar, do empréstimo de equipamentos ao adiamento de partidas. Mesmo os que não sabiam como colaborar ligaram para a sede da liga para encontrar uma maneira. Os dois jogos que o time faria no fim de semana foram adiados. Mesmo sem feridos graves, o time está sem condições físicas de jogo, além de psicologicamente abalado: seria pedir um pouco demais que pisassem no gelo tão cedo. Isso sem falar que o material oferecido pelos outros times não era o bastante, ainda que tenha ajudado.

"É algo bem traumático", disse Dave Gove, que defendeu o time até janeiro do ano passado e tinha conversado com seu ex-colega Pat Dwyer, que estava no ônibus. "[Dwyer] disse-me que foi muita sorte ninguém ter se machucado gravemente. Sei que muitos jogadores estão bem machucados. Nada que coloque a vida de ninguém em risco, mas deu para perceber que [Dwyer] estava bem chocado."

Apesar de um cenário de aparente desespero, a delegação do time de Albany soube manter a calma. "Como é que jogadores de hóquei, acostumados a dor, sangue e violência, se comportam ao deparar-se com perigo e caos fora do rinque?", perguntaram-se os jornalista David Filkins e Paul Grondahl, do jornal local Times-Union. "Da mesma maneira que ocorreu em um trecho isolado de estrada [em Massachissets]. Ninguém gritou. Ninguém entrou em pânico. Podia-se ouvir vozes na escuridão enquanto os 29 homens vagavam pela cena, procurando por sapatos e casacos perdidos: 'Você está bem?' 'Sim, e você?'"

Embora esse cenário descrito pelos jornalistas norte-americanos pareça um rescaldo razoavelmente tranquilo, o perigo ainda não tinha passado, com caminhões passando mais rápido do que deviam em uma pista onde não só um grave acidente tinha acabado de acontecer, como vários jogadores ainda estavam perdidos, sem se dar conta de que estavam no meio da estrada. "Pelo que eu ouvi, três [caminhões] não nos pegaram por pouco", contou o técnico dos River Rats, Jeff Daniels.

O time voltava de Lowell, onde havia perdido para os Loch Monsters por 3-2 nos pênaltis na última quarta-feira. A viagem já era incômoda o bastante, porque o ônibus que faria a viagem de volta a Albany quebrou cerca de 20 minutos depois de deixar Lowell e o elenco teve de esperar bastante por um substituto. A viagem só prosseguiria à uma da manhã de quinta-feira. Para encerrar-se bruscamente pouco tempo depois.

O jogo desta quarta-feira, em Bridgeport, está confirmado. Será a primeira viagem do time desde o acidente. É muito provável que muitos jogadores não se sintam preparados e a viagem seja um suplício psicológico. Apesar disso, eles sabem que dificilmente alguma viagem será tão ruim quanto a que eles experimentaram na semana passada.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, tem-se mantido são, sabe-se lá como.
Steve Jacobs/Times Union
O estado do ônibus depois do acidente, por fora...
(19/02/2009)
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Página publicada em 25 de fevereiro de 2009.