Por: Igor Veiga

É claro que poucos torcedores dos Canadiens estão neste momento pensando em começar a poupar uma grana para garantir ingressos para as partidas de sua equipe nas finais da Copa Stanley desta temporada. Talvez nenhum, na verdade. Mas o que não se pode negar é que muitos em Montreal já começam a abrir um belo sorriso quando o assunto é o time profissional de hóquei da cidade.

A equipe, até o fechamento desta matéria, vinha com seis vitórias em dez partidas, sendo duas jogando no Bell Centre e quatro fora de casa. Além disso, tinha a segunda melhor campanha de sua divisão, a quinta de sua conferência e a sétima de toda a liga. Muito cedo para comemorar? Sim, não há dúvidas, ainda mais sabendo qual é a equipe em questão e que só percorremos pouco mais de 10% da temporada. Mas que só as últimas três vitórias já foram combustível suficiente para levantar o ânimo de jogadores e torcedores de Montreal, disso não temos dúvidas.

Primeiro uma sonora goleada por 6-1 sobre o rival de divisão Boston Bruins, com show do francês Cristobal Huet, que saiu de campo com apenas um gol sofrido em 37 chutes desferidos contra a sua meta, e o primeiro gol na NHL do alemão Mikhail Grabovski, quarta escolha dos Habs no recrutamento de 2004. Quatro dias depois, uma visita ao RBC Center e mais uma goleada, desta vez por 7-4 sobre o Carolina Hurricanes, com mais uma bela atuação do central Tomas Plekanec, que saiu do gelo com dois gols e duas assistências.

Fechando essa série, uma partida sensacional em Pittsburgh. O Habs abriram uma vantagem de 3-0 logo no início do segundo período, mas não conseguiram impedir que o poder e a velocidade dos contra-ataques de Sidney Crosby e cia. resultassem em gols para o time da casa. O jogo acabou sendo decidido após uma emocionante decisão por pênaltis, com oito chutes para cada lado e o único gol sendo marcado pelo defensor da equipe canadense Andrei Markov, que colocou o disco entre as pernas de Dany Sabourin. E o que dizer da frieza do novato Carey Price? O goleiro, de apenas 20 anos, mostrou muita categoria ao defender o gol da equipe, mesmo diante de jogadores do calibre de Crosby, Evgeni Malkin e Petr Sykora, e a cada dia ganha mais espaço nos periódicos canadenses.

Outro ponto positivo é o fato de o time ter a melhor média de aproveitamento em vantagem numérica (30,4%) na liga. Pode-se pensar "Ótimo"? Sim, afinal, ao contrário do que alguns pensam, o gol não é apenas um detalhe. Nesta temporada, os Habs já chegaram às redes adversárias em 17 ocasiões utilizando-se desse expediente, mostrando que já souberam como cobrir o buraco deixado após a saída de Sheldon Souray, que era uma peça muito importante no esquema de jogo. Mas é só darmos uma olhada nas estatísticas para vermos que, quando em desvantagem no gelo, a equipe tem um dos piores aproveitamentos. Excesso de vontade, falta de atenção, afobação? Algo para ser estudado com carinho pelo técnico Guy Carbonneau.

Algumas coisas não mudaram muito, é claro, até porque é muito cedo para grandes transformações. Um ponto que já é característico nos últimos anos é que os Habs ainda não têm um jogador que lidere a liga nas principais estatísticas. O que falta? Uma estrela do porte de Jagr, Crosby ou Sundin? Talvez. A equipe conta com bons e experientes jogadores, mas ainda não deu sorte de arrebanhar um "calouro explosivo" nos últimos recrutamentos. Price pode ser a esperança tricolor, mas nas redes. Na linha, a história tende a ser diferente...

Enquanto a nova estrela não vem, os Canadiens continuam contando com a liderança do capitão Saku Koivu e do russo Alexei Kovalev. O finlandês lidera a equipe em número de pontos (11), assistências (oito) e gols em vantagem numérica (três), sendo a principal referência no ataque. Kovalev é o goleador do time, com cinco gols, também é referência em vantagem numérica — três dos seus gols vieram nessas ocasiões — e comemorou a marca milenar em jogos pela NHL após a vitória sobre os Canes.

No gol, mesmo não sendo uma unanimidade em Montreal, Huet vem fazendo bem o seu papel e tende a melhorar se encarar as atuações de Price como ameaça a sua vaga de titular.

Some-se a isso a ascensão do jogo de Tomas Plekanec, que. desde a sua estréia na franquia, em 2003-04, vem melhorando muito e ganhando cada vez mais confiança. O tcheco já marcou dez pontos nesta temporada, sendo três gols e sete assistências, fortalecendo a segunda linha de ataque.

As notícias são boas? Sem dúvida. Mas a torcida dos Habs não pode esquecer que na última temporada a equipe também começou muito bem, até cair em declínio após o Jogo das Estrelas. Algumas diferenças podem ser notadas, pois neste ano o Montreal parece ter um jogo mais sólido, com dois bons goleiros, linhas que mesclam experiência com novas promessas e, principalmente, muita garra e espírito de luta — mesmo sendo uma das últimas equipes na estatística preferida do nosso colega Humberto Fernandes.

Igor Veiga é fã de Beatles e Adam Smith.

Karl B. DeBlaker/AP
Tomas Plekanec, ao centro, comemora seu segundo gol diante dos Canes, ao lado de Guillaume Latendresse (84) e Alexei Kovalev (27). O tcheco vem em trajetória ascendente na NHL.
(26/10/2007)

Keith Srakocic/AP
Carey Price, a nova promessa no gol tricolor: boas atuações e frieza nos momentos decisivos.
(27/10/2007)

Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-07 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 31 de outubro de 2007.