Por: Fábio Ivo Monteiro

Há quatro temporadas, os torcedores do Anaheim Ducks só tinham motivos para comemorar. Primeiro, começaram a campanha sem a polêmica alcunha de "Patos Poderosos", dada pelos antigos proprietários, a Companhia Wall Disney. Depois, como um novato na TheSl... digo, como um escravo que se solta de uma pesada bola de ferro, os Ducks voaram no gelo e conquistaram a Copa Stanley de 2007.

O elenco vencedor daquele ano já contava com Ryan Getzlaf e Corey Perry, ambos em seu segundo ano de NHL. Além deles, Andy McDonald, Teemu Selanne e Samuel Pahlsson deram conta do recado lá na frente, embora o ponto de referência do time estivesse na defensa e atendesse pelo nome de Scott Niedemayer — não por acaso, vencedor do Troféu Conn Smythe naquela campanha.

Nos dois anos seguintes, o time sofreu com alguma inconstância no gelo. Eliminados pelo Dallas Stars na primeira rodada dos playoffs de 2008, os Ducks haviam feito uma boa campanha na temporada regular, alcançando três dígitos em pontos. Na temporada 2008-09, aconteceu o oposto: campanha não mais que razoável nos primeiros 82 jogos, e se classificaram raspando para os playoffs — e boa parte do crédito por terem conseguido a vaga deve ser depositado na conta de Jonas Hiller, que bancou o até então intocável Jean-Sebastien Giguere. Nos playoffs, passaram sem dificuldades pelo San Jose Sharks, campeão do Troféu dos Presidentes daquele ano, e só caíram diante do Detroit Red Wings em uma série emocionante, com direito a jogo sete e gol da decisão faltando três minutos para o fim do terceiro período.

Se a luz amarela foi acesa após os reveses sofridos nas duas temporadas anteriores, a luz vermelha foi ligada no final da temporada passada, com o time ficando de fora dos playoffs e ocupando a fatídica 11.ª posição da Conferência Oeste, atrás de St. Louis Blues e Calgary Flames, e seis pontos atrás do Colorado Avalanche, o último classificado para a fase seguinte. Um dos principais motivos para a queda de rendimento do time foi a saída de Chris Pronger, uma das referências da defesa californiana. A falta do defensor canadense foi e ainda é sentida pelos Ducks.

Para piorar ainda mais a situação, os defensores Aaron Ward e Scott Niedermayer anunciaram suas respectivas aposentadorias. Tentando recompor o sistema que outrora fora a referência do time, o gerente geral da franquia, Bob Murray, buscou movimentar o time, trazendo nomes como Andy Sutton e Toni Lydman. Mas o azar tem uma verdadeira atração por lugares que passam por dificuldades, e resolveu fazer uma visitinha aos Ducks. Sutton quebrou o polegar direito no primeiro jogo do time, após uma briga com o defensor Ruslan Salei, dos Red Wings. Seis a oito semanas fora para o jogador que era considerado uma das soluções do time. Lydman é outro que sentiu o peso da mão azarenta que caiu sobre os Ducks. O defensor finlandês perdeu toda a pré-temporada por conta de uma diplopia — um desalinhamento dos olhos que faz com que a pessoa veja tudo duplicado, uma espécie de estrabismo temporário. Com isso, Lydman só conseguiu fazer sua estreia na sexta-feira, marcando um gol nos pênaltis que decidiram a partida contra o Atlanta Thrashers.

Com todos os problemas, o que se vê, até o momento, é um time extremamente frágil na defesa. Em apenas cinco partidas disputadas, o time já sofreu 21 gols, com um saldo de -11. Jogadores como Sheldon Brookbank já acumulam um saldo de -5. Não por acaso, a diretoria chamou o renegado Andreas Lilja para tentar melhorar a situação. Mas, como bem sabem aqueles que conhecem o hóquei de Lilja, quando o defensor sueco é a salvação para um time, é porque não há níveis mais baixos para serem descidos.

Com tantos problemas na defesa, a responsabilidade do ataque cresce na mesma proporção da necessidade por bons resultados. É bem verdade que há jogadores excelentes, como Getzlaf e Selanne, dos nem tão novatos Bobby Ryan e Perry, e do sempre eficiente Saku Koivu. Mas o time ofensivo acaba aí. A falta de profundidade do elenco assusta, principalmente com a maldição das contusões batendo à porta de diversos times da liga. Se dois desses se machucarem por mais de um mês, os Ducks podem já se programar para a temporada 2011-12. A luz amarela e a luz vermelha já foram acionadas. Mas isso não importa. A única luz que o time californiano quer ver é aquela que fica no final do túnel da decepção. Mas essa, aparentemente, ainda não quis aparecer.

Fábio Ivo Monteiro tem orgulho de escrever para TheSlot.com.br, principalmente nas edições que contam com a participação do mito Eduardo Costa.

Reprodução do YouTube
"E ai, beleza?" Apesar de parecer, certamente não foi isso que Andy Sutton disse a Ruslan Salei após a briga. Um mês no estaleiro para o defensor do Anaheim Ducks.
(08/10/2010)

Jeff Gross/Getty Images
Ryan Getzlaf e Corey Perry celebram um gol contra o Atlanta Trashers: o menor problema do time é o ataque.
(15/10/2010)

Jeff Gross/Getty Images
Jonas Hiller joga com uma máscara tão discreta quanto suas atuações. A culpa não é (só) dele.
(13/10/2010)

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Página publicada em 17 de outubro de 2010.