Por: James Duthie

Esqueça por um momento as pancadas na cabeça, os trancos por trás, os ombros deslocados em brigas.

O último grande perigo no hóquei é... bem... não é nem... jogar hóquei.

É jogar futebol antes de jogar hóquei!

O atacante Erik Cole, do Carolina Hurricanes, tentava fazer embaixadas com uma bola de futebol antes de um jogo sábado à noite na Philadelphia. Seu pé encontrou concreto em vez da bola.

Aaaiii (ou algum sinônimo do tipo).

Cole gritou de dor e teve de ser carregado por seus companheiros de equipe. E ao contrário da maioria dos jogadores de futebol que caem, ele não estava fingindo.

Não houve fratura, mas ele está fora do time por pelo menos uma semana.
(N. do T.: Cole retornou no sábado, 27, após perder quatro partidas.)

Cole estava participando de um popular ritual pré-jogo de hóquei chamado "dois toques", onde um grupo de jogadores posiciona-se em círculo tentando manter uma bola de futebol no ar. Você pode tocar na bola duas vezes, e então passá-la a um companheiro.
(Nota: "Dois-toques" tem diferentes sentidos em diferentes cidades. Por exemplo, em Toronto, refere-se ao número de vezes que os Leafs tocam no disco em sua zona defensiva a cada jogo.)

Na temporada passada, o atacante Scott Hartnell, hoje nos Flyers e então nos Predators, fez quase a mesma coisa que Cole. Ele perdeu seis semanas com um pé quebrado.

E antes de um jogo de primeira rodada nos últimos playoffs, o atacante dos Sabres Maxim Afinogenov acertou em cheio sua cabeça no concreto ao jogar futebol em rodinha, trazendo um novo e triste sentido para o termo cabeça dura.

Afinogenov jogou naquela noite, mas foi afastado na fase seguinte contra os Rangers.

"Eu não acho que ele ficou bem por um tempinho após aquilo", admitiu Lindy Ruff, meses depois.

Concreto pode fazer isso a um cérebro.

Isso está se tornando uma epidemia, pessoal! O futebol não tem visto jogadores cair tão frequentemente desde Ronaldo. Ou Rivaldo. Ou Geraldo... Rivera. (Eu não tenho idéia do que isso significa, mas rimou. E isso é o suficiente para mim.)

Isso tem que parar, garotos. Vocês são jogadores de hóquei. Já é perigoso o suficiente! Vocês não precisam pular para cabecear quando há um cano de metal exposto.

Pedale a bicicleta para esquentar. Faça ioga. Dê uns amassos com uma fã mais fanática. Qualquer coisa.

Quando eles dizem "Vire como o Beckham", é para virar o jogo... não a sua fíbula.

Alguns treinadores da NHL estão considerando banir o jogo. Eu poderia simplesmente controlar o elenco da rodinha de futebol mais cuidadosamente.

"Laraque, você pode brincar com a bola de futebol. Crosby, não."

É claro que o problema realmente não é o jogo. É onde ele é jogado: em pequenos túneis fora dos vestiários onde há basicamente apenas cimento e ferro e... coisas que realmente machucam quando você as acerta.

O que as arenas da NHL realmente precisam é de uma quadra de dois-toques com paredes macias e bolas da Nerf. (N. do T.: a Nerf faz brinquedos esportivos utilizando materiais inofensivos.) Ou construa um daqueles castelinhos infláveis em que meus filhos brincam na feira.

"Ovechkin, você tem que se aprontar! O time está no gelo!"

"Aaaiii!"

Até que alguma coisa seja feita sobre esse fetiche por futebol antes do jogo, a carnificina irá continuar.

E os fãs de hóquei terão mais um motivo para odiar futebol.

James Duthie é colunista de TSN.ca. O artigo original foi publicado em 24 de outubro e traduzido por Humberto Fernandes, com auxílio de Marco Aurelio Lopes.
Phillip MacCallum/Getty Images
Mata no peito, Erik Cole! Mas cuidado pra não chutar a parede na hora do passe...
(11/10/2007)
Bruce Bennett/Getty Images
Scott Hartnell bem gosta de um futebol, mas isso não é um carrinho, para a sorte de Marian Hossa.
(16/10/2007)
Phillip MacCallum/Getty Images
Steve Begin, do Montreal, talvez não conheça a fama de Maxim Afinogenov, o "cabeça dura" da NHL.
(20/10/2007)
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Página publicada em 31 de outubro de 2007.