Por: Humberto Fernandes

O dia-limite de trocas se aproximava e o Minnesota Wild tinha uma grande decisão a tomar, envolvendo o seu goleiro titular, Niklas Backstrom.

Aos 30 anos de idade, Backstrom está no seu último ano de contrato e seria agente livre irrestrito em julho. O Wild ponderava entre renovar o seu vínculo com o goleiro ou trocá-lo imediatamente, para não correr o risco de perdê-lo a troco de nada no mercado de agentes livres em julho.

As negociações se arrastaram até a véspera do dia-limite, quando equipe e jogador chegaram ao acordo: quatro anos de contrato por US$ 24 milhões.

O gerente geral Doug Risebrough ficou satisfeito com o final feliz da novela que se desenhava.

Mas Risebrough pode ter tomado a decisão errada.

Backstrom é um bom goleiro, o segundo mais vitorioso nos oito anos de história do Wild, com 84 vitórias. Porém, ele não deveria ser pago como o quarto melhor goleiro de toda a liga na próxima temporada. É muito dinheiro (US$ 6 milhões por temporada) para empatar em uma posição tão inconstante.

Em toda a sua existência, o Wild tem 91,7% de defesas, sempre ocupando uma posição entre os líderes da liga neste quesito a cada temporada. O percentual de defesas médio da NHL no período foi de 90,4%, bem abaixo do que é visto rotineiramente em Minnesota.

Somente quatro goleiros disputaram mais de 50 jogos como titular na franquia: Manny Fernandez, Dwayne Roloson, Backstrom e Josh Harding. Todos eles registraram ótimos números com o time.

Goleiro
% de defesas
Gols por jogo
Fernandez (Wild)
91,4%
2,47
Fernandez (outro time)
90,9%
2,49
Roloson (Wild)
91,9%
2,28
Roloson (outro time)
90,4%
2,81
Backstrom
92,4%
2,19
Harding
92,0%
2,51


Fernandez e Roloson são bons goleiros, mas ambos viram o seu percentual de defesa cair e a média de gols sofridos por jogo aumentar quando atuaram por outras equipes. Atualmente, Fernandez faz ótima temporada como reserva no Boston Bruins e Roloson recuperou sua boa forma no Edmonton Oilers, mas foi em Minnesota que estes goleiros tiveram os melhores números de suas carreiras.

Backstrom tem números superiores aos dos outros goleiros, mas ele jogou por um time muito melhor ao longo dos anos, que se classificou para os playoffs nas duas últimas temporadas e que está na disputa mais uma vez neste ano. Em seus melhores anos com o Wild, Fernandez e Roloson registraram números comparáveis aos de Backstrom — Fernandez tem uma temporada com 92,4% e outra com 92,0% no currículo, enquanto Roloson tem uma com 93,3% e outra com 92,7%.

Conclusão: não importa quem seja o goleiro, o sistema de jogo do Wild garante o seu sucesso e a posição entre os líderes da liga nas estatísticas individuais.

Harding, atual reserva de Backstrom, é seis anos mais novo e será agente livre restrito ao fim da temporada. A diferença é que seu salário atual é de US$ 725 mil, permitindo que o próximo contrato tenha um valor bem abaixo dos US$ 6 milhões gastos com Backstrom.

Nesta temporada, Harding tem 93,1% de defesas e 2,22 gols sofridos por jogo, superior a Backstrom em ambos os quesitos (92,5% e 2,24). Mesmo com seu goleiro titular, o Wild não está entre os oito melhores times da Conferência Oeste.

Com a renovação do contrato de Backstrom, Harding não é mais o "goleiro do futuro" do Wild e provavelmente será negociado com outra equipe até julho. Risebrough já fez isso antes: três anos atrás, logo após renovar o contrato de Fernandez, o gerente geral negociou Roloson com os Oilers.

Com 15 jogadores contratados para a próxima temporada, o Wild já empatou mais de US$ 42 milhões de sua folha salarial, estando cerca de US$ 15 milhões abaixo do teto ainda a ser definido pela liga. O dinheiro da equipe poderia ser bem melhor investido em outros jogadores, como Marian Gaborik, maior atleta da história da franquia e que está no último ano de seu contrato. Martin Skoula, Marc-Andre Bergeron e Kurtis Foster, todos defensores, também não têm contrato para o ano que vem. E o ataque do time precisa de reforços para deixar de ser um dos piores da liga.

Talvez a melhor estratégia dentro do sistema de teto salarial seja a adotada pelo Detroit Red Wings: gastar pouco com goleiros. Porque com exceção feita aos nomes de elite — Martin Brodeur, Roberto Luongo —, os goleiros na realidade são muito inconsistentes para que os times invistam neles muito dinheiro em compromissos de longo prazo.

Se Backstrom afundar, leva consigo o Wild. Por US$ 6 milhões, nenhuma outra equipe assumiria seu contrato. Se ele continuar registrando ótimos números e vencendo jogos, ninguém se importará com seu salário.

Humberto Fernandes virou "concurseiro" e divide a atenção entre os estudos e TheSlot.com.br, com prioridade para a revista, é claro.

AP
Niklas Backstrom, goleiro do Minnesota Wild, US$ 24 milhões mais rico nos próximos quatro anos.
(19/01/2009)

Jonathan Daniel/Getty Images
Josh Harding perdeu o posto de "goleiro do futuro" do Wild e em breve encontrará uma nova equipe.
(22/02/2009)
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Página publicada em 5 de março de 2009.