Por: Humberto Fernandes

Entre os afastamentos de Alexei Kovalev, em Montreal, e Chris Osgood, em Detroit, há algumas semelhanças e muitas diferenças. Mas é preocupante que, tão próximo dos playoffs, as duas equipes apontadas como favoritas para chegar à final da Copa Stanley ainda tenham problemas internos de tamanha grandeza.

Insatisfeito com o desempenho de Kovalev, seguramente o mais talentoso atacante dos Canadiens, o gerente geral Bob Gainey dispensou o jogador por dois dias, justamente quando os Habs enfrentariam o Washington Capitals, um dos times mais fortes da Conferência Leste, e o Pittsburgh Penguins, adversário direito na luta pela classificação. Kovalev foi impedido de enfrentar os dois maiores jogadores russos da atualidade, Alexander Ovechkin e Evgeni Malkin, algo que poderia incentivá-lo a se esforçar mais para superar a nova geração de atacantes do seu país.

A carreira de Kovalev é marcada por altos e baixos, então não há nenhuma surpresa em seus 14 gols e 43 pontos marcados nesta temporada. De 2002-03 em diante ele marcou, por temporada, 77, 45, 65, 47 e, finalmente, 84 pontos no ano passado. Um ano bom, um ano ruim. Sua marca registrada.

Gainey é um dos gerentes mais pacientes da NHL, o que acentua a sua frustração ao tomar a atitude de punir Kovalev. Ele tinha pelo menos três objetivos em mente: provocar o jogador, para que reagisse e provasse o seu valor; provocar o time, mostrando que, se o atacante mais habilidoso é dispensável de dois jogos decisivos, então qualquer um pode estar na mira; sinalizar para o mundo, ou melhor, para a Conferência Oeste, que os Canadiens estão dispostos a ouvir propostas por Kovalev no dia-limite de trocas.

Nos dois jogos sem Kovalev, os Canadiens conquistaram apenas um de quatro pontos possíveis, com derrota nos pênaltis para os Capitals e derrota por 5-4 para os Penguins.

Em seu retorno, contra o Ottawa Senators, Kovalev marcou o segundo gol do time ainda no primeiro período, aproveitando-se de falha da defesa adversária, e terminou a partida com um gol e duas assistências na vitória por 5-3. Na terça-feira, contra o Vancouver Canucks, Kovalev deu uma assistência e foi o segundo atacante com mais tempo de gelo do time. Os Habs venceram por 3-0.

Kovalev, de 35 anos, será agente livre irrestrito ao final da temporada, quando vence seu contrato de US$ 4,5 milhões. Dono de 919 pontos em 1.132 jogos, o russo certamente conseguirá alguma boa proposta para deixar os Habs em julho. Porque depois desse carnaval todo em Montreal, com direito a publicação de reportagem onde ele supostamente teria culpado a indisciplina fora do gelo dos companheiros mais jovens pelo fracasso do time, seria de se espantar que Gainey o mantivesse no elenco, ainda mais quando mais da metade do time não tem contrato para o ano que vem.

Em Detroit, na sexta-feira, dia 20, os Red Wings convocaram o goleiro Jimmy Howard para substituir Osgood nos jogos do final de semana, contra Anaheim Ducks e Minnesota Wild. Os Wings queriam dar um tempo para Osgood recuperar o foco e resgatar o seu jogo.

Osgood nunca foi um goleiro de elite, mas seus números nunca estiveram tão ruins. Entre os goleiros com pelo menos 20 jogos disputados na temporada, ele tem o pior percentual de defesas, com apenas 87,9%, atrás de nomes como Johan Hedberg, Vesa Toskala, Peter Budaj e Andrew Raycroft. Sua média de gols sofridos por jogo é de 3,29, a terceira pior de toda a liga.

Mais do que não jogando bem, os Red Wings acreditam que Osgood não está focado em defender o gol do atual campeão da Copa Stanley. Com dez dias de treinos, sem jogos, a gerência acredita que ele pode se recuperar da má fase e dar novos rumos à temporada.

Osgood está definitivamente nos planos da equipe para a sequência da temporada — essa é a maior diferença entre ele e Kovalev, nos Habs —, principalmente porque ninguém se esqueceu de sua formidável campanha nos playoffs passados, quando substituiu Dominik Hasek e venceu 14 jogos, com 93,0% de defesas, 1,55 gol sofrido por jogo e três shutouts. Seu nome foi cogitado para o Troféu Conn Smythe, inclusive.

Enquanto isso, Ty Conklin, o goleiro que deveria ser o reserva, tem 91,5% de defesas e 2,32 gols sofridos por jogo, com mais vitórias em menos jogos disputados e seis shutouts. Conklin é, nesta temporada, o que Osgood foi na temporada passada. E se o queridinho da torcida não se recuperar como a gerência espera, Conklin será o titular em abril.

Contra os Ducks, com Conklin no gol, os Wings venceram por 5-2. No dia seguinte, contra o Wild, com Howard de titular pela primeira vez na temporada, a equipe foi derrotada pelo mesmo placar.

A próxima partida de Osgood será na sexta-feira, 27, contra o Los Angeles Kings, em Detroit.

Osgood tem contrato por mais duas temporadas a US$ 1,4 milhão por ano e terá 37 anos em 2009-10. Conklin será agente livre irrestrito e não continuará com o time, mesmo que vença a Copa Stanley (como Mike Vernon, em 1997). Depois de duas ótimas campanhas com Penguins e Red Wings, ele certamente receberá propostas mais atraentes de outras equipes da liga.

Montreal e Detroit deveriam fazer a final da Copa Stanley, mas Kovalev e Osgood podem impedir. É por isso que, da mesma maneira mas com objetivos distintos, Canadiens e Red Wings afastaram os problemas. Temporariamente.

Humberto Fernandes detesta carnaval, principalmente desfile de escola de samba.

AP
O Montreal Canadiens comemora o gol de Alexei Kovalev contra o Ottawa Senators: retorno produtivo (um gol, duas assistências).
(21/02/2009)

AP
Chris Osgood nunca esteve tão mal em toda a sua carreira, mas o Detroit Red Wings ainda tem esperança na sua recuperação para os playoffs.
(15/02/2009)
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Página publicada em 25 de fevereiro de 2009.