Vestiário do Detroit Red Wings em Edmonton, segunda-feira, véspera da partida contra os Oilers.

Cena 1: Pavel Datsyuk entra e tenta abrir caminho até o seu armário, sem sucesso, porque Henrik Zetterberg estava cercado por repórteres. O russo, então, interrompeu o cerco e perguntou se o companheiro havia assinado novo contrato — o que é impossível até 1.º de julho do próximo ano.

Cena 2: Alguém pergunta a Datsyuk se o sueco é o melhor jogador da liga atualmente. Antes que o russo pudesse responder, Zetterberg intercedeu oferecendo um almoço ao companheiro.

São situações típicas do cotidiano de um jogador que está no melhor momento de sua carreira, sendo finalmente reconhecido por toda a NHL como um dos maiores jogadores do mundo. Os números comprovam sua superioridade: Zetterberg marcou ponto em todos os jogos dos Red Wings até o momento e lidera a liga com 21. É vice-líder em gols (nove) e ninguém deu mais chutes a gol do que ele.

"As pessoas em Detroit sabem o quão bons Hank e Pav são, mas parece que ao redor da liga eles não recebem tanto crédito quanto merecem," afirmou o goleiro Chris Osgood. "Eles estão entre os cinco melhores jogadores da liga, facilmente. [...] Esses dois e Crosby talvez sejam os três melhores. O Hank, você pode dizer sem sombra de dúvidas, é o melhor jogador da liga atualmente."

O que faz deste começo de temporada diferente? Absolutamente nada. Está tudo exatamente igual, como terminou a última. São 19 jogos seguidos pontuando, considerando-se o final da temporada anterior. Nos últimos 32 jogos, ele marcou 25 gols e 59 pontos.

E aí, ele é ou não é o melhor jogador da liga na atualidade?

"São apenas 11 (atualmente, 12) jogos," disse Zetterberg sobre o começo de temporada. "Estou jogando em um grande time, com grandes jogadores. Vamos ver. É uma longa temporada e você vai trabalhando dura toda noite."

Ele prefere desviar o foco e apontar outras razões para o seu sucesso pessoal, como o time e seus companheiros de linha, Datsyuk e Tomas Holmstrom, a melhor combinação da NHL nesta temporada. Detalhe: o mais bem recrutado jogador do trio foi Datsyuk, em 171.º (1998). Zetterberg foi o 210.º (1999) e Holstrom o 257.º (1994).

"Boas coisas podem acontecer quando você joga com bons jogadores," declarou o sueco.

A concorrência caminha a passos lentos. Sidney Crosby e Joe Thornton têm 13 pontos, Dany Heatley 12 e Jaromir Jagr 11. Surpreendentemente, o pódio da NHL é completado por Mats Sundin (36 anos) e Rod Brind'Amour (37), com respectivamente 19 e 18 pontos. Mas a tendência é que os veteranos percam o fôlego com o decorrer da temporada e sejam engolidos pela garotada.

Os Red Wings se aproveitam do talento de Zetterberg e esse é ajudado pela ótima fase da equipe, que chegou a Edmonton como líder da liga e com cinco vitórias consecutivas. Esta liderança é normal, tem acontecido há praticamente uma década e deve ser assim até o final da temporada. O que não é normal é encontrar um Asa Vermelha isolado na artilharia da liga. Foi assim pela última vez com Datsyuk em algum momento de alguma temporada no passado. E antes dele havia sido outro jogador, muitos anos antes.

Se Zetterberg mantiver este ritmo de pontuação quebrará seus recordes pessoais de gols (39) e pontos (85). Mais do que isso, poderá ser o primeiro jogador dos Wings a conquistar o Troféu Art Ross, concedido ao artilheiro da temporada, desde 1962-63, quando o mito Gordie Howe o conquistou pela sexta e última vez.

Mesmo na fase áurea da franquia, entre 1995 e 2002, nenhum jogador da equipe esteve sequer próximo do topo em matéria de pontos. Pode parecer contraditório, mas quanto mais craques no time, mais difícil fica liderar a liga em pontos. Naquele tempo os Wings rolavam as quatro linhas e suas estrelas ofensivas não jogavam tantos minutos quanto os solitários ídolos de outras equipes.

Hoje em dia, embora ainda utilize quatro linhas e tenha um elenco de respeito, o Detroit confia a Zetterberg uma tonelada de minutos. Justamente porque ele é o melhor jogador da liga na atualidade.

"Tem sido bom, mas eu acho que o time todo está jogando bem," afirmou o artilheiro. "Quando você joga com bons jogadores é fácil ser bom. Eu jogo por muitos minutos, tenho muitas oportunidades em vantagem numérica, está dando certo. Pavel e Homer fazem um grande trabalho pra mim, então é fácil ir lá e jogar bem."

Rexall Place, Edmonton, terça-feira, após a partida contra os Oilers.

Os Wings deixam o gelo com sua sexta vitória consecutiva na temporada. Com mais um gol marcado, Zetterberg tornou-se também o goleador da liga, com dez tentos, manteve a boa fase marcando ponto em todos os jogos da temporada e isolou-se ainda mais na artilharia.


O duelo (?) dos goleiros

A contusão de Dominik Hasek deveria ser um problema para o Detroit, ainda mais quando o reserva imediato é Chris Osgood.

Mas para a surpresa dos torcedores da equipe, aquele que um dia foi comparado a um cone do Detran está roubando a cena. Osgood venceu todos os seis jogos que disputou na temporada, esmagando os números de Hasek — 2,68 gols sofridos por jogo e 87,7% de chutes defendidos contra 1,50 e 93,1%.

O goleiro é uma das razões do sucesso da equipe, vencendo quatro jogos fora de casa, incluindo paradas em Vancouver, San Jose e Edmonton. Outra razão é a excelência defensiva da equipe, que sofre menos de 22 chutes por jogo.

Na fase atual de Osgood, ninguém quer apressar o retorno de Hasek.


Novos capítulos da novela Forsberg

Se depender de Ken Holland, gerente geral dos Wings, Peter Forsberg poderá atuar pela equipe ainda neste ano.

O sueco participará de jogos com a seleção de seu país no mês de novembro e os olheiros locais da equipe estarão de olho nele, para saber se o jogador está inteiro após mais uma cirurgia. O Detroit está cerca de US$ 4 milhões abaixo do teto salarial e reconhece a necessidade de reforçar o ataque. Resta saber até onde Forsberg é reforço. Se saudável, ele é um dos mais dinâmicos e talentosos atletas do hóquei. Porém, quando é que ele esteve saudável nos últimos seis anos?

• Capa
• Editorial
• O melhor e o pior
• Render-se jamais!
• As forças de Panthers e Canadiens
• Ineficiência ou violência
• Somente o melhor é bom o bastante
• É Brind'Amour e mais 18
• O reencontro de Smyth com os Oilers
• Que cheiro de pato frito!
• O perigo do pré-jogo na NHL
• Bom início em Montreal. Até quando?