Por: Alexandre Giesbrecht

Em termos de Columbus Blue Jackets, chegar aos playoffs da Copa Stanley, ao menos por enquanto, é o mais próximo que se pode chegar do Olimpo. Nesse caso, o técnico Ken Hitchcock poderia ser incluído numa galeria de semideuses, ao menos por algum tempo, já que a memória do torcedor é curta. Só que em Columbus talvez ela seja curta demais, e isso inclui os dirigentes. A demissão do técnico Ken Hitchcock, menos de dez meses após comandar os Jackets na primeira e única participação do time na pós-temporada, serviu para provar tal teoria, ainda que ela não tenha sido formulada antes.

A temporada de 2009-10 tem sido construída por decepção atrás de decepção para a torcida, e o desastre em dezembro, quando um período com campanha de 2-9-5 fez o time mergulhar na classificação do Oeste, serviu para mostrar que a dura realidade atual substituiu a onírica temporada passada. No início de janeiro, a demissão do treinador já era cogitada, e a campanha de 7-7 no primeiro mês do ano não serviu para salvar sua cabeça.

"Esta temporada tem sido decepcionante para a organização dos Blue Jackets e para nossa torcida, e a responsabilidade por isso cai sobre nós, da diretoria à comissão técnica e aos jogadores", lamentou o gerente geral Scott Howson. "Hitch trabalhou incansavelmente para construir uma identidade para este time, algo que estava faltando quando ele chegou, e ele merece uma boa parcela dos créditos por tais esforços. Ele ganhou a oportunidade de mudar as coisas nesta temporada, mas infelizmente isso não aconteceu, e ficou claro que uma mudança seria a melhor alternativa para nossa organização. Claude Noel é um bom técnico de hóquei, com um currículo comprovado na American Hockey League. Ele conhece nosso time e merece esta oportunidade."

Howson falava do técnico interino, Claude Noel, que assume o time até o final da temporada regular — e playoffs, em caso de um milagre, já que onze pontos e seis times o separam do G-8 — e tem no currículo quatro temporadas como técnico do Milwaukee Admirals, da AHL, incluindo aí uma Copa Calder em 2004. Sua campanha na liga menor não é nada desprezível: 183-94-12-31. Fazia dois anos e meio que ele era assistente técnico em Columbus. Parece ser o homem certo.

É claro que Hitchcock teve muito pouco a ver com as desastrosas atuações do goleiro Steve Mason nesta temporada: o novato do ano em 2008-09 tem a terceira pior média de gols sofridos na liga entre os que disputaram mais de dezoito partidas. Mas a debacle do sistema defensivo, a menina dos olhos do técnico desde seus tempos de Dallas Stars, pode, sim, ser creditada a ele. No ano passado o time ficou entre os dez mais em gols sofridos e agora tem a defesa mais vazada do Oeste e a segunda mais vazada da liga, com quatro gols sofridos a menos que os Leafs.

Geralmente não defendo a demissão de técnicos, e não vou fazê-lo neste caso, mas é possível compreender por que, apesar do histórico de sucesso na última temporada regular, os Jackets tomaram tal decisão. Em três anos e três meses no comando, Hitchcock teve campanha de 125-123-36, o que comprova que a temporada passada foi mais a exceção que a regra. Howson lembrou que o técnico "veio para uma organização em desordem, e ele a está deixando em uma situação muito melhor", e esse certamente é seu maior legado. E é bom que o próximo técnico em definitivo, seja ele Noel ou não, aproveite bem esse legado, porque ele vai custar caro: o contrato de Hitchcock só vencerá após a temporada de 2011-12, e ele seguirá recebendo um salário anual de US$ 1,33 milhão até lá, embora exista a possibilidade de ele voltar ao final desta temporada como uma espécie de consultor sênior.

Provavelmente faltou maturidade a muitos jogadores para trabalhar com um técnico durão como Hitchcock, e talvez como consultor, um cargo mais distante, ele possa ajudar a desenvolver o que hoje é o time mais jovem da NHL. Noel sem dúvida tem experiência em trabalhar com jovens inexperientes. Até já se está falando na volta de Nikita Filatov, que teria voltado à Rússia supostamente para se livrar do técnico.

Na temporada passada os Penguins levantaram a Copa depois de trocar de técnico justamente em fevereiro, colocando Dan Bylsma no lugar de Michel Therrien, mas a situação do time de Pittsburgh não era nem de longe tão preocupante como a dos Jackets. Por outro lado, isso pode ajudar, já que Noel chega sem o peso de qualquer responsabilidade e com a missão apenas de manter velocidade de cruzeiro até o fim da temporada. Ninguém espera que os Jackets consigam chegar aos playoffs nesta temporada. Para um time jovem, essa pode ser justamente a fórmula para arrancar um milagre.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, não trocaria Dion Phaneuf .
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Página publicada em 4 de fevereiro de 2010.