O torcedor do Pittsburgh vai dizer que temeu pelo pior quando o time foi dominado pelo Detroit no segundo período do jogo. Mas ele também vai dizer que sabia que os Penguins não perderiam o jogo 3 em casa, diante de sua torcida. Não quando o time estava mais preparado e com mais vontade de vencer, fruto do desespero de quem via de perto, bem perto, a possibilidade da impossibilidade (!) de conquistar a Copa Stanley. Porque é impossível vencer os jogos 4, 5, 6 e 7 depois de perder os três primeiros.
Aquele ímpeto inicial do time apenas confirmou a expectativa do torcedor. É claro que os Penguins entrariam no gelo para matar. Não precisaram de sequer cinco minutos para tirar o primeiro zero do placar — e se continuassem naquele ritmo não demorariam mais do que outros cinco minutos para tirar o primeiro um também.
Mas o time sentiu o baque quando o Detroit empatou o jogo menos de dois minutos depois. A história do gol marcado por Henrik Zetterberg é curiosa.
Ao ver que o Detroit estava com sua pior linha ofensiva no gelo, os Penguins enviaram a linha de Sidney Crosby para tirar proveito da situação. Porém, logo após o faceoff, Mike Babcock lançou Zetterberg no jogo. E se o sueco persegue Crosby, a recíproca não é verdadeira.
O melhor atacante e segundo goleiro dos Wings estava livre para aproveitar um rebote de Marc-Andre Fleury.
Crosby é a cara da NHL, mas com o cabelo despenteado, o olho roxo, o nariz escorrendo e um sorriso banguela. Zetterberg tem sido sua sombra, ofuscando o capitão dos Penguins, que em todo o confronto marcou apenas uma assistência (secundária).
Antes do fim do primeiro período os times trocaram gols em vantagem numérica.
Então veio o segundo período, dominado completamente pelos Red Wings, o que não fez qualquer diferença. O placar permaneceu empatado e o esforço extra esgotou os jogadores, que entraram no terceiro período com a língua de fora e as mãos nos quadris, sem conseguir patinar por mais do que cinco segundos em alta velocidade.
O terceiro período foi uma extensão dos minutos iniciais do jogo. A luta pela sobrevivência.
O lance que decidiu o jogo nasceu do cansaço e da inexperiência de um defensor que está no hóquei profissional há bem menos tempo que TheSlot.com.br. Jonathan Ericsson cometeu uma penalidade desnecessária ao interferir com Matt Cooke. Se Ericsson pensasse por um segundo não faria a falta, afinal de contas era o Cooke e o disco deslizava para as bordas atrás do gol.
Em vantagem numérica os Penguins encurralaram os quatro patinadores do Detroit de forma que o disco nunca saiu do ataque. O papel de herói coube a Sergei Gonchar, que soltou um petardo indefensável.
Pela primeira vez no confronto, Gonchar foi decisivo. A virada dos Penguins nos dois últimos meses da temporada em parte é creditada ao defensor. Desde que retornou ao gelo, os Penguins venceram 18 das 26 partidas de temporada regular e 13 jogos nos playoffs.
É possível que alguém afirme que no jogo 3 o Detroit fez sua melhor exibição nas finais da Copa Stanley. Fato ou impressão, ninguém ganha a Copa Stanley jogando por 20 ou 30 minutos.
Arbitragem
A arbitragem sempre merece um capítulo à parte.
No jogo 3 os árbitros foram menos condescendentes, apitando as seguradas e interferências que não foram marcadas nos jogos em Detroit, ao mesmo tempo em que permitiam que jogadas mais violentas escapassem impunemente.
Fazer o julgamento de um lance para decidir se o jogador infringiu ou não a regra é uma missão ingrata. O que é falta para um pode não ser para outro graças aos juízos de valor diferentes. Mas existe um tipo de penalidade que não exige a discricionariedade do árbitro, basta que ele saiba contar para constatar a sua ocorrência.
Durante o primeiro período, com o Detroit vencendo por 2-1, os Penguins atacaram com seis jogadores durante exatos 21 segundos. Não foi um, nem dois, mas vinte e um segundos, tempo suficiente para contar o número de torcedores presentes na arena. Os árbitros não perceberam ou não quiseram marcar a falta. Há quem diga ter visto um deles sinalizar a infração para o companheiro, sendo prontamente ignorado. Foi tão escandaloso quando o sexto jogador deixou o gelo, na frente dos senhores listrados, que é difícil acreditar que nenhum deles assistiu — verbo perfeito para a ocasião, pela possibilidade de empregá-lo tanto com o sentido de ver quanto com o sentido de ajudar.
Então no placar dos erros de arbitragem e decisões polêmicas da NHL os Penguins lideram por 2-0. O primeiro ponto foi marcado por Evgeni Malkin, que deveria ter sido suspenso automaticamente pela briga provocada no jogo 2. No entanto, Colin Campbell rasgou o livro de regras e permitiu que o atacante do Pittsburgh disputasse o jogo 3.
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