Por: Eduardo Costa

Se, por algum motivo, Samuel Pahlsson tivesse sua carreira encerrada nesse exato momento, ele ao menos teria como conforto a conquista dos dois maiores títulos que um jogador de hóquei pode obter.

O sueco de 31 anos, campeão olímpico em 2006, encerrou um ciclo extremamente produtivo no Anaheim Ducks nesse dia-limite de trocas.

Duas finais de Copa Stanley, com uma delas bem sucedida em 2007, fornecem a bagagem emocional que uma equipe com um elenco jovem como o Chicago Blackhawks necessita para enfrentar a verdadeira temporada, aquela que começa em abril.

Essa era a tarefa do gerente geral Dale Tallon, que silenciosamente buscou esse ingrediente, adicionando Pahlsson no apagar das luzes do dia D.

"Quanto mais jogadores com campeonatos você tiver no vestiário, melhor sua equipe será. Pahlsson será uma influência positiva para nossos jovens jogadores. Ele pode mostrar a eles o quanto custa chegar à terra prometida."

Óbvio que não é apenas a chapa copeira do central que interessou a organização de Illinois.

Pahlsson, apesar de estar bem longe de ser uma máquina de marcar pontos, tem características que fazem a diferença em partidas de pós-temporada, geralmente decididas em detalhes.

O sueco ocupa a 20.ª posição na liga em porcentagem de faceoffs vencidos, uma faceta do jogo que vem custando pontos aos Blackhawks. Com 47,1% de aproveitamento, apenas o Phoenix Coyotes apresenta piores números (43,9%). Se você não vence o faceoff, você não tem o disco. Se você não tem o disco, as chances de marcar são nulas. Tão simples quanto importante.

Nos playoffs de 2007, quando foi uma das peças mais importantes do esquema de Randy Carlyle nos Ducks, Pahlsson foi um pesadelo para os principais centrais rivais. Jogando com consistência em ambos os lados do gelo, chegou a ser um dos três finalistas ao Troféu Selke no final da temporada. A linha Travis Moen, Pahlsson e Rob Niedermayer jamais será esquecida pelos fãs de hóquei naquelas bandas.

Alguém que conhece toneladas de hóquei, e que está na organização, deu o aval que impulsionou a contratação.

"Scotty (Bowman) teve Pahlsson como adversário várias vezes e acredita que se trata de um grande anulador de 'forças inimigas' no gelo," finalizou Tallon.

O treinador Joel Quenneville é outro que lembra bem do jogador. Treinando o Avalanche, Joel foi varrido pelos Ducks de Pahlsson na pós-temporada de 2006.

Na atual campanha, a fase não era tão prolífera. Com os Ducks lutando para permanecer entre os oito, Pahlsson acabou no departamento médico em janeiro por conta de uma mononucleose, que ainda deve mantê-lo inativo por duas semanas. Um tempo que os Hawks podem se dar ao luxo de suportar sem seu novo reforço.

O time ocupa a quarta posição da Conferência Oeste, de onde dificilmente será movido — mesmo que ultrapasse os Flames, o time de Alberta ainda será cabeça-de-chave por liderar a sua divisão.

Mesmo que aconteça uma queda acentuada de produção, e a posição final dos Blackhawks se altere, qualquer rival apresentará centrais extremamente perigosos.

Existe uma possibilidade bem grande de encontrar o Vancouver Canucks, equipe com o meio congestionado de gente como Mats Sundin, Henrik Sedin e Ryan Kesler, logo na primeira rodada dos playoffs. David Bolland, central que vem se destacando defensivamente no time Cacique, seria extremamente exigido.

Talvez esse cenário tenha contribuído ainda mais para a adição de outro central forte defensivamente, como Pahlsson.

E o preço pago não foi demasiado caro a curto prazo, apesar de ter envolvido o físico linha azul James Winsniewski, um jogador muito popular junto aos fãs — uma escolha baixa e mais dois atletas de ligas menores também entraram na ciranda.

Pahlsson, porém, se tornará agente livre ao final da temporada, motivo pelo qual foi trocado, já que as tentativas de renovação com os Ducks pouco avançaram. A certeza de perdê-lo sem nenhum retorno foi o fator principal para sua saída.

O mesmo risco correm os Blackhawks, mas é o tipo de aposta que precisava ser feita. Para mostrar ao elenco ambição imediata por parte da organização, que pretende que a primeira viagem aos playoffs desde 2002 (!) não seja curta.

Para o gerente geral Tallon a experiência foi das mais prazerosas. Pela primeira vez em muito tempo em um dia-limite de trocas, sua equipe foi compradora e não vendedora.

"Comprar é muito mais divertido do que vender, acreditem em mim."

Eduardo Costa tem orgulho dos amigos que tem.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-09 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 5 de março de 2009.