Por: Eduardo Costa

Olli Jokinen: uma estrela desconhecida

Guardada a devida proporção, a união Olli Jokinen e Florida Panthers se assemelha ao matrimônio entre Marcel Dionne e Los Angeles Kings. Dionne foi um dos melhores atletas de seu tempo, mas por atuar em uma franquia que atraía pouquíssima atenção da mídia, se viu negligenciado na maior parte de sua carreira. Nossa rival do hemisfério norte, The Hockey News, chegou a colocar Dionne em uma de suas capas com o título: "Uma desconhecida estrela da NHL".

O central finlandês pode não chegar a um décimo do poderio técnico que Dionne apresentava, mas também é a estrela solitária de uma franquia. Ele brilha, produz, mas também tem seus feitos pouco divulgados e raramente reconhecidos, por atuar em um mercado onde o hóquei ocupa um papel bem secundário.

Utilizando de honestidade brutal, se efetuarmos os poucos devotos dos mamíferos felídeos da NHL, apenas alguns indivíduos sem vida própria e providas de tempo ocioso em demasia — os membros de TheSlot.com.br —, acompanham o dia-a-dia da equipe de Sunrise. E esses poucos são testemunhas do grande papel desempenhado por Olli Jokinen no time.

A produção do capitão do Florida Panthers nas duas temporadas pós-locaute são admiráveis: 180 pontos em 164 jogos.

Considerando que o destaque desta coluna teve, na maior parte dessas partidas, companheiros de linha que estavam em início de carreira, ou que já se apresentavam em curva descendente, esta estatística ganha ainda mais valor. Tentar lembrar de algum companheiro de linha de Jokinen que estava no auge nesse intervalo de tempo é uma tarefa que minha mente alcoolizada não soube processar.

Na tenra temporada, o jovem capitão não arrefeceu e já chegou a marcas históricas dentro da franquia.

Contra o Philadelphia Flyers, na última semana, Jokinen foi às redes duas vezes na vitória de sua equipe por 4-3. O primeiro tento o deixou solitário no ranking de maiores pontuadores da história dos Panthers, com 355, ultrapassando Scott Mellanby. O segundo gol também serviu para tirar do ex-capitão Mellanby outro recorde: o de gols marcados pelo time. Olli agora soma 158 com o time da Florida.

Os mais antigos seguidores de hóquei por essas bandas certamente se lembram de Mellanby naquela improvável corrida dos Panthers nos playoffs de 1996, quando o time chegou até as finais da Copa Stanley — onde foram varridos pelo Colorado Avalanche. Ao lado do goleiro John Vanbiesbrouck, o atacante foi essencial na maior façanha do time em sua existência.

Mellanby, demonstrando a classe presente em quase todos os atletas e ex-atletas da NHL — ao contrário de muitos atletas de certa liga de bola ao cesto —, ligou para o finlandês parabenizando-o pelas marcas obtidas.

Ele também se lembrou que, mesmo pertencendo à legião de críticos de Mike Keenan, é necessário dar crédito ao ex-treinador da equipe, hoje déspota do Calgary Flames:

"Eu não sou um grande fã de Mike Keenan, mas ele conseguiu tirar algo a mais de Jokinen. E desde que Mike conseguiu elevar o grau de confiança do jogador, ele se tornou um atleta dinâmico, temido pelos adversários".

Jokinen chegou à Florida junto a Roberto Luongo, ambos provenientes do New York Islanders. Luongo tinha todos os votos para se tornar o maior jogador da franquia, ele até brilhou, mas acabou sucumbindo ao mesmo Keenan que foi benéfico a Olli. Luongo acabou "doado" ao Vancouver Canucks.

Por ser durável — apenas três partidas ausente nas últimas cinco temporadas —, é provável que Jokinen em breve também se torne o atleta a mais vezes ter atuado pela franquia, já que ele está a 82 partidas das 573 do defensor Robert Svehla. Mais 31 assistências e ele também irá remover Svehla do topo nesse quesito.

Mais uma vez acionando a máquina da verdade (?), as marcas atingidas não eram nababescas. Jokinen até arrisca que atletas jovens do time, como Nathan Horton e Stephen Weiss, que recentemente assinaram longos contratos, irão "roubar" sua atual posição de maior artilheiro da história dos Panthers.

Mas esse dia vai demorar a chegar. Enquanto isso Olli Jokinen vai continuar pontuando em larga escala e pode consolidar-se de vez como o maior estrela "desconhecida" da atual NHL e o maior nome de uma franquia de 13 anos de existência. Quem sabe um dia ele não vire capa de uma das duas maiores revistas de hóquei do planeta...


O ponto forte Habitant

Um dos grandes motivos do sucesso da equipe de vantagem numérica do Montreal Canadiens (22,8% de aproveitamento, melhor de toda NHL) na última temporada foi o fator Sheldon Souray. Dono de um chute brutalmente potente e acurado, ele foi o pesadelo das equipes de DV e, apesar do +/- deprimente, atingiu seu ponto alto na carreira em gols (26, sendo 19 deles em VN) e pontos (64).

Souray colocou essas estatísticas na mesa e, como agente livre, assinou um felpudo, obeso e duradouro contrato com o Edmonton Oilers. Sem Souray, era de se supor que a VN Habitant sofreria uma vertiginosa queda.

Senhoras e senhores, isso não vem acontecendo. De fato, estas situações estão sendo ainda melhor capitalizadas pelo elenco de Montreal nessa nova temporada. A equipe lidera a liga com impressionantes 30,4% de aproveitamento.

O Carolina Hurricanes, tradicional asa-negra Habitant, foi abatido quase que exclusivamente pela VN do time canadense no jogo em Raleigh. Assisti a esse embate no poderoso telão Telefuken 14" da redação Sloteana e perdi a conta dos gols em VN marcados pelos comandados de Guy Carbonneau. Por falar nele, o treinador Habitant mantém as duas principais linhas do time — Chris Higgins, Saku Koivu e Michael Ryder; Alex Kovalev, Tomas Plekanec e Guillaume Latendresse — juntas também quando o time tem um homem a mais no gelo.

Na linha azul, o capitão da seleção Suíça de hóquei sobre o gelo, Mark Streit, ocupou a vaga deixada por Souray na VN. Seus companheiros reconhecem que o polivalente Streit, que atua como atacante às vezes, pode não ter o canhão do atual defensor dos Oilers, mas tem um passe mais efetivo, mesma característica de seu par Andrei Markov. Quem se beneficia com isso é gente como Kovalev e Plekanec, que não sentem nenhum remorso em chutar o maior número possível de discos por partida.

E o aproveitamento tende a melhorar, isso se a maldição Sloteana não atuar, já que o próximo embate dos Habs será frente ao Atlanta Thrashers, que está no segundo lugar do pódio das equipes que pior eliminam VN na liga.

Por falar em aniquilar vantagens numéricas, o Montreal precisa melhorar nesse tópico. O time é o sexto pior da liga, evitando apenas  78,7 % das chances adversárias. E isso com um treinador que era um dos melhores da NHL nessa área, vencedor vários troféus Selke e mestre em anular VN.

Ampliando o noticiário sobre o tricolor de Quebec, divulgamos que o time venceu os últimos quatro jogos e apresenta uma campanha de 6-2-2 até o encerramento desta edição. Basta verificar se esta boa fase será mantida, ou se veremos uma repetição do cenário da última temporada, onde os Canadiens começaram bem, mergulharam numa crise cruenta perto do Natal, para depois deixar escapar sua vaga na pós-temporada nos jogos finais.

Eduardo Costa acredita que não há refeição melhor do que canelone e cerveja.
Adrian Wyld/AP
Olli Jokinen marca pela segunda vez contra os Flyers: central tem pouco reconhecimento na NHL.
Streeter Lecka/Getty Images
Kovalev, em seu jogo número mil na NHL, celebra com seus companheiros mais um gol da equipe de VN dos Habs na temporada.
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Página publicada em 31 de outubro de 2007.