Por: Eduardo Costa

Mais do mesmo em Toronto

Mesmo sem seu capitão Chris Clark (parte da orelha esquerda dilacerada), o defensor Tom Poti (virilha; é muito bizarro quando um time tem em Poti o seu melhor jogador na linha azul) e o nome do gol, Alexander Semin (tornozelo), os Capitals humilharam, destruíram, detonaram e mais um monte de palavras de impacto terminadas em 'ram' o Toronto Maple Leafs em pleno Air Canada Centre, nesta última segunda-feira.

Com isso, um simples suspiro do gerente geral John Ferguson Jr. já é o suficiente para o massacre que vem da mais pegajosa e implicante mídia canadense, das arquibancadas do ACC e das ruas da maior cidade do país do hóquei.

Nem o fato do time ter obtido significativas vitórias frente a times como Pittsburgh Penguins e New York Rangers amenizam a pressão exercida sobre Ferguson. A pífia produção caseira e o comportamento do sistema defensivo do time vêm tirando o sono da nação azul de Ontário.

A tabela, que mostrava que a equipe faria nove de seus 13 jogos de outubro em casa, deveria ser um fator positivo e alentador, mas os Leafs perderam seis destes embates. Algumas dessas derrotas em seu domicílio foram brutais.

A torcida até compreenderia uma má noite contra os fortes Ottawa Senators — melhor time da temporada —, mas não derrotas para Atlanta Thrashers, Chicago Blackhawks e Washington Capitals.

Contra os Hawks, o time tinha uma boa vantagem de 3-1 ao iniciar o período final. O Chicago, mesmo com suas principais linhas sendo compostas em sua maior parte por atletas jovens, demonstraram mais caráter e comprometimento, vencendo por nababescos 6-4.

Já os Thrashers haviam vencido apenas um cortejo na liga até a vitória por 5-4 (pênaltis) em Toronto.

Quando os Capitals colocaram os patins no gelo do ACC, muitos acreditavam que era a oportunidade perfeita para uma grande apresentação caseira. Os Caps vinham de resultados ruins, haviam marcado apenas 24 gols em dez partidas e tinham ultrapassado a marca de três gols assinalados em apenas um embate na temporada.

Acabaram testemunhando um massacre. E com requintes de crueldade.

Ao terminar o segundo período, o placar já era 6-1 para o time da capital americana. A essa altura Vesa Toskala, sacado após sofrer quatro gols em 13 chutes no período inicial, e Andrew Raycroft já estavam devidamente crucificados. Muitos dos quase 20 mil presentes já buscavam a saída mais rápida da arena.

O mais explosivo atleta da NHL, Alexander Ovechkin, é claro, marcou duas vezes. Isso não é nada anormal, afinal os Leafs estão entre suas vítimas preferidas. O que chama atenção é o fato de outros cinco atletas dos Capitals — Matt Bradley, Jeff Schultz, Boyd Gordon, Brian Sutherby e Matt Pettinger — terem marcado seus primeiros gols nessa temporada nessa mesmíssima noite.

Washington, sem se esforçar muito, ainda marcaria mais um sétimo tento. O que contribui para alargar ainda mais o pouco honroso título de time mais vazado da liga, por parte do Toronto, o primeiro a ter sofrido 50 gols.

O engraçado, ou não, é que muito se esperava da linha azul do time — obviamente a culpa não é exclusiva dos defensores. Nosso guia da temporada, e os guias de outras publicações também, esperavam uma boa tarefa do corpo defensivo do time. Pavel Kubina e Tomas Kaberle até que vêm aparecendo bem na frente, onde pontuam com freqüência, mas no geral também naufragam quando o assunto é proteger sua própria meta.

Alex Steen foi indagado sobre o por que dessa miserabilidade toda. A resposta? "Para ser honesto, eu não sei, eu não entendo." Steen depois fornece um sentença que também está na boca de cada torcedor do Toronto Maple Leafs:

"Não podemos permitir que times venham para nossa arena e façam isso com a gente. Isso é inaceitável."

Menos mal para os Leafs que eles só voltarão ao agridoce (?) lar no dia 10 de novembro. Neste intervalo poderão respirar melhor e tentar recuperar-se na tabela. A viagem, de quatro paradas, começa em Newark, onde enfrentarão o New Jersey Devils na próxima sexta-feira.


Broad Street Bullies de volta?

Muito oportuna, além de muito bem construída, a coluna sobre a epicamente física equipe dos Flyers dos anos 70, feita por Thiago Leal na edição anterior desta publicação eletrônica. Oportuna porque parece que o time da cidade do amor fraterno anda flertando com o passado ao protagonizar alguns incidentes que vem dando o que falar no planeta hóquei.

Em menos de 40 dias, três lances que viraram publicidade (negativa)? Um deles apareceu na pauta do Globo Esporte, e todos sabemos que para o hóquei sobre o gelo ganhar míseros segundos em um programa global, só mesmo se tratando de uma jogada incrivelmente ríspida e de final trágico.

Esta jogada que chegou a milhões de lares tupiniquins aconteceu ainda na pré-temporada, quando o novato Steve Downie voou sobre Dean McAmmond. O atleta dos Senators acabou adicionando mais uma concussão em seu já vasto histórico. Downie, bom jogador mas com um passado que condena, acabou pegando 20 cortejos de suspensão. O tranco foi terrível por vários aspectos: McAmmond não esperava o impacto, o disco estava já longe da disputa e Downie literalmente decolou para acertar o jogador do Ottawa na cabeça.

Já com a temporada propriamente dita em andamento, foi a vez de Jesse Boulerice protagonizar uma cena grotesca, quando acertou um choque cruzado na boca do atacante do Vancouver Canucks Ryan Kesler. Aconteceu durante o terceiro período do massacre de 8-2 que os Flyers impuseram aos Canucks.

Ambos atletas já haviam trocado impropérios durante a partida. Após Kesler tentar acertar Randy Jones atrás do gol dos Flyers, Boulerice aproveitou o momento e... kaput!, lá estava um corpo (bem) estendido no gelo. Curioso lembrar que o contrato de Kesler foi motivo de intensa disputa entre os dois times há poucos meses, com os Flyers ficando a ver navios.

Ah, pela cortesia, Jesse Boulerice pegou 25 jogos de suspensão.

Quando imaginávamos que a calma havia chegado e Colin Campbell não mais teria que ver e rever lances envolvendo jogadores do time da Filadélfia, mais sangue inocente (?) foi derramado. Patrice Bergeron, uma das grandes promessas do Boston Bruins, saiu de maca do gelo após levar um tranco por trás de Randy Jones.

Embora o lance tenha sido menos brutal que os dois citados acima, Bergeron teve que ser atendido por longos 15 minutos ainda no local da colisão. Poderia descrever o ocorrido, mas peço ajuda do nosso fiel amigo YouTube, já que imagens falam mais do que palavras — ainda mais palavras mal escritas...

Bergeron, além de ter sofrido uma concussão no lance, teve o nariz quebrado de bônus. Jones recebeu cinco minutos por esmagar o adversário nas bordas e foi expulso da partida por conduta antidesportiva.

Claude Julien, o treinador dos Bruins, disse que o tranco foi, definitivamente, sujo. O gerente geral dos Flyers, Paul Holmgren, considerou as opiniões vindas de Boston "um monte de porcaria", e também afirmou que o lance mais recente não pode ser comparado com as duas cizânias anteriores.

O juiz Colin Campbell parece ter dado ganho de causa para Holmgren: Randy Jones pegou apenas dois jogos de gancho. O hostil atleta ficará fora dos cortejos contra Canadiens e Capitals, mas estará apto para aprontar contra os Rangers já na próxima segunda-feira. Mantenha a cabeça em pé, Jaromir — não sei por que, mas isso não soou bem...

E que tal abrir os microfones imaginários Sloteanos para o algoz se defender?

"Palavras não conseguirão expressar o que eu sinto agora". Uau! Foi mesma coisa que respondi quando me perguntaram o que havia achado da cerveja Blumenauense Eisenbahn!

Quem saiu em defesa de Jones foi o veterano defensor Derian Hatcher: "Não concordo que tenha sido um tranco sujo. Minha opinião pessoal é que o mesmo tipo de jogada acontece umas 15 vezes durante as partidas, quando os jogadores estão perseguindo o disco." Bem, se Hatcher, um dos mais angelicais (?), limpos e honestos atletas da história recente da NHL disse isso, quem é que vai discordar.... agora só falta um pote de óleo de peroba para lustrar a face do homem dos patins de chumbo.

Usando as imortais palavras do mito televisivo, Marcelo Rezende, 'Agora eu te pergunto’: será que o sucesso da atual versão dos Flyers também reside nessa pouco nobre faceta do hóquei? Em breve veremos os puritanos da imprensa esportiva marrom condenando os métodos do treinador Stevens? Será que teremos mais uma amostra dessa jogo brusco em um futuro próximo? O que acontecerá quando Dallas Drake e Flyers se encontrarem? Será que algum dia a Schincariol produzirá uma cerveja decente?

Respostas, talvez, em breve. O certo é que, em algum lugar, Fred Shero está sorrindo de orelha a orelha.

Eduardo Costa parabeniza os integrantes da Revista K pela cobertura competente, assídua e bem humorada da temporada da MLB.
Adrian Wyld/AP
Embolados. Mais recente humilhação caseira em Toronto: Caps 7-1!
Michael Dwyer/AP
Está lá um corpo estendido no gelo! É Patrice Bergeron, mais uma vítima do jogo viril dos Flyers na temporada.
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Página publicada em 31 de outubro de 2007.