Por: Marco Aurelio Lopes

Os Anos 70. "The Seventies". Uma época onde o visual "extravagante" dominava as tendências. Quem não se lembra de Emerson Fittipaldi e suas grandes costeletas, ou dos negros e seus arrojados "black power"? Ser exagerado era estar na moda. Obviamente, na NHL não era diferente, e os jogadores da época, que já não tinham fama de bonzinhos, ostentavam orgulhosos suas vastas cabeleiras (ainda mais que o uso de capacetes era algo ainda incomum) e suas barbas intimidadoras. E um jogador em especial fez questão de cultivar um adorno que o acompanhou por toda sua carreira, um famoso bigode do tipo "walrus", ao melhor estilo Frank Zappa e Emiliano Zapata. Estamos falando de Lanny McDonald, que por duas décadas, sempre foi reconhecido pelo seu destacado bigode, mas também, por ser um exímio artilheiro, pela sua entrega em cada lance, e por ser um líder dentro do gelo.

O mais novo de quatro irmãos de uma família moradora da pequena Hanna, Alberta, Lanny foi aluno de sua própria mãe, professora na cidade, e que ensinou ao jovem os valores familiares e de companheirismo que nortearam sua carreira. Embora seu contato com o hóquei se limitasse a assitir jogos locais, ele aprendera a patinar ainda criança, e quando a oportunidade surgiu, McDonald, então aos 16 anos, se mudou para Lethbridge, onde defendeu o Sugar Kings da Liga Júnior de Alberta, onde jogou duas temporadas até se transferir para o conhecido Medicine Hat Tigers, da Liga Júnior da Costa Oeste (embora antes disso, tenha tido uma temporada praticamente nula no Calgary Centennials, também por esta última liga). Em 1973, seu último ano como amador, foi nomeado All-Star da WCJHL, e jogador mais completo da liga, onde liderou os Tigers nos playofs daquele ano, com 18 gols e 37 pontos em 17 jogos. Tal atuação despertou a atenção dos olheiros da NHL, que viam em McDonald "um bom chutador, um bom patinador, e um durão".

Assim, no Recrutamento da NHL, o Toronto Maple Leafs selecionou McDonald com a quarta escolha geral (seu companheiro em Medicine Hat, Tom Lysiak, fora selecionado em segundo, pelo Atlanta Flames). Mas com a WHA iniciando a rivalizar com a NHL, os Maple Leafs foram forçados a assinar com McDonald por cinco anos e um contrato de US$ 600 mil, valores impensados na época para um calouro. Tudo para impedir que a liga rival levasse o promissor ponta direita (o Cleveland Crusaders havia selecionado McDonald no recrutamento da WHA). Assim, a temporada 1973-74 marcou a estréia de Lanny McDonald nos Leafs. Embora suas duas primeiras temporadas tenham sido apenas medianas, em 1975-76 McDonald começou finalmente a mostrar o talento que o fez destaque nas ligas júnior. 37 gols e 56 assitências em 75 jogos, e um índice de +24 levaram não só os Leafs à pós-temporada, como também levaram McDonald à seleção canadense que disputou , e venceu a Canada Cup de 1976, assistindo inclusive no gol da vitória de Daryl Sittler contra a Tchecoslováquia.

Nas três temporadas seguintes McDonald superou a marca dos 40 gols, o que lhe rendeu indicação para o segundo time All Star da NHL em 1977, uma participação no Jogo das Estrelas em 1978, e convocação para a Challenge Cup em 1979 (um disputa entre uma seleção da NHL contra a seleção soviética). Nesse meio tempo, McDonald teve seu maior momento como um Leaf, marcando um gol em prorrogação contra os New York Islanders, no jogo 7 das quartas-de-final de 1978, isso com o nariz e pulso quebrados. No entanto, nem toda essa reputação impediu o então gerente geral de Toronto, Punch Imlach, de negociar seu astro com o modesto Colorado Rockies, durante a temporada 1979-80, o que gerou protestos da "Nação Leaf". Em Denver, McDonald continuou a mostrar as qualidades que o fizeram um ídolo em Toronto, registrando uma média de quase um ponto por jogo, mas a deficiência da equipe não lhe permitia vôos mais altos, e embora tendo sido convocado para a Mundial de 1981, McDonald acabou sendo negociado para o Calgary Flames, onde pode jogar em casa, e onde alcançou suas maiores glórias na NHL.

Já nessa metade de temporada, onde disputou 55 jogos, McDonald marcou nada menos que 67 pontos e um índice de +22. Mas o melhor estava por vir. Em 1982-83, McDonald rivalizou com Wayne Gretzky por boa parte da temporada pela artilharia da liga. No entanto, o que mais marcou essa campanha foi o fato que com 66 gols marcados (seu recorde pessoal) e apenas 32 assistências, McDonald se tornou o jogador com maior número de gols marcados em uma temporada sem atingir cem pontos (foram 98). Além disso, foi uma das poucas vezes na história que um jogador marcou mais do dobro de gols do que marcou assistências. Neste ano, foi mais uma vez nomeado para o Segundo Time da NHL, e recebeu o Prêmio Bill Masterton (de perseverança e espírito esportivo). Embora sua produção começasse a diminuir após essa temporada, McDonald ainda teria muitos motivos para desfrutar de sua estada em Calgary. Quando finalmente os Flames saíram da sombra dos eternos rivais de Edmonton, conseguiram chegar à sua primeira final de Copa Stanley, em 1986, onde acabaram perdendo para outro time canadense, os Canadiens de Montreal.

Três anos depois, Lanny McDonald, capitão dos Flames desde 1983 teve uma temporada épica. Em 7 de março de 1989, contra o Winnipeg Jets, anotou seu milésimo ponto na NHL, e duas semanas depois, marcou contra os Islanders seu 500.º gol. Uma temporada onde ganhou também o Troféu King Clancy (de liderança e trabalho comunitário), o título de Jogador do Ano (oferecido pela cervejaria Budweiser), o Troféu dos Presidentes para os Flames, e finalmente, conseguiu sua glória maior, ao enfrentar novamente os Montreal Canadiens em um final de Copa Stanley, mas desta vez, levantando a Copa em uma final de seis jogos, culminando com a vitória decisiva no sagrado Fórum de Montreal, arena onde McDonald, com seu foguete vindo da direita, marcou o primeiro e o último gol de sua carreira (gol este marcado neste sexto jogo da final). Após esta temporada, já aos 36 anos, McDonald anunciou o final de sua carreira, após o seu momento máximo.

Em 1992, seu primeiro ano de eligibilidade, McDonald foi eleito para o Salão da Fama. Seu número 9 é apenas um dos dois que os Flames aposentaram até hoje (o outro é o 30 de Mike Vernon, goleiro e companheiro de McDonald na conquista de 1989). Mesmo após sua aposentadoria, McDonald continua muito ativo no mundo do hóquei e junto à sua comunidade. Já foi vice-presidente dos Calgary Flames, gerente geral da Seleção Canadense (onde hoje atua como diretor de pessoal), e é presença constante em eventos como jogos de veteranos, e outras obras assitenciais na região de Alberta. E sempre com seu bigode, que se por um lado confere à Lanny um ar meio intimidador, na verdade disfarça um homem que sempre jogou duro, mas que nunca deixou de lado o jogo limpo e principalmente, uma grande figura, um grande companheiro, dentro e fora do gelo.


Lanny King McDonald
Ponta-direita, Nascido em 16/02/1953 em Hanna, Alberta, Canadá.
1,82 m e 88 kg.

Carreira na NHL:
Toronto Maple Leafs (1973 a 1980):
Temporada regular: 477 jogos, 219 gols, 240 assistências, 459 pontos e 372 minutos de penalidades.
Playoffs: 45 jogos, 20 gols, 17 assistências, 37 pontos e 22 minutos de penalidades.
Colorado Rockies (1980 a 1982):
Temporada regular: 142 jogos, 66 gols, 75 assistências, 141 pontos e 119 minutos de penalidades.
Calgary Flames (1982 a 1989):
Temporada regular: 492 jogos, 215 gols, 191 assistências, 406 pontos e 408 minutos de penalidades.
Playoffs: 72 jogos, 24 gols, 23 assistências, 47 pontos e 98 minutos de penalidades.

Total (1973 a 1989):
Temporada regular: 1.111 jogos, 500 gols, 506 assistências, 1.006 pontos e 899 minutos de penalidades.
Playoffs: 117 jogos, 44 gols, 40 assistências, 84 pontos e 120 minutos de penalidades.

Títulos e Premiações:
Troféu Bill Masterton: um (1983)
Troféu King Clancy: um (1988)
Segundo Time da NHL: dois (1977 e 1983)
Troféu Clarence Campbell (Campeão da Conferência Oeste): dois (1986 e 1989)
Copa Stanley: uma (1989)
Indicações para o Jogo das Estrelas: quatro (1977, 1978, 1983 e 1984)

Marco Aurelio Lopes tem muito a dizer. Primeiro, que não está passando por um bom momento, mas manda um beijão para a amiga Bia, pela força e pela opinião sobre os anos 70. Segundo, manda um grande abraço ao amigo Daniel pela visita ao Rio de Janeiro. E para encerrar, diz que está com muita saudade da sua morena linda, com quem teve uma quarta-feira inesquecível na última semana.
Fonte: LegendsofHockey.net
That 70´s Show... A cabeleira do jogador dos Blues e o bigode de McDonald..
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Mesmo a proteção no capacete não era capaz de impedir que McDonald fosse reconhecido, mas sejamos justos, ele também foi um grande jogador.
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Nos Rockies do Colorado, média de quase um ponto por jogo, e porque o time era fraco.
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Em Calgary, da sua terra natal, o apogeu com a conquista da Copa Stanley
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Um brinde para comemorar uma carreira de 500 gols, que culminou com o Santo Graal do hóquei.
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Em 1992, McDonald recebeu o terno do Salão da Fama do Hóquei, e aqui o exibe com orgulho, assim como seu estiloso bigode.
Fonte: LegendsofHockey.net
Lanny McDonald ainda participa de atividades na comunidade de Alberta e eventos ligados ao hóquei, como os jogos de veteranos da NHL.
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Página publicada em 25 de abril de 2007.