Por: Felipe Corrêa

Mais uma temporada chega ao fim em Los Angeles, e mais uma vez o time da cidade fracassa em ter uma campanha digna de pós-temporada. Os analistas previam que a instabilidade no gol do Los Angeles Kings impediria que o time desempenhasse 100% de tudo que tinha. Foi o que aconteceu. Porém, esse não foi o único fator que afundou o time. Na seqüência, cito alguns momentos da temporada para podermos entender isso melhor.

O começo em Londres não poderia ter sido mais razoável. Vitória seguida de derrota pelo mesmo placar, 4-1 contra os Ducks, atuais campeões e rivais. Podia ter feito melhor o time, mas naquele momento isso não importava, porque ainda restavam 80 jogos e 160 pontos ainda a disputar.

Regressando aos Estados Unidos, o time amargaria cinco derrotas seguidas. Incluindo aí um 5-3 contra os Blues, jogo que o time vencia por 3-1 no 3.° período e permitiu a virada; destaque negativo também o 8-6 perante os Bruins, que mostrou que Jonathan Bernier, embora um jovem com potencial, ainda não está pronto para a NHL. Além disso, esse jogo também mostrou que a defesa precisava mudar, pois cometia penalidades em demasia.

Porém, nas seis partidas após esse baque, o time conseguiu vencer cinco. Isso trazia a campanha de volta aos 50%. Isso foi possível graças, em grande parte, a ótima fase que Jason LaBarbera passava no momento. Isso mesmo, LaBarbera, que aguardou pacientemente no sistema, tinha a sua chance de jogar, e até ali fazia um bom trabalho, embora em sua 1.ª partida em Londres não havia deixado uma boa impressão.

Mas uma partida no Staples Center, contra um Columbus Blue Jackets também embalado e com Pascal Leclaire numa boa fase, estragaria as esperanças de o time manter a campanha positiva. Jason Chimera, jogador nem sempre provido de habilidades ofensivas, marcou um gol e deu uma assistência na vitória de 4-1 do time de Ohio.

Passando esse jogo, o time teria pela frente os Sharks, como visitante, e, no dia seguinte, enfrentaria a mesma equipe, só que em LA. Fora de casa os Kings aproveitaram o momentâneo ritmo lento dos Sharks e venceram por 5-2. Por mais incrível que possa parecer, com essa vitória o time ficou na liderança da Divisão do Pacífico. No dia seguinte a derrota por 3-1 tirou o time daquela honrosa posição.

Após isso uma semana sem jogos. Tempo usado para treinar, refletir e descansar um pouco.

Passando pro dia 10 de novembro, o time teve um jogo épico contra o Dallas Stars. Para as memórias serem refrescadas, foi aquele jogo em que os Kings perdiam por 4-0 com dez minutos para o fim e conseguiram vencer por 6-5 na prorrogação. O time jogou mal pra deixar esse placar negativo chegar, mas, mesmo que tardiamente, mostrou raça e esforço para reverter o quadro. Suprema atuação de Anze Kopitar e um fraco desempenho de LaBarbera nesse dia.

E a partir daí que a maionese começou a desandar para o time. Derrotas consecutivas para os Ducks, além de dois insucessos seguidos sem ao menos marcar um gol (1-0 para os Coyotes e 3-0 para o Dallas Stars). O time do Arizona impôs mais uma derrota (4-1) ao time dias depois. Duas vitórias contra os Sharks e uma derrota para os Ducks fechariam o trágico novembro dos Kings.

No mês natalino o time tentou mostrar um pouco mais de brio. Mas foi um novo mês marcado pelas derrotas, incluindo uma seqüência esmagadora de oito, que afundaria o time numa lama bem espessa, e o deixando na lanterna da liga. Nem mesmo as duas vitórias no apagar das luzes de dezembro conseguiram dar ânimo até mesmo para o mais otimista dos torcedores.

O ano de 2008 trouxe bons ventos ao Los Angeles Kings e janeiro até que foi um mês produtivo para o time — em comparação com o passado recente. Dos 13 jogos, venceram sete. Mas como o time já estava lá embaixo, isso não ajudou muita coisa. Serviu ao menos para testar alguns jogadores do Manchester Monarchs, afiliado dos Kings na American Hockey League.

Em fevereiro e março o time apenas cumpriu tabela. Uma goleada sofrida aqui, um chocolate tomado ali. LaBarbera e Aubin alternando nas redes — até esse último ser negociado para os Ducks. Torcida indignada com Marc Crawford...

Outros fatores também influíram nesta campanha, por isso vou citar tudo o que penso em partes. Também o que eu espero que mude; o que eu não gostei; o que eu achei que deu certo:

1) Enquanto os Kings não tiverem um goleiro decente, o time não vai a lugar algum.

2) Michal Handzus foi uma decepção nesta temporada, especialmente para um time que precisava de um cara que entendesse de faceoffs.

3) Brad Stuart estava horrível por aqui; talvez Los Angeles não é o lugar certo para ele. A troca com o Detroit não rendeu muita coisa aos Kings, mas foi uma movimentação necessária.

4) Lubomir Visnovsky também não ajudou. Seu desempenho não foi um total fiasco, mas esperava-se mais de um defensor de seu porte.

5) Rob Blake já deu o que tinha que dar em Los Angeles. Muitos podem discordar de mim, mas já é hora de sair do time. E que leve Crawford junto.

6) Ainda me pergunto o que Jon Klemm veio fazer em Los Angeles. Quase não jogou. Por quê o contrataram?

7) Ainda quero entender o que se passa na mente de Dean Lombardi. As trocas que ele fez não foram nada boas para a organização. Se o time tem vários atacantes bons e jovens, será que é pedir muito abrir mão de um deles?

8) Kyle Calder e Ladislav Nagy deram certo nos Kings. Seria interessante para a franquia a permanência de ambos.

9) Dustin Brown está evoluindo como jogador. Melhorando seus números. Mais gols, assistências e distribuindo bons trancos.

10) Não só Brown, mas o ataque em geral do time é bom. O time precisa mesmo melhorar seus sistema defensivo e adicionar peças que lutem para construir um time vencedor.

11) Jason LaBarbera precisa melhorar o seu controle de rebotes. Seu potencial está sendo ofuscado por causa desse seu fundamento.

12) Erik Ersberg fez um bom trabalho para um goleiro que foi tirado da desistência.

13) Dan Cloutier deve sair. Ainda rende em Los Angeles o boato que diz que o ex-Canucks estava sendo forçado a jogar, mesmo com uma lesão, para não deixar os Kings na mão.

14) Teddy Purcell, Matt Moulson e Brian Boyle são jovens atacantes com potencial para atuarem na NHL. Não me surpreenderia ver algum desses nomes no plantel principal temporada que vem.

15) Espera-se que Jonathan Bernier atinja bom nível logo. Ele pode vir a ser muito importante para os Kings.

Assim as coisas caminham em Los Angeles...

Felipe Corrêa acompanha os Kings desde 2003, conhecendo, portanto, o time com propriedade. Ele espera que tenham gostado do artigo.
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Página publicada em 9 de abril de 2008.