Por: Eduardo Costa

Top 10, Dez +, ou o que quer que seja, pode ser um dos recursos mais batidos e mesquinhos do mundo redatorial, mas a capacidade de ranquear — e praticar o mal — é o que nos separa das outras criaturas. Você jamais verá um dragão-de-Komodo fazendo uma lista dos invertebrados mais suculentos para uma refeição matinal — se um dia você presenciar isso, troque de medicamento, ou pare de usar substâncias ilícitas.

A cada semana usaremos um tema. Concordando ou não, nosso canal está aberto para sua opinião.

Iginla, maior Flame de todos os tempos?

Os últimos dias têm sido ricos para a imprensa e fãs de hóquei em Calgary. Os Flames foram os que mais barulho fizeram no dia-limite de trocas ao adicionar Olli Jokinen e trazerem de volta Jordan Leopold.

Mas, antes mesmo do gerente geral Darryl Sutter apertar firmemente o gatilho, um feito superlativo ganhou ampla repercussão no início desse mês. E aconteceu logo diante de uma adversário que não evoca agradáveis recordações.

Tampa Bay Lightning. Tanto faz a posição em que esteja, é um adversário que importa e incomoda em Calgary desde os sete confrontos que definiram a Copa Stanley de 2004.

Aquela derrota para os Bolts é o que até hoje separa um atleta, cujo nome é tão grandioso quanto seu culto em Calgary, da consagração definitiva. Jarome Arthur-Leigh Adekunle Tig Junior Elvis Iginla conquistou quase todos os títulos possíveis em sua carreira. Copa Memorial — a mais importante competição júnior de clubes do mundo —, Mundial Júnior de seleções, medalha de ouro olímpica em 2002...

Martin St. Louis e Vincent Lecavalier, únicos remanescentes daquela final do lado dos Bolts (contra seis dos Flames), novamente levaram a melhor sobre os Flames de Iginla, em uma partida que foi um verdadeiro bacanal ofensivo. Um placar de 8-6 que não mudou em nada a realidade de ambos os times na tabela.

Mas dessa vez algo pode ser comemorado: Iginla se tornou o maior pontuador da história da franquia.

Beneficiado por um jogo aberto, que lembrou o hóquei romanticamente irresponsável, praticado nos anos 80, o capitão dos Flames somou cinco pontos e chegou a 834, mais do que suficientes para ultrapassar o recorde anterior, que pertencia a Theo Fleury (830).

Em uma temporada onde andou longe do gol por um bom tempo — apenas um gol no mês de janeiro e quatro em fevereiro —, ele também se aproveitou para chegar ao seu tento n.º 400. Com seis, nos últimos quatro prélios, tudo indica com a velha sociedade com o gol tenha voltado.

Mas, apesar de ter ultrapassado Fleury na artilharia histórica da franquia, será que podemos considerar Iginla o atleta mais importante dos Flames em todos os tempos?

Os números dizem sim, mas nosso 10+, por muito pouco, diz que (ainda) não. Ah, tenha em mente que apenas o período em que o atleta vestiu a camisa da equipe de Alberta é considerado, claro.

1- Al MacInnis
Mesmo que boa parte de sua passagem pelos Flames tenha ocorrido na "aberta" década de 1980, a média superior a um ponto por jogo (1,02) com Calgary impressiona tanto como o chute violento e certeiro do linha azul. Poucos atletas na NHL causaram tanto terror quando disparavam um disco. Excelente em ambas as extremidades do gelo, foi instrumental nas duas primeiras viagens dos Flames às finais. Tanto em 1986, quanto em 1989, foi o goleador do time. A Copa Stanley viria em 1989, quando, com 31 pontos em 22 jogos, abocanhou o Troféu Conn Smythe. Junto a Iginla, são os únicos a ultrapassarem a marca de 800 jogos com a camisa dos Flames.

2- Jarome Iginla
Jogador completo, que além de liderança exemplar, é capaz até mesmo de derrubar as luvas para injetar ânimo em sua equipe, Iginla é a face da franquia. Gols (dois Troféus Maurice Richard), trancos e protagonismo em jogos importantes. Vem derrubando recordes nessa temporada. Ninguém imagina que ele vá vestir outra camisa e com isso deve ultrapassar a marca de mil jogos com o time de Calgary. A conta pendente é a Copa Stanley. Um jogo o separou desse objetivo em 2004. Hoje os Flames são uma das forças da NHL. A possibilidade existe.

3- Theo Fleury
Vice-líder em gols, assistências e pontos, mas líder absoluto em polêmicas e identificação com a camisa. Talvez o mais querido atleta da franquia. Foi o herói solitário após o desmanche do esquadrão dos Flames nos anos 1990. Prato cheio para a imprensa, rendia manchetes dentro e fora do gelo. Um dos menores atletas (1,68m) de sua geração, Fleury tinha um estilo extremamente combativo no gelo, o que aumentava ainda mais seu cartaz junto aos fãs. Dono da segunda melhor média de pontos (1,05), teve sua carreira colocada em cheque muitas vezes por ser viciado em drogas. Também alcoólatra, foi negociado quando Iginla dava indícios de que seria o mesmo o promissor futuro da franquia. Fleury teve boa participação na conquista da Copa em 1989.

4- Mike Vernon
Quantos atletas na NHL tiveram a chance de brilhar pela equipe da cidade em que nasceram? Vernon foi um dos poucos. O goleiro entrou para o radar após roubar a titularidade de Réjean Lemelin e ajudar os Flames a eliminarem os rivais Oilers nos playoffs de 1986, impedindo o tricampeonato do time de Edmonton. Vernon foi ofuscado por Patrick Roy nas finais daquele ano, mas teve a sonhada revanche três anos depois. Mas o título frente aos Habs jamais teria existido se Vernon não defendesse um chute de Stan Smyl, sozinho em um contra-ataque, na prorrogação do jogo 7, ainda na primeira rodada dos playoffs contra o Vancouver Canucks. Com 526 partidas, foi o goleiro que mais vestiu a camisa dos Flames. Um dos dois atletas com número (30) aposentado pelo Calgary.

5- Joe Nieuwendyk
De tão bom, acabou valendo Iginla aos Flames. O atual capitão foi o preço pago pelos texanos do Dallas Stars para ter o ex-capitão dos Flames. Nieuwendyk foi um líder exemplar e um artilheiro com muitos recursos e estrela em decisões. Marcou 51 gols logo em sua primeira temporada completa na liga, feito alcançado por apenas três atletas na NHL — o último deles, Alexander Ovechkin. Anotou dez vezes nos vitoriosos playoffs de 1989. Com 616 pontos em 577 jogos, o ex-central é o quarto maior artilheiro da franquia.

6- Lanny McDonald
Apenas o 15.º maior pontuador da história do time, mas co-capitão e líder motivacional (?) no único título. Dono do bigode mais espetacular da história dos esportes, o ponta-direita marcou 66 tentos na temporada 1982-83, logo após chegar de um exílio no Colorado Rookies. Nunca mais chegou perto desse feito, mas se tornou um jogador de "equipe". Em sua última temporada na NHL (1988-89), conquistou a Copa Stanley, marcou seu milésimo ponto e seu gol n.º 500. Desses pontos, 406 foram com a vestimenta dos Flames. Sua camisa 9 foi aposentada pela franquia.

7- Ken Ake Nilsson
Primeiro não canadense a aparecer na lista, Nilsson começou na franquia quando ela ainda estava em Atlanta. Quando os Flames chegaram a Calgary na temporada 1980-81, Nilsson era o "dono" do time. Marcou naquela campanha 131 pontos, ficando atrás apenas de Wayne Gretzky e Marcel Dionne na artilharia da liga. Até hoje aqueles 131 pontos constituem recorde da equipe. Dono de um controle de disco absurdo, o sueco era conhecido como "O Mágico". Curiosamente, foi trocado uma temporada antes dos Flames chegarem à sua primeira final. Somou 562 pontos em 425 jogos pelo Calgary. Por ironia, conquistou sua única copa com os Oilers, em 1987, mas nem isso o tira da lista dos dez maiores jogadores dos Flames de todos os tempos. Pelo menos para TheSlot.com.br.

8- Miikka Kiprusoff
Reflexo, posicionamento e frieza. O finlandês Kiprusoff é um dos mais vitoriosos e decisivos goleiros dos últimos anos. Conhecido por começar as temporadas de maneira morna e engrenar com a competição, é também resistente, tendo atuado 74 ou mais jogos por temporada desde o locaute. Vencedor do Troféu Vezina em 2006, levou o time às finais da Copa Stanley logo em sua primeira temporada com o clube, em 2004 — quando sua baixíssima média de gols sofridos por jogo assombrou os críticos. Sua excelência continua e ele é o mais vitorioso (38) goleiro da atual temporada.

9- Hakan Loob
A posição de Loob poderia ser ainda mais alta nesse Dez +, mas o sueco, após uma temporada de 85 pontos, e no auge da forma, resolveu voltar para seu país para criar seu filho por lá. Mesmo assim, 429 pontos em seis temporadas é o suficiente para posicionar o talentoso atacante, de nome legendário, aqui. Jogador limpo e voluntarioso, Loob foi parte importante das duas finais da equipe nos anos 1980.

10- Joe Mullen
Apenas cinco temporadas? Sim, mas o ianque Mullen foi ouro em Calgary. Marca de 388 pontos em 345 jogos e tendência a decidir partidas complicadas. Foi o destaque na temporada regular 1988-89, com 110 pontos. Manteve a média nos playoffs, somando 24 em 21 jogos nos playoffs, para levantar a Copa em plena Montréal. Estupidamente os Flames acharam que nada havia mais no tanque de Mullen após uma má temporada em 1990. Trocado para os Penguins, ele mostrou que estavam errados ao vencer mais duas Copas pelo time da Pensilvânia.

Eduardo Costa aceita sugestões para os próximos Dez +.
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Árbitro sinaliza gol. Iginla se tornou o maior artilheiro da franquia em jogo contra os algozes Bolts. Seria ele o maior?
(01/03/2009)
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Por enquanto, achamos que o trono é desse cara aqui. Al MacInnis, o mais valioso da única conquista.
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Fleury é vice em quase tudo, exceto em idolatria.
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Mike Vernon: l íder em jogos e vitórias entre as traves.
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Barba, bigode e Copa. McDonald, o capitão.
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Página publicada em 5 de março de 2009.