A largada do Ottawa Senators na temporada 2007-08 deixou os adversários tão distantes, mas tão distantes, que nem mesmo a atual sequência de sete derrotas (quatro no tempo normal e três em disputa de pênaltis), que não acontecia há mais de uma década, derrubou a equipe da liderança.
Os Sens venceram 13 dos 14 primeiros jogos e desde então tiraram o pé do acelerador, tropeçando em adversários claramente inferiores, como Washington Capitals, Toronto Maple Leafs e Tampa Bay Lightning. Nos 12 jogos da sequência em marcha lenta, foram apenas três vitórias, a última no distante 19 de novembro.
Podemos chamá-la de má fase. É a adversária inevitável de toda grande equipe.
Segundo Darren Dreger, colunista de TSN.ca, a razão para os percalços recentes dos Senators passa necessariamente pelos tacos do grupo de apoio, aqueles jogadores essenciais, carregadores de piano. No Ottawa, eles são Mike Fisher, Chris Kelly, Antoine Vermette, Dean McAmmond e Chris Neil. Durante a sequência de sete derrotas o quinteto somou apenas um gol e sete pontos, enquanto nos primeiros 19 jogos foram 15 gols e 42 pontos.
Sem a produção ofensiva do grupo de apoio, a espetacular linha formada por Daniel Alfredsson, Jason Spezza e Dany Heatley ficou sobrecarregada. Não que isso tenha sido um fardo muito pesado, porque para o trio não existe má fase. Mesmo com o Ottawa na contra-mão, os principais atacantes da equipe produziram ainda mais. Foram 12 gols e 31 pontos no período sem vitórias.
Logo, pouco mudou no desempenho ofensivo da equipe como um todo, entre os primeiros 19 jogos e a sequência de derrotas. A média de gols marcados, por exemplo, manteve-se praticamente a mesma, caindo de 3,16 para 3,14. Em duas das sete derrotas os Sens anotaram cinco gols. Se mais de três gols por jogo não garantem a vitória, o problema realmente não é o ataque.
O freio de mão do Ottawa tem origem defensiva. O grupo de apoio tinha mais/menos acumulado de +26 até 19 de novembro. Sete derrotas depois, estão com +6. Não só a contribuição ofensiva piorou, como também o time se tornou mais vulnerável em razão da queda de rendimento dos carregadores de piano. São eles que controlavam o jogo e ditavam o ritmo a favor dos Sens, garantindo que os gols de Alfredsson e companhia trariam as vitórias.
As vitórias também nasciam das luvas precisas de Martin Gerber, que até meados de novembro era um dos melhores goleiros da liga na temporada. Desde então suas atuações beiraram o ridículo. Em quatro das sete derrotas Gerber esteve no gelo, sendo substituído em duas. Em 97 chutes ele sofreu 17 gols, com índice de defesas de 82,5%, algo que qualquer ser dotado de duas mãos conseguiria. Ray Emery, o reserva que a cada dia ganha mais pinta de titular, também não conquistou vitórias, mas pelo menos manteve competitivos 89,9% de defesas no período.
A condição da defesa do Ottawa piorou quando Anton Volchenkov, então o maior bloqueador de chutes na temporada, quebrou um dedo na derrota para o Nashville Predators, a quinta das sete. Outro desfalque, Patrick Eaves, havia machucado o ombro direito quatro jogos antes. A previsão para ambos é de um mês em recuperação.
O calendário não ajuda: os próximos quatro jogos serão fora de casa, começando na quarta-feira, na Flórida, contra os Panthers, treinados por Jacques Martin. Ninguém conhece os Senators tão bem quanto ele.
Mas é difícil imaginar que a má fase vá durar por muito mais tempo em Ottawa. Poucos times na liga têm a profundidade e a qualidade dos Senators.
Ainda não é hora de acionar o botão de pânico, até porque na atual temporada realizar trocas parece impossível.
Phillip MacCallum/Getty Images Martin Gerber, "mãos de quiabo". O goleiro é um dos culpados pela sequência de sete derrotas. (29/11/2007) |
Bruce Bennett/Getty Images Com Ray Emery há mais competitividade, mas o resultado tem sido o mesmo: derrota. (28/11/2007) |
Phillip MacCallum/Getty Images Antoine Vermette e o restante do grupo de apoio do Ottawa Senators não têm acertado o gol. (22/11/2007) |